Soraya Misleh, de São Paulo

Mais uma vez Israel está bombardeando a faixa de Gaza, submetendo seus 2,4 milhões de habitantes palestinos novamente ao terror – além do cerco criminoso a que estão sujeitos há 16 anos, impondo uma crise humanitária dramática. A nova ofensiva sionista começou na noite de segunda-feira, dia 8 de maio, e já havia matado 13 pessoas, entre as quais mulheres e quatro crianças até o fechamento desta edição. Vinte palestinos ficaram feridos.

Planejados no dia 2 de maio, os bombardeios da vez tiveram início uma semana antes dos 75 anos da Nakba, a catástrofe palestina com a formação do Estado racista de Israel em 15 de maio de 1948 mediante limpeza étnica planejada. A alegação é a de sempre: Israel estaria se defendendo. Uma mentira repetida à exaustão na contínua Nakba.

Os palestinos e palestinas resistem sob ocupação, apartheid e colonização; Israel é o agressor, o opressor, o colonizador. Gaza já havia sido bombardeada também na semana anterior, logo após a morte do sheikh Khader Adnan, do partido Jihad Islâmica, no cárcere israelense.

Muito popular entre seu povo, ele pereceu após 87 dias de greve de fome como protesto pela prisão política sionista sem nenhuma acusação formal ou julgamento. Khader Adnan era padeiro; distribuía pão para as crianças de sua aldeia, Arraba, e morreu de fome, resistindo à injustiça. Era a 12ª. vez que enfrentava o abjeto cárcere da ocupação e sua sexta greve de fome.

Israel justifica os bombardeios a Gaza pela resposta da resistência a esse verdadeiro assassinato de Khader Adnan, mas na verdade é mais um capítulo da limpeza étnica, que segue a todo vapor. Na Cisjordânia, somente em 2023, Israel já matou mais de 100 palestinos, entre os quais crianças. No último dia 9, feriu 145 na cidade de Nablus.

No próximo 15 de maio, pelos 75 anos da Nakba, haverá ações em solidariedade ao povo palestino em todo o mundo. Em São Paulo o ato unificado ocorrerá na Praça Oswaldo Cruz, às 17h30. É urgente fortalecer a mobilização e expressar apoio incondicional à sua resistência heroica, até a Palestina livre do rio ao mar.

França

A classe operária francesa mostra o caminho da luta

No último 1º de maio, muitos atos e manifestações operárias foram realizados em todo o mundo. A França certamente ocupou o lugar de maior destaque

Da Redação

Um grande dia de luta que deu continuidade à duríssima resistência dos trabalhadores e jovens franceses contra a reforma da idade mínima de aposentadoria (aumento de 62 para 64 anos) que o governo de Emmanuel Macron e a burguesia francesa querem impor a todo custo.

Este projeto do governo Macron iniciado há vários meses, foi firmemente rejeitado pelos trabalhadores franceses e gerou uma longa série de greves gerais e manifestações que incendiaram o país e colocaram o governo na corda bamba [1]. Esta situação fez com que Macron não pudesse aprovar o projeto de lei no Parlamento e implementá-lo por meio de um “decreto presidencial” (um mecanismo antidemocrático presente na constituição francesa).

Este “decreto” foi endossado pela Suprema Corte da França. Uma amostra de que, quando se trata de defender os interesses da burguesia, todas as instituições do estado burguês se apoiam (se o Tribunal não endossasse o decreto, Macron teria que renunciar ao projeto).

Neste quadro, os trabalhadores franceses ainda não desistiram porque não aceitaram a “ditame institucional” e voltaram à luta neste 1º de maio: o próprio Ministério do Interior informou que em todo o país “realizaram-se 300 manifestações convocadas por sindicatos, nas quais 782 mil pessoas participaram”. Os organizadores estimam que o número total de manifestantes ultrapassou dois milhões. Mais uma vez, neste 1º de maio, a repressão caiu violentamente sobre o movimento social, determinado a lutar apesar de tudo. Muitas pessoas ficaram feridas e foram detidas mais uma vez.

Desta forma, a classe trabalhadora francesa continua sendo uma das referências centrais das lutas dos trabalhadores do mundo contra os ataques dos governos e da burguesia. É um exemplo a seguir.