A ialorixá era líder do quilombo Pitanga dos Palmares e coordenadora nacional da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos | Foto: Reprodução/Redes Sociais
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PSTU Bahia

O PSTU Bahia se solidariza com a comunidade quilombola Pitanga dos Palmares, familiares e amigos de Mãe Bernadete, que foi covarde e brutalmente assassinada na cidade de Simões Filho, na região metropolitana de Salvador.

A ialorixá era líder do quilombo Pitanga dos Palmares e coordenadora nacional da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq). No momento do crime, Mãe Bernadete estava sentada no sofá quando dois homens armados invadiram o local e deram vários tiros. Em seguida, os assassinos fugiram em uma moto. Três netos dela estavam na casa e foram trancados em dois quartos pelos bandidos. Os criminosos levaram todos os aparelhos celulares.

Em julho, durante encontro com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, na comunidade Quingoma, na cidade de Lauro de Freitas, Bernadete afirmou que era ameaçada por fazendeiros. “É o que nós recebemos, ameaças. Principalmente de fazendeiros, de pessoas da região. Hoje eu vivo assim que não posso sair que eu estou sendo revistada. Minha casa é toda cercada de câmeras, eu me sinto até mal com um negócio desse”, relatou.

Mesmo com todas as ameaças sofridas, Mãe Bernadete não tinha proteção nenhuma por parte do governo estadual, da justiça e da polícia. Em 2017, ela teve o filho Binho do Quilombo, assassinado com tiros, também na cidade de Simões Filho.

Na Bahia, a perseguição e assassinatos de quilombolas, trabalhadores rurais e indígenas tem se tornado uma prática comum, já que a impunidade prevalece. Mãe Bernadete lutava para solucionar o caso da morte de seu filho, ocorrida há 6 anos e que segue sem solução por parte da justiça.

Outras lideranças e comunidades quilombolas sofrem ameaças e ataques, a exemplo de Dona Ana, liderança do Quilombo Quingoma. É preciso dar um basta nessa situação!

Essa prática prevalece durante essas duas décadas de governo do PT. Não é à toa que hoje, em um áudio emocionado e revoltado, frei Davi, ao denunciar a morte de Mãe Bernadete, ressalta que o povo negro na Bahia tem sido brutalmente assassinado, nesses 20 anos de governo do PT. E aflito, ele diz que já não sabe a quem recorrer.

Nós temos a quem recorrer, sim. Temos de recorrer à unidade dos quilombolas, dos trabalhadores do campo e indígenas, que hoje são perseguidos e assassinados na Bahia, com os trabalhadores da cidade, e construir juntos, com independência de classe, uma política de autodefesa.

O que não podemos fazer é o que faz a ampla maioria do movimento negro, que se silencia diante essas brutalidades, porque são parte do governo de Jerônimo Rodrigues (PT), ocupando cargos de alto escalão. Um movimento negro conivente com a política genocida de um governo que tem a polícia mais violenta e a que mata mais negros no Brasil. Um governo que persegue e se enfrente com quilombolas do Rio dos Macacos (Simões Filho), Quilombo Quingoma (Lauro de Freitas) e da comunidade quilombola de Boipeba (Cairu).

As direções dos principais movimentos negros têm que romper com o governo do PT, seja aqui na Bahia, seja nacionalmente. É preciso cobrar, com independência e autonomia, do governador Jerônimo Rodrigues a apuração rigorosa do assassinato de Mãe Bernadete, a prisão aos assassinos e mandantes.

A mesma cobrança deve ser feita ao governo Lula, que também não tem feito nada para enfrentar o latifúndio que persegue e tenta roubar as terras quilombolas na Bahia e outras regiões do Brasil. Da mesma forma que tentam roubar as terras dos pequenos agricultores e indígenas.

Os governos estadual e federal devem tomar medidas imediatas para a proteção de outras lideranças do quilombo de Pitanga dos Palmares e de outras comunidades quilombolas, que hoje estão ameaçadas de morte.

O PSTU reforça sua solidariedade à comunidade quilombola Pitanga dos Palmares, aos familiares e amigos de Mãe Bernadete. A sua luta e dedicação à preservação da cultura, da espiritualidade e da história de seu povo deve ser sempre lembrada por nós.

Temos que seguir a luta pela demarcação e regularização de todas as terras quilombolas. Será na luta e na ação direta que vamos manter viva a lembrança e a história de Mãe Bernadete e de tantos outros quilombolas que tombaram na luta.

Mãe Bernadete, presente!