Governo Lula: 100 milhões para o Haiti, 1 bilhão para o FMIA tragédia no Haiti atraiu a atenção de todo o mundo para o drama vivido pela população do país, que já conta mais de 150 mil mortos pelo terremoto do último dia 12. O desastre se tornou ainda o palco perfeito para as ações ditas solidárias das principais potências, cujos governos se esforçam em reverter parte do desgaste causado pelas ajudas trilionárias dadas ao sistema financeiro para evitar um crash como o de 1929.

A ajuda financeira até agora disponibilizada pelos governos, porém, mostra a real prioridade dos governos. Os EUA, por exemplo, que poucas horas após o terremoto mobilizou suas tropas para ocupar o país, anunciou uma doação de 100 milhões de dólares ao país atingido. O que pode à primeira vista parecer muito, é 500 vezes menos o que o governo deu à GM para salvar a empresa da falência.

Ao todo, a ajuda de Obama à gigante automobilística consumiu 500 bilhões de dólares do tesouro norte-americano. Mesmo considerando o total da ajuda financeiro dos governos ao Haiti, dá apenas um e meio bilhão de dólares. O governo haitiano estima que a reconstrução do país custe algo em torno de 3 bilhões.

Contas realizadas pelo Jornal do Brasil atestam que, junto, o socorro dado pelos EUA e União Européia aos bancos durante a crise seja 4 mil vezes maior que as doações realizadas por esses países ao Haiti, que ficou em 700 milhões. Enquanto que na Europa o repasse aos bancos foi de 2,2 trilhões, nos EUA teria chegado a 700 bilhões de dólares.

E o Brasil?
Nos últimos dias o governo brasileiro tenta promover ações declaradamente “midiáticas” no Haiti, tentando cavar um espaço ao sol diante da esmagadora ocupação militar norte-americana. Uma dessas ações foi a distribuição de alguns kits com alimentos e água em frente ao Palácio presidencial, destruído pelo terremoto. A idéia do governo é mostrar que, enquanto os EUA enfocam a ação militar, o Brasil seria responsável pela ajuda humanitária.

Mas, estaria o governo Lula realmente preocupado com o bem-estar da população haitiana? Além de anunciar o aumento do efetivo militar no país, o governo declarou que ajudaria o país com 10 ou 15 milhões de dólares. Alguns dias depois, mais precisamente no último dia 22 de janeiro, o Brasil assinou o acordo com o FMI que significará uma ajuda de 10 bilhões de dólares ao organismo apontado como o responsável pela imposição do neoliberalismo no mundo.

Esses dois fatos mostram as verdadeiras prioridades do governo Lula. As mãos estendidas dos banqueiros amolecem mais o coração do governo que as incontáveis vítimas do terremoto, fazendo com que a ajuda ao Fundo Monetário Internacional seja mil vezes maior que a ajuda ao Haiti.

Verdadeira solidariedade de classe
A ajuda financeira despendida pelas maiores potências ao Haiti tem sido, até agora, irrelevante. No entanto, até mesmo esses recursos escassos não serão utilizados para beneficiar a grande maioria da população. Estarão à disposição do corrupto governo haitiano e da ONU, num território controlado na prática pelos EUA, a fim de reconstruir minimamente a infra-estrutura do país, mantendo sua miséria e a gritante desigualdade social. Isso porque é a pobreza que garante mão-de-obra barata às multinacionais, o real interesse do imperialismo no Haiti.

Por isso é necessária uma verdadeira solidariedade de classe aos trabalhadores haitianos. A Conlutas e demais setores como o Jubileu Sul estão arrecadando recursos para serem remetidos ao país devastado. No entanto, esse dinheiro irá diretamente aos trabalhadores haitianos, através da organização sindical e operária Batay Ouvryie (Batalha Operária).