Redação

Preso político, ativista está preso preventivamente há mais de um ano

O Tribunal Oral Número 3 acaba de determinar, na tarde desta terça-feira, 8, a soltura do preso político Daniel Ruiz. O petroleiro da região de Chubut está em prisão preventiva desde setembro de 2018 por ter participado das manifestações contra a reforma previdenciária de Macri em 2017, fortemente reprimida pela polícia. Mantido preso de forma ilegal, Daniel Ruiz havia tido todos os recursos negados pela Justiça, e sem sequer uma data para ser julgado.

No dia 12 de setembro, data que marcou um ano de sua prisão, a Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas convocou uma série de mobilizações pela libertação imediata de Daniel Ruiz. Vários protestos ocorreram nas embaixadas da Argentina ao redor do mundo, enquanto Ruiz fazia uma greve de fome exigindo ao menos uma data para o julgamento. Uma primeira vitória foi a Justiça ter finalmente marcada a data do julgamento, previsto para ocorrer no próximo dia 18.

A liberação de Daniel Ruiz é mais um fruto da mobilização, mas precisamos continuar lutando por sua completa absolvição, assim como a de todos os lutadores, inclusive Sebastián Romero que continua sendo perseguido pela Justiça do país.

Quem é Daniel Ruiz?
Daniel Ruiz é filho de uma família operária, seu pai era petroleiro. Órfão de pai desde os 8 anos, foi criado em um bairro muito pobre e em condições muito difíceis.

Desde muito jovem ele foi um ativista social em sua cidade natal, Comodoro Rivadavia, centro petroleiro da Patagônia argentina. No final dos anos 90 e início dos anos 2000, foi ativista e depois dirigente do movimento piqueteiro (trabalhadores desempregados organizados, que eram identificados por esse nome porque utilizavam o método dos piquetes para bloquear as rodovias e os acessos às fábricas).

Daniel encabeçou o setor de piqueteiros que não lutava por um subsídio social para desempregados, mas por um emprego digno. A partir desse momento ele se tornou um militante revolucionário, entrando na seção argentina do LIT-QI.

Parte da luta por trabalho foi a autogestão de fábricas e a ocupação da planta petroleira Termap em Caleta Olivia (também na Patagônia), que durou vários dias e levou à prisão, por quase um ano, de 8 ativistas, incluindo 3 companheiros de nossa corrente.

Quando começa a ter mais empregos, ele vai trabalhar em um frigorífico e na construção civil, até que consegue entrar em petroleiros. Entra no setor de perfurações, trabalhando na boca de poço, no meio do deserto da Patagônia, com temperaturas abaixo de zero e no meio dos fortes ventos característicos da região.

Após um período é eleito delegado sindical de seu setor e logo depois se torna um dirigente reconhecido da oposição, não só em sua categoria, ou em sua cidade, mas em diferentes conflitos e lutas onde chegava levando a solidariedade e impulsionando a organização e a construção de uma nova direção sindical antipatronal e antiburocrática.

Neste processo, Daniel tornou-se um importante dirigente nacional do PSTU (Argentina) e da Liga internacional dos trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI).

Uma das últimas lutas que encabeçou na Patagônia foi a que realizou com seus companheiros para enfrentar as demissões, tomando os poços de petróleo por cinco heroicos dias, em pleno inverno. Ele está preso, mas a maioria de seus companheiros está trabalhando graças a essa luta, e os patrões e a burocracia não o perdoam.

Em 18 de dezembro de 2017, ele participou em Buenos Aires, juntamente com seu partido, na grande mobilização que enfrentou a política de reformas que atacavam o direito dos aposentados. Essa grande mobilização de massas foi brutalmente reprimida pelas forças de segurança, 5 manifestantes perderam um olho e houve um número significativo de presos e processados. Até mesmo o juiz que julga o caso fala de repressão exagerada.

Todos os processados, assim como Sebastián Romero, que continua perseguido e Daniel Ruiz, preso em 12 de setembro, são acusados ​​do “terrível crime” de ter participado nessa mobilização e defendê-la, respondendo à brutal repressão policial com os recursos que dispunham como é o caso dos fogos de artifício, que tradicionalmente são levados às mobilizações na Argentina.

Com informações da LIT-QI