A quebra da controladora da Embratel revelou uma das grandes picaretagens contra o povo e o patrimônio público. O sistema Telebrás foi privatizado por 22 bilhões de dólares (um preço subvalorizado para facilitar a entrega); empresas como Embratel, Telesp entre outras passaram para o controle de grandes grupos capitalistas internacionais, entre eles a WorldCom.
A Embratel foi vendida por 2,2 bilhões de reais. Uma bagatela então para uma empresa que controlava 40% da telefonia de longa distância, 75% das ligações internacionais, além da transmissão de dados e imagens via satélite.
Engana-se (ou quer enganar) quem diz que a Embratel nem foi e nem será afetada pela quebra da WorldCom. O preço de mercado da Embratel virou pó nas últimas duas semanas (de 2,2 bilhões de reais em 1998 para menos de 300 milhões de reais atuais). Tão grave quanto isso é a dívida da empresa que está na casa de 1,4 bilhão de dólares.
Mas, embora seja o lado mais evidente do fiasco da privatização das teles, a crise não se resume à Embratel.
A privatização e o controle de quatro empresas sobre o conjunto das telecomunicações, com a lógica do lucro acima de tudo, trazem grandes prejuízos à população. O monopólio estatal era atacado pelo alto custo dos telefones, pela baixa oferta de linhas e defasagem tecnológica da telefonia celular. Problemas que eram, na verdade, de responsabilidade dos governos neoliberais. Esses, abandonaram qualquer perspectiva de um projeto autônomo de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, preferindo a venda do setor ao capital internacional, em troca de um dinheiro que desapareceu no pagamento dos juros da dívida pública.

Pois bem, cresceram o número de linhas telefônicas e o custo da instalação de um telefone caiu. Mas qual foi o preço dessa “mordernidade“? O preço médio das ligações subiu 445% entre 1994 e junho de 2002 (a inflação do período medida pelo Fipe foi de 106%). Mais: o valor da assinatura residencial aumentou mais de 3.700%! entre 1995-2001.
Algo parecido sofremos com as tarifas de energia elétrica. Até hoje somos obrigados a “recuperar“ os lucros que as distribuidoras privatizadas perderam com a crise do “apagão“ – através da manutenção do seguro “antiapagão“ – e a assumir os aumentos de tarifas.
Acontece que na lógica neoliberal só cabem o lucro e a dilapidação. FHC e os novos donos das teles “esqueceram-se“ que a queda contínua da renda e o enorme desemprego somados aos aumentos dos preços dos serviços telefônicos distanciam cada vez mais a população das “maravilhas“ da privatização. Por isso, estima-se que 10 milhões de telefones estejam encalhados no país e o número de contas inadimplentes não pára de crescer.
Um dos negócios mais podres da era FHC, a privatização do sistema Telebrás, só poderia terminar dessa forma, com empresas de ponta de um setor estratégico do país na mão de tubarões multinacionais e às portas da quebradeira.
Para consertar tal desastre deve-se recuperar o controle estatal sobre o setor, começando com uma imediata reestatização da Embratel, ameaçadíssima de quebrar após a bancarrota da sua controladora, a WorldCom.

Um buraco sem fundo

A quebra da WordCom foi a maior da história dos Estados Unidos e dá uma dimensão da grave crise da economia norte-americana: fraudes contábeis, queda dos lucros, pulverização do valor da empresa no mercado de ações, contaminação no sistema financeiro. Veja aqui alguns números desta crise.

Valor da empresa em 1999* – 120 bilhões dólares
Valor da empresa em 07/02 – 240 milhões dólares
Dívida da empresa – 41 bilhões dólares
Principais credores – 41 bancos (dos EUA, Europa e Japão)
Principal credor – JP Morgan (US$ 17,2 bilhões )
Nº Trabalhadores – 85 mil (60 mil nos Estados Unidos)

*valor cotado de mercado de ações
Post author Fernando Silva,
da redação
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