CSP Conlutas

Central Sindical e Popular

Emmanuel Macron se mostrou desesperado com a mobilização popular contrária à reforma previdenciária e a possível derrota na Câmara de Deputados.

Em meio à intensas manifestações e importantes greves unitárias em toda a França contra o ataque às aposentadorias e pensões, se utilizou da medida constitucional 49-3, uma manobra denunciada como antidemocrática pelos movimentos e centrais sindicais, e aprovou, na quinta-feira (15), a proposta de Reforma da Previdência, intensamente rechaçada pela opinião pública.

Mas, quando Macron atropelou a Assembleia Nacional, instância com votação de deputados incerta para a aprovação da medida, e decidiu forçar o andamento da política de austeridade, acabou por adicionar combustível às manifestações e greves no país.

Um novo grande dia de greve unitária já foi convocado pelas principais centrais sindicais para o dia 23 de março.

Além disso, diversas categorias já têm mais outras datas marcadas para a realização de dias de luta. Dentre elas, garis, ferroviários, estudantes, professores, trabalhadores de refinarias e do transporte aéreo.

Repressão

A polícia tem reprimido duramente os protestos. No dia 15 de Março, dia nacional de lutas contra a reforma, o jovem franco-brasileiro Rodolpho Benjamin Albin Vieira, de 25 anos, foi espancado por policiais ao final da manifestação e mantido em cárcere sem comunicação com os familiares.

Sob pressão popular (a CSP-Conlutas prontamente se manifestou e divulgou o caso) e dos movimentos, que organizaram uma barricada em frente à detenção, ele foi liberado no sábado (18). O jovem ficou preso por mais de 60 horas, em condições inapropriadas, com cortes na cabeça e ferimentos em outras partes do corpo. Á imprensa, a mãe de Rodolpho, Maria D’Áustria Vieira disse que o filho sofreu “uma tentativa de assassinato com tortura”.

Somente na sexta (17), mais de 300 pessoas foram detidas violenta e arbitrariamente nos protestos.

Resposta popular

Os pontos de bloqueios também só aumentaram desde a ofensiva do governo. No mesmo dia da aprovação da reforma no Senado (17), fechamentos foram organizados em importantes pontos viários de Paris, em garagens de ônibus, escolas, rodovias e refinarias.

Nesta segunda e terça-feira (20 e 21), o setor da Educação se mobiliza contra a reforma da previdência.

Em Paris, cerca de 10 mil toneladas de lixo estão acumuladas pelas ruas, porque os trabalhadores que fazem a coleta estão há 12 dias paralisados contra a reforma previdenciária.

O governo tenta forçar na canetada a retomada do trabalho dos coletores e incineradores de lixo. Mas essa categoria se mantém firme contra o governo porque será das mais prejudicadas pela reforma. Os garis e outros setores considerados como “regime especial”, como enfermeiros, policiais, bombeiros, também terão aumento da idade mínima para obter o direito à aposentadoria.

A reforma propõe aumento progressivo de 62 para 64 anos a partir de 2030, e 57 para 59 anos para os de regime especial.

Além disso, o texto também antecipa para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos — e não 42 como é atualmente — para que o trabalhador tenha direito à pensão integral.

Com dois em cada três franceses contrários à reforma, segundo pesquisas, o governo deverá enfrentar resistência popular. Conforme pesquisa realizada sobre a avaliação popular sobre as greves, 72% dos entrevistados acham a reforma “injusta”, e até os eleitores da direita (50%) não apoiam a proposta.

A CSP-Conlutas expressa apoio à luta das trabalhadoras e trabalhadores na França contra a reforma previdenciária. Em solidariedade internacional, realizaremos manifestação em São Paulo, em frente ao consulado geral da França, na próxima quinta-feira (23), dia da greve geral, a partir das 17h. Participe!

Todo apoio à luta do povo francês!

Abaixo à reforma da previdência e à repressão de Macron!