PSTU-SP
PSTU-Rio Claro (SP)
Diante da pandemia do novo coronavírus, estamos vendo quão expressiva é a crueldade do capitalismo e dos seus governos nos âmbitos federal, estadual e municipal frente à crise. Em Rio Claro (SP), a situação também é preocupante, não só pela doença que se espalha rapidamente, a escassez ou ausência de testes da doença e a consequente subnotificação, mas também pelas medidas tomadas pelo governo municipal que estão longe de serem suficientes.
É bom lembrar que a grande mentira do momento reside em nos fazer crer que o capitalismo, através de seus distintos governos, estaria realmente preocupado em “salvar vidas” da classe trabalhadora. A verdade é que a preocupação do capitalismo é uma só: que o peso econômico – e dos cadáveres – recaia sobre a classe trabalhadora, principalmente sobre os mais pobres, e que o lucro dos empresários e banqueiros seja o menos afetado possível.
Temos bons exemplos disso, como é o caso do governador João Doria (PSDB), que diz defender a “vida” e propõe “ficar em casa”, mas não o faz por nenhum tipo de motivação humanitária, mas porque considera um mal menor neste momento. Uma solução cara para eles, mas que pode amenizar uma situação que tende a sair do controle. E por isso, enfrenta a pandemia de forma limitada: diz defender o confinamento social, no entanto não oferece condições reais para que setores mais empobrecidos da classe trabalhadora possam se proteger do vírus e da fome.
Tanto é assim, que tão logo decretou a suspensão das aulas nas escolas estaduais e a primeira coisa que fez foi permitir a demissão em massa das trabalhadoras terceirizadas da rede pública. Qualquer semelhança com o prefeito de Rio Calro, Juninho da Padaria (DEM), não é mera coincidência.
A situação em Rio Claro
Já no começo dos dias de isolamento social, a prefeitura de Rio Claro decidiu mandar para casa quase 1.000 trabalhadores eventuais, sem proporcionar quaisquer condições financeiras para estas pessoas se manterem durante a quarentena. Estes trabalhadores, em sua maioria mulheres, somam-se agora aos mais de 11 milhões de desempregados no país (segundo dados de janeiro do IBGE). E quais as medidas efetivas tomadas para proteger a vida e a saúde desta população?
A indignação não para por aí. A situação de Rio Claro para tratar os infectados por coronavírus é crítica. Segundo o DataSUS, a cidade conta atualmente com 34 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), dentre os quais 24 deles (70% do total) pertencentes a planos privados de saúde – UNIMED, Santa Filomena e Santa Casa. Ou seja, somente 10 leitos (30% do total), localizados na Santa Casa são para o atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).
Quanto aos equipamentos essenciais no tratamento de casos mais graves da Covid-19, como os respiradores artificiais, dados oficiais apontam que Rio Claro conta com cerca de 48 respiradores, desse total, apenas 22 deles encontram-se na Santa Casa para o atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS). No último dia 5, de acordo com secretário municipal de saúde, já haviam 7 leitos de UTI ocupados por pacientes com casos graves de Covid-19. No boletim divulgado ontem, 06/05, Rio Claro soma 37 casos positivos de coronavírus. São sete mortes confirmadas e dois óbitos em investigação.
Em uma cidade com cerca de 200.000 habitantes, é uma grande ilusão achar que podemos ter o mínimo de tranquilidade neste momento. Segundo cientistas vêm divulgando no mundo todo, cerca de 10% dos casos confirmados da doença podem evoluir para casos graves e precisar de respirador e UTI. O que faremos se mais de 10 pessoas sem condições de pagar por um plano de saúde apresentarem os sintomas graves da doença ao mesmo tempo? Os médicos terão de escolher quem vai ter chances de sobreviver?
Isolamento social não é garantido
Diversas atividades estão paralisadas em Rio Claro e no Brasil todo, mas sem que as medidas de isolamento social sejam garantidas efetivamente para toda a população (o indicado pela Organização Mundial da Sáude para o momento é de 70% da população em isolamento), qual será a porcentagem de pessoas infectadas e quantas precisarão de tratamento intensivo na cidade? Este estudo não foi realizado, assim como não sabemos qual o impacto da covid-19 nas grandes periferias e nas favelas, por exemplo. Mas já deu para perceber que com certeza 20 respiradores (possivelmente já ocupados) em uma população com 200.000 habitantes está longe de ser suficiente.
É preciso garantir urgentemente que as pessoas permaneçam em suas casas e que tenham condições dignas para fazê-lo sem morrer de fome ou perder seus empregos. O isolamento social é a única medida cientificamente efetiva de proteger a saúde das pessoas e diminuir o colapso e sobrecarga do sistema de saúde, e qualquer medida que contrarie esta orientação colaborará para a morte de milhares de pessoas.
Os governantes não estão tomando todas as medidas necessárias e possíveis para salvar a vida dos mais pobres, principalmente os mais vulneráveis neste momento, como os trabalhadores eventuais e os informais, bem como os pequenos comerciantes, que também não têm condições de manterem seu sustento e o de suas famílias neste momento.
Medidas urgentes
– É necessário exigir a paralisação total das indústrias dos setores não essenciais sem demissão dos trabalhadores: somente a produção dos setores realmente essenciais (como de alimentos e da área da saúde) devem ser mantidos, com proteção máxima contra a propagação do vírus nos locais de trabalho e equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados. Quarentena geral já, para salvar vidas!
– Ampliação imediata de leitos de UTI: construção de novos leitos públicos e a expropriação dos leitos privados para o SUS, todos têm direito à vida!
– Garantia de EPIs de adequados para todos profissionais da saúde! Distribuição gratuita de máscaras e álcool em gel para a população!
– Suspensão das contas de água, de luz e aluguéis no município!
– Testes gratuitos em massa para a população, só assim poderemos medir a velocidade exata de contaminação e tomar as medidas necessárias!
– Não podemos aceitar que em meio à essa crise os governos tenham como prioridade salvar o lucro dos grandes empresários e banqueiros, precisamos de uma saída que favoreça a classe trabalhadora e o povo pobre. É preciso dizer Fora Bolsonaro e Mourão, e todos aqueles governos que atacam os trabalhadores!