PSTU Argentina

Publicado originalmente no Portal do PSTU-Argentina

A repressão à luta dos trabalhadores e do povo de Jujuy teve uma escalada nesse dia 20, Dia da Bandeira, com dezenas de detidos e feridos, alguns em estado grave. Entre eles, crianças e idosos.

Não podemos permitir essa brutalidade, que é um prenúncio do que estão preparando em todo o país no próximo período, independentemente de quem vencer as eleições, para impor os planos de ajuste do FMI e mudanças favoráveis às grandes multinacionais mineradoras e petrolíferas, bem como aos exportadores de cereais. O que está acontecendo em Jujuy é parte do que ocorre em todo o país, e neste momento também em Salta ou Chaco.

Toda a classe trabalhadora e o povo de nosso país precisam se levantar e se mobilizar para enfrentar a guerra que os políticos criminosos a serviço do grande capital nos declararam.

 

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Jujuy enfrenta a entrega e a repressão

O que começou como uma luta por salários e condições de trabalho, atacada pela polícia de Morales e seu Decreto anti-protesto, foi enfrentado pelos trabalhadores determinados a tudo em defesa de seus direitos. O Decreto foi derrotado.

Mas Morales (com a cumplicidade do peronismo jujeño) não parou e aprovou secretamente uma Reforma Constitucional que limita todas as liberdades democráticas, ao mesmo tempo que aprofunda as condições para que as mineradoras multinacionais, associadas aos capitais da província, se apropriem do lítio e outros minerais que representam a riqueza do futuro.

A reação foi contundente. Os jujeños mobilizados invadiram a Legislatura e foram duramente reprimidos. Diante disso, organizações sociais, juntamente com os povos indígenas que estão sendo desalojados de suas terras para dar lugar às explorações mineradoras, bloquearam 23 estradas em toda a província. O tráfego internacional está interrompido. Contra as balas da polícia, surgiram pedras e todas as formas de defesa que encontraram, fazendo recuar as forças de segurança, que mesmo assim receberam a ordem de atirar nos olhos dos manifestantes.

Os apelos dos professores e das mulheres aos policiais, pedindo-lhes para baixarem suas armas e ficarem ao lado do povo, foram emocionantes. Policiais aposentados marcharam ao lado dos funcionários públicos para defender suas pensões miseráveis. Mas não eram apenas palavras. Enquanto tentavam confraternizar com a base policial, não havia trégua na luta violenta. O povo respondia palmo a palmo à repressão do regime.

A luta se torna nacional

A resistência heroica obrigou todo o país a se posicionar. De um lado, toda a oposição de direita se alinhou para reivindicar Morales, sua Constituição e sua repressão. Por outro lado, os sindicatos nacionais de professores e funcionários públicos tiveram que sair de sua paralisia e convocar greve e mobilização. A CGT de Jujuy, que não havia denunciado o papel cúmplice do peronismo na província, teve que convocar uma greve provincial de 48 horas.

O governo nacional mostrou-se totalmente impotente para encontrar uma solução. Está aprisionado em sua submissão aos mesmos interesses e capitais aos quais Morales serve.

Uma luta que nasceu de baixo

Em Jujuy, tudo começou de baixo. Professores e funcionários públicos se auto organizaram e coordenaram, não esperando pelas lideranças sindicais, e impuseram a luta. Da mesma forma, em todo o país, de baixo, de cada fábrica e local de trabalho, devemos nos posicionar nesse conflito.

Se o povo de Jujuy vencer, estaremos em melhores condições para enfrentar o ajuste em nível nacional, que todos os partidos patronais já estão implementando e que intensificarão após as eleições.

Em Jujuy, é necessário organizar a luta em uma grande coordenação de todos os setores em luta, até derrotar a Reforma constitucional, derrubar Morales e impor uma saída operária e popular para essa crise, nacionalizando todos os minerais e riquezas a serviço de todo o povo. A autodefesa heroica deve ser intensificada e centralizada para enfrentar a violência centralizada do Estado. Cada caminhão e máquina de trabalho devem ser colocados a serviço da defesa da mobilização. Devemos avançar com os bloqueios até impedir o acesso a minas, usinas e outras propriedades dos poderosos.

Em nível nacional, devemos nos preparar de baixo para impor à CGT e outras centrais sindicais uma greve geral até que Morales renuncie, sua Reforma Constitucional seja revogada, todos os presos sejam libertados e todos os responsáveis pela repressão criminosa sejam responsabilizados. Uma greve geral que una a luta de Jujuy com a de todo o país para enfrentar o ajuste, o saque e a repressão a serviço do pagamento da dívida e dos interesses multinacionais. Os interesses da classe trabalhadora estão unidos aos de todo o povo e às comunidades indígenas na defesa dos recursos naturais de nosso território.

Os sindicatos (como a UOM) que expressaram sua solidariedade devem convocar assembleias nas fábricas e aderir às medidas de ação.

Os sindicatos que estão tomando medidas (CTERA, ATE e outros) têm a responsabilidade de convocar um Comitê Nacional de Solidariedade ao povo de Jujuy. A esquerda, o sindicalismo independente, as organizações sociais, estudantis, de Direitos Humanos, podem e devem pressionar nessa direção, autoconvocando-se para agir de forma unificada, e colocar em pé um plano de luta nacional até os jujuenos triunfem.