Lançamento de livro mostra que com luta é possível reestatizar a Embraer. Trabalhadores e entidades defendem a retomada da indústria pelo Estado e pela classe operáriaO lançamento do livro “A Embraer é Nossa”, ocorrido na última quarta-feira, dia 20, transformou-se em um ato pró-reestatização. O auditório da Câmara Municipal de São José dos Campos foi tomado por trabalhadores e representantes de entidades sociais e sindicais a favor da retomada da Embraer pelo Estado brasileiro. No mesmo dia, os trabalhadores da empresa receberam exemplares do livro, ao chegar ao trabalho. Ao todo, quatro mil livros serão distribuídos.

O livro traz dados que sustentam o argumento de defesa da reestatização da indústria aeronáutica e mostra que esta luta deve ser de todos os brasileiros. O economista Cristiano Silva, um dos autores, mostrou que a privatização da Embraer foi, na verdade, uma expropriação e que inverteu os objetivos iniciais da empresa estatal.

“O presidente Collor atacou dois pilares fundamentais para o crescimento da Embraer: acabou com o financiamento pelo Estado e com a força produtiva da empresa. O lucro pós-privatização foi apropriado pelo capital estrangeiro e enviado para o exterior. A lógica é que o capital não está a serviço do desenvolvimento tecnológico de novos projetos”, afirmou Cristiano.

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Nazareno Godeiro (organizador), Cristiano Silva, Edmir Marcolino
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Prefácio de Plínio de Arruda Sampaio

O economista se referiu ao desmonte da Embraer realizado por Collor para que a empresa fosse entregue a grupos estrangeiros a preço de banana. A empresa foi vendida por apenas R$ 158 milhões e, após a privatização, 65% dos lucros passaram a ser enviados para o exterior, deixando de ser reinvestido em projetos para o desenvolvimento de novas tecnologias.

Para Cristiano, a única saída para a Embraer é a sua reestatização, mas esta não deve ser uma luta isolada. Ao contrário, tem que ser uma bandeira defendida por todos os trabalhadores. “Esta é uma campanha que deve ser formada por três pontos: a reintegração de todos os demitidos, a reestatização com controle operário e a formação de uma rede internacional de solidariedade”, defendeu.

O diretor do sindicato Edmir Marcolino da Silva, coautor do “A Embraer é Nossa”, reforçou o papel do livro. “O objetivo é que o leitor tenha a compreensão da exploração e que a história seja recontada por nós, trabalhadores. Temos que transformar o passado em uma ação que leve ao futuro. Cada um que ler este livro vai compreender que a empresa tem que ser reestatizada com a participação operária”, disse.

Edmir afirmou que, hoje, o único pilar da Embraer são os lucros, em substituição a seus pilares originais: soberania nacional e desenvolvimento tecnológico. “Quando a Embraer foi fundada, o Brasil tinha necessidade de desenvolver tecnologia aeronáutica e provou que era capaz. Temos agora de lutar em defesa dessa soberania”, disse.

O livro foi coeditado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e pelo Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos, com o objetivo de conscientizar a classe operária de que é possível, sim, a reestatização da Embraer e fortalecer a campanha. “É possível fazer desta uma luta vitoriosa, mas se deixarmos para o presidente Lula decidir, a reestatização não vai acontecer. Só a luta pode alcançar a vitória.

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