Samanta Wenckstern

O dia 5 de setembro é o dia Internacional da Mulher Indígena. Essa data foi instituída em 1983 em homenagem à Bartolina Sisa, mulher aymara que foi esquartejada e morta no dia 05 de setembro de 1782, durante a rebelião anticolonial de Túpaj Katari, no Alto Peru.

Portanto, o dia 5 de setembro é um dia para relembrar a luta histórica das mulheres indígenas do Brasil e do continente e continuar lutando, pois não faltam motivos. As mulheres indígenas são importantes lideranças de movimentos sociais por todo o continente, com diversas pautas, na defesa de seus próprios povos, na defesa do meio ambiente e por melhores condições de vida.

Os povos indígenas têm lutado e resistido fortemente há mais de 500 anos, lutando contra a colonização, o capitalismo, a expropriação de seus territórios, contra o genocídio e etnocídio.

Estátua em homenagem à Bartonlina Sisa e Tupaca Katari, em El Alto, Bolívia. FOTO: Hugo Quispe

Bolsonaro, inimigo dos povos tradicionais

Desde a campanha do atual presidente Bolsonaro foi declarada uma verdadeira guerra contra os povos indígenas. Bolsonaro, que já se mostrou totalmente contrário a demarcação de terras indígenas, tem incentivado o desmatamento, a grilagem, o garimpo ilegal e a expropriação dos territórios indígenas. Por isso as queimadas têm aumentado assustadoramente desde o começo do governo, e os ataques aos povos indígenas tem aumentado dia após dia. O número de assassinatos de lideranças indígenas em 2019 foi o maior em 11 anos.

Não bastando tudo isso, a atual pandemia de COVID-19 tem mostrado abertamente o projeto genocida do governo Bolsonaro. A completa falta de políticas públicas e o incentivo a abertura da economia já provocou mais de 120 mil mortos no momento que escrevemos este texto. Os indígenas são bastante afetados pela pandemia, seja por questões sociais, como falta de boas condições para enfrentar a doença, como também fatores biológicos nos casos de etnias que ainda vivem parcialmente isoladas. Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), já morreram 779 indígenas pela pandemia, e muitos destes idosos que, junto com eles, levam seus conhecimentos, suas línguas, histórias e saberes. Como muitos indígenas dizem, quando um idoso indígena morre, morre com ele uma verdadeira biblioteca.

Um dos casos mais indignantes de violência aos povos indígenas foi o desaparecimento de corpos de bebês do povo yanomami que morreram devido à COVID-19. Os corpos não foram entregues às mães, para o devido luto, de acordo com os rituais de seu povo, causando uma dor imensa e um grande desespero.

Diante dessa situação as mulheres indígenas têm tido protagonismo cada vez maior em suas lutas, e tem se organizado cada vez mais. Em agosto de 2019 ocorreu em Brasília a I Marcha de Mulheres Indígenas, que reuniu mais de 2 mil mulheres, de mais de 130 povos, que marcharam contra Bolsonaro e pela demarcação de terras, fortalecendo suas lutas e seu protagonismo enquanto mulheres.

No Brasil e na América Latina as mulheres indígenas têm cada vez mais se levantado e têm sido vanguarda na defesa de seus direitos e do meio ambiente.

  • Pelo fim do genocídio e etnocídio dos povos originários!
  • Pelo fim da violência, prostituição e estupro de mulheres indígenas!
  • Pelo direito à diferença: respeito à cultura, tradições e modos de vida indígenas!
  • Por políticas públicas específicas de saúde e educação para a população indígena!
  • Que os trabalhadores assumam a luta dos povos indígenas para garantir a unidade da classe contra o Bolsonaro e todos que nos oprimem e exploram!
  • Contra o Marco Temporal!
  • Todo apoio à luta das mulheres indígenas!
  • Demarcação já!