Foto: Reprodução/ TV A Crítica
PSTU-AM

PSTU Amazonas

Ontem (12/03), pela manhã, a Defesa Civil do Amazonas emitiu um alerta com a previsão de chover mais de 100 milímetros na cidade de Manaus. A área mais afetada seria onde ocorreu o deslizamento à noite. Mesmo diante da previsão, nada foi feito para impedir a tragédia que ocorreu no bairro Jorge Teixeira, na Zona Leste de capital do Estado. Oito pessoas morreram e 20 famílias ficaram desabrigadas. Tragédia que vem se repetindo ao longo do tempo.

Ano após ano as chuvas causam desastres, alagamentos e mortes no Amazonas. Obviamente, quem sofre com as consequências desses fenômenos é a população pobre que vive nas ocupações e nos municípios, completamente, abandonados.

Um tragédia anunciada

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apontou que Manaus é a capital que mais recebeu avisos de risco de deslizamentos de terra, desde o ano de 2016, quando começou a fazer esse registro. O Cemaden trabalha com as Defesas Civis de 1.038 municípios brasileiros, a maioria com riscos de deslizamentos de terra, inundações, enxurradas e enchentes. O alerta do Cemaden é pertinente, porque o que não falta em Manaus são áreas de barrancos muito altos, fundos de vale totalmente ocupados por habitações e submoradias em pés de barreiras.

Diferente do que disse o senador Plínio Valério (PSDB/AM), no Senado semana passada, “que as mudanças climáticas são uma grande mentira”, as chuvas, tornados e outros fenômenos que acontecem no mundo inteiro são sim reflexos das mudanças climáticas causados pela irracionalidade do sistema capitalista. Mas esse tema vamos aprofundar em outro texto.

A tragédia é reflexo da falta de políticas públicas que garantam melhores condições de moradia à população | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um Estado lucrativo para os ricos e marginalizado para os pobres

O comitê de gestão de crise, ativado pelo prefeito David Almeida (Avante), pouco fará. Assim como o governador Wilson Lima (União Brasil), nada além de pequenas medidas assistencialistas que não serão capazes de solucionar, e sequer amenizar os problemas estruturais de nossa cidade e as mazelas da falta de infraestrutura, aprofundadas com o aumento da desigualdade e da segregação espacial em nosso Estado. Manaus tem índices terríveis:

  • Mais de 40% da população metropolitana de Manaus é pobre, a maior do país, segundo o 9º Boletim Desigualdade nas Metrópoles;
  • A Região Metropolitana de Manaus ainda é a segunda do país com maior índice de vulnerabilidade social, segundo o livro “Riqueza, Desigualdade e Pobreza no Brasil;
  • Manaus tem o 12º pior indicador de saneamento básico entre as 100 maiores cidades do Brasil. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS);
  • Levantamento feito pela Ong mexicana “Seguridad, Justicia y Paz”, apontou que Manaus é a 21ª cidade mais violenta do mundo. O estudo listou as 50 cidades com as maiores taxas de homicídios do planeta;
  • Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMMAS, mais de 235 focos de ocupações foram registradas entre 2015 e 2019.

Mas há uma outra face: o Amazonas é o estado com o 5° maior PIB do país (a participação no PIB nacional é de 1,2%, o que corresponde a R$ 91,8 bilhões), o Polo Industrial faturou R$ 83,32 bilhões só no primeiro semestre de 2022.

Para onde vai tamanha riqueza? Quem usufrui? Como pode em um Estado rico como o nosso haver tanta miséria e desgraças?

Isso se explica porque vivemos numa sociedade gerida a partir da lógica da acumulação capitalista, onde um punhado de empresários/banqueiros explora, oprimi e se apropria da riqueza produzida pela imensa maioria (nossa classe). A riqueza produzida na Região, ao invés de melhorar as condições de vida do conjunto da população, provoca o distanciamento das classes sociais, miséria, violência, desemprego, …

Para que possamos superar esse abismo social que vivemos, precisamos enfrentar a ganancia dos bilionários e seus agentes que nos empurram para barbárie. Cenas como a de ontem vão se repetir pois não interessa para essa corja atender as nossas necessidades, não é lucrativo. Vimos como foi a gestão do negacionista Wilson Lima, durante a pandemia: um completo caos. David Almeida não é diferente, atua também para manter tudo como estar.

É preciso criar um plano de obras públicas que garanta emprego e moradia para aqueles que precisam. É necessário fortalecer a independência de classe, para lutar e exigir dos governos medidas concretas para dar um basta a essas intermináveis sucessões de tragédias. Enfrentar a especulação imobiliária, desapropriar residências em áreas seguras que hoje serve à especulação para garantir moradias dignas à população pobre, além de reparar os prejuízos dos atingidos. É necessário exigir ainda a suspensão do pagamento da dívida aos banqueiros, redirecionando todos os recursos necessários para socorrer às famílias.