Marcel Wando, de São Paulo
Candidatos prometem intensificar o roubo de terras e limpeza étnica contra Palestinos.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou em discurso na TV nesta terça-feira (10) que, caso ganhe as eleições para o Knesset (parlamento), irá anexar a região do vale do rio Jordão e a região ao norte do mar Morto. A região representa 30% da Cisjordânia, dentro da chamada Area C, controlada civil e militarmente por Israel. As eleições foram adiantadas devido às denúncias de corrupção contra Netanyahu. Entre as acusações, está o favorecimento da empresa de telecomunicações Bazeq que, segundo a polícia israelense, teria recebido milhões em troca de uma cobertura favorável ao grupo de Netanyahu.

Em abril desse ano eleições gerais foram realizadas em Israel. A convocação do pleito foi visto por muitos como uma manobra de Netanyahu facilitar sua reeleição e garantir a imunidade parlamentar, fugindo assim das acusações de corrupção. Dois meses depois, no entanto, Netanyahu não conseguiu formar uma maioria parlamentar. A disputa entre militaristas e e judeus ortodoxos sobre a obrigatoriedade do serviço militar esteve no centro de um debate que o primeiro-ministro israelense não conseguiu contornar e o fez perder a maioria necessária para formar o governo. As novas eleições foram convocadas para 17 de setembro.

Benjamin Netanyahu pertence ao partido Likud, no poder desde 2009 e está disputando seu 5º mandato. Pela primeira vez a reeleição está ameaçada e, em resposta, aumentam as ameaças aos palestinos. Em março desse ano uma onda de bombardeios deu início ao calendário eleitoral ao parlamento sionista. Além dos ataques e das ameaças, Netanyahu ainda vê o Acordo do Século de Trump como uma “oportunidade histórica” para a anexação da Cisjordânia e outras áreas.

A principal força de oposição encabeçada pelo partido de centro Branco e Azul, apresenta novamente Benny Gantz como. Gantz é militar e foi chefe do Estado-Maior Geral das Forças de “Defesa” (Ocupação) de Israel de fevereiro de 2011 a fevereiro de 2015, sob o comando de Netanyahu. O opositor, contudo, chama Netanyahu de fraco no enfrentamento com a resistência palestina. Ele promete um “governo de segurança mais forte”, portanto com maior repressão a manifestações de palestinos em Gaza, como a Grande Marcha do Retorno, ou na Cisjordânia, como as manifestações pela reabertura da mesquita de Al-aqsa. Ele também faz críticas ao BDS, campanha internacional de Boicote, Desinvestimento e Sanções à Israel.

Beny Gantz e Benjamin Netanyahu: juntos em um passado não muito distante

Não há saída com o imperialismo
O Acordo do Século é uma tentativa de Trump, presidente dos Estados Unidos, de garantir a paz dos cemitérios na palestina. Trump apoia os Sionistas, demonstrando isso na transferência da embaixada americana para Jerusalém, no apoio à anexação das colinas de Golã (território sírio ocupado militarmente em 1967 por Israel) e nos cortes de verba da UNRWA (agência da ONU de ajuda humanitária para palestinos). O acordo do século pretende oficializar as ilegalidades de Israel. Ele contempla o roubo de território, o fim da autonomia militar palestina e confere a Israel o controle das fronteiras e do espaço aéreo palestino. Tudo o que na prática já é feito com o conhecimento e apoio do imperialismo.

A “solução” de dois estados, iniciada com os acordos de Oslo e defendida por uma parcela significativa da esquerda, está morta. Israel é um estado racista e de apartheid contra os palestinos que, em aliança com o imperialismo, continua o projeto Sionista de ocupação da Palestina. Há 71 anos palestinas e palestinos são vítimas de limpeza étnica e genocídio planejados e expulsão de suas terras, com posterior anexação de seu território por Israel e seus colonos. Essas eleições mostram que não há solução por dentro do projeto Sionista ou em aliança com o imperialismo.

É preciso acabar com o estado racista de Israel e construir uma Palestina única, livre, laica, democrática e não racista. Que tenha direitos iguais para todos que queiram viver em paz com os palestinos e o retorno dos milhões de refugiados às suas terras. Isso só poderá ser conquistado através da heroica resistência palestina em aliança com os oprimidos e explorados de todo o mundo. É preciso fortalecer a solidariedade internacional à luta palestina, defendendo uma Palestina livre, do Rio ao Mar.