A burguesia e a mídia começaram uma campanha histérica por repressão aos movimentos sociais. O dono da Folha de São Paulo, porta-voz do PSDB, é claro ao dizer que espera que o governo ou coopte as lideranças e acabe com as ocupações cedendo migalhas ou, então, reprima.

O governo, por sua vez, responde que é defensor incondicional do “Estado Democrático de Direito”, que a reforma agrária será feita de acordo com a lei, de forma pacífica e no ritmo possível permitido pelas finanças do Estado, conforme entrevista de José Dirceu na Globo News. O deputado Greenhalgh disse na imprensa que “toda essa situação pode levar ao endurecimento na relação com os movimentos sociais, pode criar o germe de uma instabilidade e vai obrigar o governo e o Judiciário a terem posição menos flexível. Nessas épocas de crise, a solução mais fácil é endurecer com os movimentos sociais, usar a força”, num recado para o movimento “não radicalizar”.

A burguesia taxa de “baderna” as ocupações no campo e na cidade, buscando deslocar a classe média para uma posição anti-movimentos e também – parte dela – para fortalecer-se como oposição ao governo, como é o caso do PSDB. Outros, da base governista, como Delfim Neto e Sarney –tradicionais defensores do latifúndio – querem impedir na conversa ou no porrete a reforma agrária. Uns e outros têm profundo instinto de classe.

O governo, ao colocar um latifundiário no Ministério da Agricultura, manter o modelo agro-exportador e os contratos com o FMI e não defender explícita e publicamente as ocupações, não disputa a classe média contra o latifúndio e a burguesia e faz o jogo deles contra os sem-terra. Alguns argumentam que não há correlação de forças para enfrentá-los, pois a mídia burguesa fará terrorismo e jogará a maioria contra o governo. A mídia já faz terrorismo, mas Lula e o PT teriam tudo para ganhar o debate, bastava usar os números da CPT. Sem dizer que essa mídia terrorista está sendo subvencionada pelo governo, que via BNDES “emprestou” 1 bilhão de reais só à Rede Globo.

O movimento deve intensificar as ocupações – como já vem fazendo – e unificar as lutas com os demais setores, como o funcionalismo. Também se posicionar claramente e não se calar contra essa reforma da Previdência do FMI.

Os sem-terra e todos os trabalhadores devem exigir que o governo rompa com o FMI, com o latifúndio, seu modelo agro-exportador e demais burgueses do governo, a começar por expulsar o ministro Roberto Rodrigues, que defendeu a ação armada contra o MST.

Na nossa opinião, a direção do MST erra quando diz que o governo é aliado e fará a reforma agrária. Pois, só haverá reforma agrária se houver ruptura do governo com o FMI, com o latifúndio e demais burgueses e se ele se apoiar nas lutas. E isso precisa ser dito ao povo e exigido do governo. Do contrário, a classe média compra o terrorismo contra o movimento, os mais pobres compram a campanha de que os trabalhadores do serviço público são privilegiados e os banqueiros, toda a burguesia e a mídia mantêm a “ordem” do latifúndio.

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