Foto Romerito Pontes
Redação

Leia o editorial do Opinião Socialista nº 551

Há um enorme descontentamento e indignação da classe operária, dos trabalhadores, do povo pobre e dos milhões de desempregados do nosso país, especialmente entre os setores mais explorados e oprimidos da classe trabalhadora – negros, mulheres e LGBTs –, submetidos, junto com a exploração, à opressão e a uma enorme violência.

A guerra social levada adiante pelos patrões, por seus governos e pelo Estado burguês podre, falido e em crise penaliza ainda mais os de baixo para garantir os lucros dos de cima. O menos de 1% da população – que os são donos de bancos, grandes empresas, redes de supermercados, agronegócio, multinacionais – e seus políticos corruptos, com sua Justiça de classe, jogam a crise capitalista nas nossas costas, retiram direitos, ceifam empregos, desmantelam os serviços públicos e produzem um ambiente de enorme violência, barbárie e insegurança. Para manter sua dominação, eles aumentam a repressão contra pobres, negros e aqueles que lutam.

Os de baixo estão lutando. Lutas que, muitas vezes, não se unificam por conta da ação de contenção ou de divisão, promovida por burocracias e direções políticas que privilegiam as eleições, a democracia dos ricos e a defesa desse sistema. Existe, porém, uma panela de pressão no fogo, porque a vida embaixo está cada vez pior, e a classe trabalhadora e o povo pobre têm disposição de luta. O país pode ter uma explosão social.

A intervenção militar de Temer no Rio de Janeiro, além de objetivos eleitoreiros, visa o controle social e a repressão interna, como foi em todas as participações de militares na repressão ao longo dos anos. Mas ela está sobre um barril de pólvora.

Os assassinatos de Marielle e Anderson provocaram uma comoção nacional e acenderam a chama da revolta que pode incendiar o Rio e todo o país. Em São Paulo, no mesmo dia da execução, antes das mortes de Marielle e Anderson, as cenas de professoras ensanguentadas pela repressão da polícia de João Doria e Geraldo Alckmin (PSDB) também geravam revolta. Levaram, no dia 15, mais de 50 mil às ruas.

Na noite do dia 15, mais de 60 mil pessoas tomaram as ruas do Rio, e os protestos contra as execuções se espalharam pelo país e viraram destaque na imprensa de todo o mundo. Em São Paulo, um novo ato no final da tarde levou outros milhares às ruas. O título do artigo de Wagner Damasceno, da Secretaria de Negros e Negras do PSTU, “Acender uma vela que incendeie a casa grande”, indica o caminho.

Parte da extrema direita calunia Marielle na internet. A maior parte da burguesia, do governo e da mídia, porém, com a Rede Globo à frente, atua como se fosse parte da indignação para sequestrar os caminhos da revolta e preservar a casa grande. Todos que defenderam a intervenção militar e construíram esse caos de violência e crise social se comportam como se também fossem vítimas. Manipulam a indignação para contê-la dentro dos limites da democracia dos ricos e tentam usar o assassinato da Marielle para preservar e defender a intervenção que ela combatia e denunciava.

O jornal O Globo publicou um editorial contra “politizar e sectarizar” o assassinato. O objetivo é criar um clima de unidade nacional. Como se a Globo, Temer, o Congresso Nacional e a Justiça tivessem os mesmos interesses que os trabalhadores. Esses senhores são responsáveis pelo desemprego, pela insegurança e pela violência. O assassinato de Marielle e de milhares de lutadores, o genocídio da juventude pobre e negra da periferia, o racismo, o machismo, a LGBTfobia são produto dessa democracia dos ricos e do capitalismo.

A burguesia sabe que Temer, Pezão e a intervenção estão em xeque com a comoção e a revolta que essa execução causou. Sabem que sopram ventos das jornadas de junho. Por isso, a Globo e Temer, que patrocinam a intervenção para reprimir o povo pobre, solidarizam-se com a onda de indignação para fazê-la morrer na praia. O objetivo deles é evitar a explosão social, conter os de baixo para manter os lucros dos de cima.

Para acabar com a violência, o desemprego e a insegurança, é preciso acender a chama da Rebelião. É preciso emprego, salário, moradia, saneamento básico, educação e saúde. É preciso acabar com o tráfico, legalizando as drogas e colocando-as sob controle do Estado. Para acabar com as milícias, é preciso desmilitarizar a PM e garantir a autodefesa dos trabalhadores nos bairros.

Para viver com dignidade e em paz, o mínimo a que temos direito, é preciso organizar os de baixo para derrubar os de cima. Apenas com os operários e o povo pobre no poder, governando em Conselhos Populares, será possível garantir essas medidas. Para isso, precisamos de uma revolução socialista.

Precisamos discutir um projeto socialista e organizar o povo nas fábricas, nas favelas, nas ocupações, nas escolas, nos hospitais e os desempregados, porque é hora de acender a chama da Rebelião.