A direção sindical burocrata e antidemocrática ajudou o governo Tarcísio a continuar massacrando os professores | Foto: Sinteps/Divulgação
PSTU-SP

Maria Guilherme, professora da ETEC de Sorocaba

Após 13 dias de uma greve que enfrentou o governo do bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), o movimento dos trabalhadores, apoiado pelos estudantes, das Escolas Técnicas Estaduais (ETECs) e Faculdades de Tecnologia do Estado de São Paulo (FATECs) foi encerrado no último dia 21 de agosto. Uma direção sindical burocrata e antidemocrática ajudou o governo Tarcísio a continuar massacrando os professores e trabalhadores do Centro Paula Souza (CPS).

O governo do ultradireitista Tarcísio, inimigo declarado da educação pública, como era esperado, não cedeu 1 milímetro às justas reivindicações da categoria, e nem sequer abriu negociação. Pelo contrário, ameaçou o tempo todo com cortes nos salários e até mesmo demissões, enquanto a Superintendência do CPS (representante interno do governador) acenou com um projeto de plano de carreira, que apresenta muito mais “buracos” do que reais soluções.

O projeto de Tarcísio é sucatear e privatizar a educação pública. E a educação profissional está na mira do governador pró-burguês e privatista. Além do ataque ao livro didático e dos escândalos de corrupção com as empresas do secretário de educação, Renato Feder, o governador lançou um projeto de educação profissional nas escolas públicas que sucateia o ensino e entrega para empresas privadas o papel de fornecer educação profissionalizante. O papel das ETECs e FATECs é esvaziado e isso vem casado com cortes de verbas e precarização das condições de trabalho nos centros de educação técnica.

O papel da direção burocrática e antidemocrática

A organização do movimento, a cargo de uma direção sindical, a mesma a mais de 20 anos à frente do SINTEPS, filiado à CUT, teve uma parcela importante de responsabilidade no desfecho do movimento.

A greve foi apresentada como proposta da diretoria do sindicato ainda no mês de junho. Durante esse período não houve preparação: nada de calendário de lutas, assembleias nas unidades, panfletos impressos e distribuídos, discussões com a categoria e comunidade nas escolas. Na maioria das unidades, houve apenas passagem de uma lista onde o trabalhador assinava e assinalava “sim ou não” à proposta de greve.

Durante o movimento em si, foi um show de autoritarismo e burocracia imobilista. Reuniões do comando de greve dirigidas a mão de ferro, sem informes de dados da mobilização (até hoje não sabemos quantas pessoas estiveram realmente na greve), sem análises do andamento da mobilização, microfones fechados ao menor sinal de cobrança ou proposta não coincidente com as da direção.

Além disso, continua a atitude de ausência de divulgação e discussão com a base. Evidentemente os ativistas perderam a confiança no movimento e sentiram a necessidade de recuar. No momento enfrentam, praticamente sem apoio, as gestões locais nas escolas, tentando realizar reposições para reaver os valores já descontados dos salários no início de setembro.

São professores e trabalhadores da educação pública de qualidade e estão sofrendo o maior ataque de sua história, que pode levar ao fim de sua própria existência.

Construir uma nova direção para a categoria para enfrentar Tarcísio e seus ataques

Fica claro que é tarefa dos trabalhadores tomar em suas mãos o sindicato da categoria. Trazê-lo para às bases, torna-lo democrático, independente dos governos e empresários da educação.

Tarcísio não vai parar com seus ataques. Teremos que estar preparados para enfrenta-lo. Uma direção democrática, independente e atuante é fundamental para esse objetivo.

Assim como uma direção para a categoria precisa ter como princípio a independência de classe dos trabalhadores frente a qualquer governo da burguesia. Isso vale para enfrentar os ataques de Tarcísio e também os de Lula, que recentemente cortou R$ 332 milhões da educação para atender aos interesses dos banqueiros.

Chega de ficar reféns de direções que não tem compromisso com os interesses dos trabalhadores. É hora de assumir em nossas mãos a direção de nossas lutas em defesa da educação e das condições de vida e de trabalho da nossa classe.