Redação
O maior sindicato da América Latina, a Apeoesp (sindicato dos professores de São Paulo), está com eleição marcada para 26 de maio. O Opinião entrevistou a professora Flavia Bischain , candidata a presidente pela chapa 2, da oposição.
A eleição acontece em um período com muitos ataques contra os professores e a educação pública.
A chapa 2, da Oposição Unificada Combativa, se formou com 120 membros e centenas de apoiadores e está passando nas escolas, defendendo um sindicato independente dos governos e com um perfil democrático e de luta.
Flávia, que encabeça a chapa, é professora de sociologia no bairro da Brasilândia, na periferia da capital, onde cresceu e mora até hoje. É militante do PSTU e foi candidata a vice-governadora na eleição de 2022. Também constrói o coletivo Reviravolta na Educação.
A chapa da oposição se formou com 120 membros e contando com vários grupos. Mas parte da antiga oposição resolveu compor com a direção majoritária do PT/CUT. Qual a importância de manter a oposição viva?
A categoria não pode aceitar um sindicato atrelado ao governo do estado, nem federal. É preciso recuperar o sindicato para ser um instrumento a serviço das lutas da educação, independente de qualquer governo.
Sob a direção do PT e CUT, a categoria tem acumulado inúmeras derrotas. Como a falsa nova carreira que aumentou a jornada e os ataques aos professores “categoria O”.
A direção majoritária ficou omissa diante desses e vários outros ataques. Ao invés de organizar assembleias e mobilizar pela base, tem feito o contrário.
É por isso que a gente precisa mudar a Apeoesp. É lamentável que parte da antiga oposição tenha se juntado com o PT. Eles falam que é preciso unidade para derrotar o Tarcísio. Mas como essa unidade pode servir para derrotar o governo se a presidente do sindicato, que também é deputada, vota a favor do Tarcísio em várias situações na Alesp?
O atrelamento da direção majoritária com o Tarcísio compromete a sua independência pra lutar, e a antiga oposição que está junto com a Bebel hoje é fiadora desse atrelamento.
O governador bolsonarista de São Paulo, Tarcísio, já acumula vários ataques à educação pública. Como você vê o governo de Tarcísio e qual tem sido o papel da direção majoritária da Apeoesp em relação a ele?
O governador anunciou que vai fechar mais de 300 salas de aula e reduzir de 30% para 25% o valor mínimo que o governo precisa destinar à educação no orçamento. Isso no momento em que a gente vê o aumento da insegurança nas escolas e que o investimento seria fundamental.
Em relação ao piso, ao invés de cumprir a lei, ele paga um abono pra maquiar quem recebe menos. Também pretende rever o Estatuto do Magistério.
É preciso derrotar o Tarcísio porque ele governa para os empresários. É para eles que ele quer privatizar as empresas públicas e os serviços. Mas não dá pra fazer isso com um sindicato que não tem como estratégia a independência política dos trabalhadores.
Lula suspendeu a aplicação do Novo Ensino Médio (NEM), mas já disse que não vai revogá-lo. Que mudanças o NEM tem provocado nas escolas e como você vê essa decisão do governo de não revogar o projeto?
Pois é, ele já disse que não vai revogar. Só suspendeu o calendário, o que não muda nada. Lula quer fazer uma maquiagem em um projeto que não pode ser maquiado. O NEM avança na privatização e destruição da escola pública.
O MEC continua, sob o governo Lula, sendo um balcão de negócios dos grandes empresários. E quem paga por isso são os estudantes e professores. Muitos estudantes já estão sem disciplinas básicas como história e geografia, além de receberem um ensino que tem como lógica o atendimento das necessidades do mercado.
Os estudantes e professores precisam seguir na luta para obrigar o governo Lula a revogar o NEM integralmente.
Diante desses desafios, qual o chamado que você faz à categoria e por que é importante votar na Oposição Unificada Combativa?
A nossa chapa é para reconstruir pela base a Apeoesp. Para formar um sindicato independente de todos os governos, combativo e que defenda a educação pública e os direitos dos professores.
Não vemos como fazer isso com uma direção que perdeu completamente o reflexo da base e é um entrave para as lutas. Por isso achamos que os setores da antiga oposição que se juntaram com a Bebel cometeram um erro grave. Eles são hoje fiadores de uma direção burocratizada.
A nossa chapa é composta por mais de 120 lutadores, é encabeçada por duas mulheres e vai colocar a Apeoesp de volta na mão dos professores.
Por isso que nós pedimos aos professores para votarem na nossa chapa, mas não só, que também se organizem com a gente. O Coletivo Reviravolta na Educação, que eu e vários outros professores fazemos parte, vai seguir na luta, dirigindo o sindicato ou sendo oposição. Nós vamos manter essa bandeira de pé e chamamos os professores a fazerem isso com a gente dentro das suas escolas.