O chamado ‘esforço concentrado´ do Congresso Nacional nos dias 1, 2 e 3 de agosto não teve muitos resultados. O nome pomposo foi escolhido para os únicos três dias em que os parlamentares trabalham em agosto, devido às eleições. O Senado aprovou poucas coisas de sua pauta e, na Câmara dos Deputados, nada foi votado.

A matéria que está trancando a pauta da Câmara é a Medida Provisória 291, sobre o reajuste aos aposentados do INSS que recebem mais de um salário mínimo. A medida é polêmica, pois o governo propôs um reajuste de 5% e as bancadas do PSDB e do PFL fizeram uma emenda propondo que seja um reajuste de 16,67%. Com isso, esta MP vem trancando a pauta há mais de um mês. Isso até que a MP caduque e não valha mais nada, o que acontecerá nesta quinta-feira, dia 10 de agosto.

O governo continuou obstruindo a pauta, pois, se a medida fosse aprovada, Lula teria que arcar com o ônus de vetá-la. Logo no dia 1º, os líderes governistas declararam obstrução, o que significa que tais bancadas, mesmo estando presentes, deixam de contar para o quórum. A medida não foi votada e deve mesmo cair no dia 10. Com isso, o governo poderá emitir um decreto com o reajuste de 5%, ou com o reajuste de 3% da inflação.

Na verdade, a polêmica entre PSDB/PFL e PT não se dá porque os tucanos querem que os aposentados recebam mais. Há uma disputa, na qual ambos os lados querem atribuir ao outro o desgaste pelo não reajuste. A prova disso é que o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, declarou neste dia 4 que se fosse presidente não poderia também conceder tal reajuste. Ou seja, o mesmo discurso de Lula.

Quem ouve as reclamações dos dois presidenciáveis sobre um orçamento insuficiente para garantir um reajuste digno aos aposentados pode até achar que o impacto nos cofres deste reajuste seria um verdadeiro rombo. A realidade é oposta a isso: os R$ 7 bilhões necessários para o reajuste de 16,67% equivalem a apenas 20 dias daquilo que o governo gasta com pagamento de juros da dívida pública, segundo dados do Orçamento da União.

Nesta disputa pré-eleitoral, ficam nítidas as prioridades tanto deste governo petista quanto do PSDB/PFL. Ambos governam para os banqueiros, os latifundiários e a burguesia do país. Para que a maior parte dos recursos do país não continuem indo parar nas mãos dos banqueiros, é preciso apostar em uma alternativa. Essa alternativa é concretizada eleitoralmente pela Frente de Esquerda, que tem como candidata à presidência a senadora Heloísa Helena. Uma alternativa dos trabalhadores, contra a direita tradicional e o governo corrupto do PT/PCdoB.