Rebeldia - Juventude da Revolução Socialista

Nas eleições, todos os setores da burguesia mentem um monte, fazem promessas falsas só pra conseguir mais votos, e na verdade, governam sempre pra atender seus próprios interesses. Estamos falando do Bolsonaro e de partidos como PSDB, MDB, Novo, e muitos outros.  Utilizam a política para enriquecer seus bolsos com a corrupção e também para garantir o luxo da burguesia que é quem manda nesses políticos todos.

Como quem sempre ganha as eleições não enfrenta o capitalismo, nada muda nunca, independentemente de quem se eleja. Antes da eleição parecia honesto, depois virou o mesmo de sempre. Sabe por que? Porque o Estado e todas suas instituições existem para garantir a dominação da burguesia e para defender o capitalismo. Mas então não adianta votar? Depende. Qualquer um que se sujeite a governar o Estado burguês aceitando as regras do jogo, estará concordando e se submetendo a isso e nada vai mudar. O único voto que não se submete ao sistema é o voto nos socialistas e revolucionários. Ganhar voto para essas candidaturas é enfrentar o sistema. O que está provado pela história, portanto, é que isto é necessário para defendermos os direitos dos trabalhadores e jovens.

Nesse Manifesto, apresentamos um programa para o Brasil e as cidades, contra o capitalismo, de ruptura, ou seja, revolucionário e socialista. Capaz de resolver as necessidades dos trabalhadores e jovens. Um programa capaz de derrotar Bolsonaro e todos os representantes dos ricos e poderosos.

Nas eleições, também se apresentam setores que se dizem aliados dos trabalhadores, as vezes até falam de socialismo, mas na prática se limitam a ter um programa para governar junto com a burguesia e que mantém o capitalismo funcionando. É o que fazem o PT, PSOL e PCdoB por exemplo. Respeitam as regras do sistema e não tem nenhuma proposta que ataque as bases da desigualdade social, o poder dos banqueiros e dos ricos do país. E mais recentemente, na esteira de uma reabilitação do Stalin, há aqueles como a UP e PCB que querem reeditar as experiências stalinistas, que dentre muitos erros e atrocidades, tem uma longa história de colaboração com a burguesia e restauração do capitalismo.

De fundo a lógica que querem passar para as pessoas é a de que é necessário eleger cada vez mais gente desses partidos, porque quanto mais eleitos, mais chances tem de mudar o jogo “por dentro”. Porém, dizer que vão mudar as regras do jogo por dentro da ordem vigente não passa de um discurso de aparência radical, mas que na prática é conservador no sentido em que conserva intactas todas as bases para a dominação dos ricos e poderosos. E que no fim só perpetua e legitima as regras desse jogo podre.

Diferente de todos que querem governar o capitalismo, não estamos aqui fazendo um discurso dissimulado para no final dizer “vote em nós que temos a solução mágica para mudar tudo por dentro do capitalismo”. Nós queremos sim seu voto, porque se eleitos, faríamos um governo em favor das propostas socialistas e dessa ruptura com o capitalismo. Portanto cada voto num programa revolucionário é um golpe na burguesia e uma demonstração de insubordinação às regras desse jogo podre.

Mas além do seu voto, queremos te apresentar algo muito maior: um projeto de revolução para os jovens e trabalhadores. Não queremos apenas te convencer do voto, mas de nos ajudar a fazer campanha, a se engajar e em ser parte ativa da construção desse projeto. Por isso fazemos o chamado a que organizem sua rebeldia e insatisfação com a gente. Para juntos destruirmos o poder que só serve aos ricos, burgueses e ao capitalismo.

Sem educação, nem emprego, somos a geração condenada pelo capitalismo a não ter presente e nem futuro!

No capitalismo, a necessidade de lutar contra um vírus que ataca todos os seres humanos se transformou em uma crise social profunda. A pandemia aprofundou a desigualdade social brutal do Brasil. Falam de crise econômica, mas o que vemos é aumento da pobreza e miséria de um lado, e o crescimento da riqueza de um punhado de ricos do outro.

Durante a pandemia, 42 bilionários do país aumentaram suas fortunas em 34 bilhões de dólares. Com esse lucro, dava para pagar mais de 4 meses de auxílio emergencial para 65 milhões de brasileiros. A existência do auxílio é crucial para o povo sobreviver, mas é pouco. Bolsonaro queria ainda menos e já cortou para 300. Enquanto isso, o preço de tudo sobe. E a verdade é que o presidente, os governadores e prefeitos, fizeram muito pouco contra a pandemia, tudo para garantir o interesse dos bilionários do país.

Temos duas juventudes no Brasil, os filhos dos que lucram e os filhos dos que morrem. Se os ricos podem ficar em casa, para os trabalhadores é necessário garantir o emprego e o salário. Sem isso, a escolha é morrer de fome ou morrer de Covid. Os trabalhadores morrem nas filas das UPAs. Os leitos de UTI do SUS foram rapidamente saturados, enquanto isso os leitos no setor privado de elite sobram. Quem é pobre sequer tem direito ao atendimento médico, mas quem tem dinheiro acessa os melhores hospitais com tecnologia de ponta.

Agora os governos flexibilizam ainda mais o isolamento, tentam retornar a “normalidade”, a volta das atividades e até mesmo as aulas. Todos eles dizem que é impossível parar as cidades e a economia. Na verdade, parar a economia para eles significa parar de lucrar, por isso em maior ou menor grau todos atentaram contra o isolamento, são cúmplices do vírus.

Enquanto isso, nunca o desemprego entre os jovens foi tão grande, estimativa que chegue a quase 40%, enquanto 60% dos que trabalham não tem carteira assinada. Trabalhar não garante o prato de comida em casa. O desemprego não é consequência inevitável da luta contra o vírus, na verdade é um aspecto crucial da economia capitalista, que beneficia o lucro dos ricos rebaixando os salários ao criar um imenso exército de reserva.

Se não tem emprego digno hoje, o futuro não é mais animador, pois está se destruindo o direito a educação. O que era ruim antes, com a pandemia piorou ainda mais. Sob esse discurso hipócrita de se reinventar  os governos impuseram o Ensino a Distância (EaD). Longe de resolver o problema da educação na pandemia, o agravou, pois foi implementado a serviço da precarização do ensino. A tecnologia não é usada para melhorar o ensino, não há garantia de qualidade para os alunos e nem há formação para os professores que terão duplicada a sua jornada de trabalho. Ele só serve para garantir o interesse dos grandes empresários da educação que, com esse modelo, diminuem seus gastos e, portanto, aumentam seus lucros.

Pior é que a alternativa ao EaD defendida agora pelos governos é reabrir as escolas. Uma alternativa macabra, pois vai aumentar o risco de contágio. Dizem que estão preocupados com a educação dos jovens. Mas governo após governo, se impõe uma precarização brutal do ensino público através dos cortes de verba e da privatização.

Enquanto isso, a desigualdade social se expressa também na educação com as escolas privadas que reservam para a elite jovem do país um ensino de altíssima qualidade à altíssimos preços. Essa desigualdade se evidencia quando vemos que ingressar na universidade significa passar pelo filtro social e racial que é o ENEM. Para os jovens trabalhadores está reservado, quando muito, o ensino superior privado caríssimo. Essa exclusão social das universidades públicas se acentua ainda mais com a pandemia. Mesmo com a maioria dos jovens se posicionando por adiar o ENEM até metade de 2021, o governo impôs que a prova será no início do próximo ano. Enquanto a elite se prepara desde casa, com aulas online de alta qualidade, tutores pessoais e cursinhos, os jovens das periferias com as escolas fechadas e falta de estrutura veem suas chances ainda mais diminuídas.

A realização do ENEM e a continuação do curso letivo no ensino superior não pode ser um argumento para a volta às aulas, plano que já está em andamento na maioria de municípios e que coloca em risco milhares de vidas. Por outro lado, também não podemos relegar aos jovens das periferias a perda total do contato com a escola, enquanto os jovens da elite continuam seus estudos. As escolas e universidades devem ficar fechadas até que haja segurança sanitária e controle da pandemia.

Os jovens brasileiros ainda são as principais vítimas da violência. Nas periferias há um verdadeiro genocídio da juventude negra, que sofre na pele e paga com a vida o preço de uma política de segurança pública racista e elitista. Não importa se estão voltando da padaria, chegando do trabalho ou se divertindo no baile funk. Os assassinatos por parte da polícia não pararam sequer durante o isolamento social.

A mulheres e LGBTs jovens também sofrem o aumento da violência machista e LGBTfóbica. De maneira cruel, vimos os casos de violência doméstica crescerem de forma assustadora em todo o mundo no período do isolamento social. Não só houve aumento da violência doméstica, como também da violência sexual que vitima principalmente meninas e mulheres jovens e negras. A pandemia também coloca mais uma vez as LGBTs em maior invisibilidade e vulnerabilidade. As mulheres trans encontram-se em maioria na prostituição, sendo vítimas constantes da violência da polícia e suscetíveis a se contaminarem com o Covid.

Rio de Janeiro – Em ato Contra o Genocídio da Juventude Negra, manifestantes protestam contra a morte de cinco jovens negros por PMs no último sábado (28), em Costa Barros, na zona norte (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Para não morrer diante da pandemia, da violência ou da fome…

Você agora deve estar se perguntando, tudo bem, o capitalismo não presta, esses políticos estão todos a serviço dos ricos, mas tem alternativa? Não basta ignorar isso tudo e tocar a vida ou eleger o menos pior?

É impossível ignorar. Afinal, estamos falando da nossa vida e não temos outra alternativa a não ser lutar para mudar essa situação. Fechar os olhos para a realidade ou buscar alternativas individuais não vai impedir que continuem nos matando.

Votar em qualquer um que promete qualquer coisa também não ajuda. Inclusive, muita gente fala que se a situação está ruim é porque o povo não sabe votar. Isso não é verdade. O cara promete e depois não cumpre. Portanto não bastam promessas. A eleição nessa democracia dos ricos é um jogo de cartas marcadas. E por dentro do sistema nada muda mesmo.

Então como é possível garantir o atendimento das necessidades do povo pobre e trabalhador?  Sabemos que os jovens, filhas e filhos dos trabalhadores, no capitalismo tem seu direito a juventude negado. Ser jovem trabalhador no Brasil é um risco de vida, ainda mais se você for negro, mulher ou LGBT. Em todas as cidades se refletem estes problemas. Estão nos matando de Covid, de fome sem perspectiva de emprego nem educação, e também de violência seja policial, racista, machista ou lgbtfóbica. Mas que medidas podem ser tomadas para reverter isso?

O primeiro passo para isso seria termos um efetivo combate ao vírus. Hoje por conta da pandemia passamos de 140 mil mortes no Brasil, e no mundo já são mais de 1 milhão. O genocídio que vivemos no país poderia ter sido evitado, mas para isso era preciso garantir o acesso a saúde pública de qualidade para todos. E como garantir isso se os grandes complexos hospitalares são privados e, portanto, inacessíveis para os trabalhadores? É onde tem os melhores aparelhos, exames modernos, técnicas avançadas. Não é à toa que a pandemia matou muito mais os trabalhadores do que os ricos.  Como vamos garantir a saúde para o nosso povo sem resolver essa questão? Impossível. E como resolver? Apenas com a estatização dos hospitais privados, fim dos planos de saúde e investimentos maciços em saúde pública.

A disputa da vacina mais recentemente mostra como a ciência e tecnologia até na área da saúde é limitada pela busca por lucros. E como essa corrida por lucros e essa irracionalidade do sistema gerou absurdos como a disparada do preço do álcool em gel, a falta de máscaras, respiradores a preço de ouro etc. Para garantir saúde para nosso povo temos que enfrentar esses interesses dos ricos. Por que a vacina tem que ser monopolizada pelas grandes indústrias que estão ganhando bilhões? Por que os preços tem que obedecer a suposta lei do mercado e não a necessidade das pessoas?  Ou seja, sem atacar esses grandes monopólios privados da indústria farmacêutica e de bens hospitalares tampouco se consegue garantir saúde.

Para resolver outro problema que é a falta de perspectiva da juventude sem direito a educação nem emprego, partimos do questionamento de por que que diante da necessidade de isolamento no país para evitar contágios, isso significou jogar a conta da crise econômica nas costas dos trabalhadores com demissão e desemprego e piora no nível de vida? Pior ainda, quando os ricos ainda responsabilizam os indivíduos e não a forma como a sociedade está organizada pelas péssimas condições de vida.

Para conseguirmos um bom emprego nos cobram ter formação e qualificação. Mas para ter boa formação e qualificação é preciso ter renda para acessar as melhores escolas, materiais de estudo, enfim, ter condições dignas de estudar. Para termos o primeiro emprego, cobram experiência. E como vamos ter experiência sem o primeiro emprego? Enfim, uma espiral descarrilhada que mostra que não basta apenas o esforço individual, o sistema é feito para uns se darem bem, enquanto outros se dão mal.  Vamos supor que todos nós tenhamos boa formação e qualificação, isso garantirá bons empregos e salários para todos? Nunca se tratou de mérito ou de capacidade. Mas de como funciona o capitalismo. Por que isto tem que ser assim?

A educação é coisa mais absurda do mundo. Por exemplo, por que não temos uma escola só para todo mundo? Ao invés de ter a escola do rico e a do pobre? O único jeito de diminuir a desigualdade social que existe na educação seria esse. Além disso, deveríamos acabar com as provas como ENEM e vestibulares, que são um filtro social, e garantir direito à educação para todos na sociedade.

Mas a educação pública está cada vez mais precarizada, e isso faz parte do projeto de privatização. Vão desinvestindo cada vez mais na educação, a ponto de ela ficar em frangalhos, para então aparecerem com uma solução mágica que é a privatização. O argumento é que as empresas teriam mais competência administrativa para gerir a educação, além de que teriam mais recursos para investir. E as grandes empresas da educação tem sim muitos recursos, fruto da cobrança de valores absurdos de mensalidades e do salário rebaixado que pagam para seus funcionários.

A separação entre educação pública e privada deveria acabar. As instituições privadas deveriam ser estatizadas, e toda a população deveria ter acesso à mesma escola e mesma universidade. No entanto, a burguesia não pode cumprir esse papel porque, por um lado, acabar com as instituições privadas seria um golpe nas empresas do setor da educação, e eles não tem como ser agentes de uma mudança que ataca seus próprios interesses enquanto classe. E por outro lado, essa divisão é parte importante para garantir sua dominação ideológica.

Dia 15 de maio em Salvador: Mais de 70 mil contra os cortes na educação

Temos que nos matar de estudar em escolas que não garantem uma boa formação. Conseguir empregos que não garantem uma vida digna. E tudo isso competindo um com o outro para tentar arrumar um emprego melhor, porque estes empregos são limitados. A quantidade de trabalho necessário na sociedade para produzir as coisas poderia ser repartida igualmente entre todos, por exemplo. Assim garantindo emprego e salário dignos para todos e atenuando a desigualdade.

Mas isso é possível de ocorrer? Sem enfrentar os interesses dos ricos, claro que não. Mas por que? Porque os donos dos bancos, empresas etc, precisam contratar o mínimo possível para ter mais lucro. Inclusive o desemprego sempre é usado como um mecanismo de rebaixamento de salário, se tem mais gente procurando emprego menos eles pagam. Por isso que é impossível acabar com o desemprego no capitalismo como um todo. Então para garantir empregos para todos, salários dignos e trabalhos decentes pra juventude é preciso enfrentar os lucros dos bancos e das grandes empresas. É preciso que os ricos percam para que os trabalhadores ganhem.

Muitos podem pensar que a aprovação do auxilio emergencial seria um desses casos onde os trabalhadores ganharam e os ricos perderam. Pior ainda seria achar que a intenção do Bolsonaro e dos deputados é ajudar o povo. Até parece né? Primeiro, que Bolsonaro propôs 200 reais. O congresso subiu pra 500 e no final saiu 600. Segundo, que este auxílio é muito importante para atenuar a crise social e econômica que se abateu no país por responsabilidade dos ricos e dos governos. Mas essa medida, embora importante, é insuficiente para atender a necessidade e para garantir o mínimo de sobrevivência do povo na quarentena, em especial nos grandes centros urbanos.

O objetivo do auxílio, e outros programas do tipo, como o Bolsa Família ou o Renda Brasil, é tentar atenuar um pouco as contradições e desigualdades sociais geradas pelo próprio capitalismo. Estão os ricos nos exploram a vida toda, ganhando gigantescos lucros, quando querem diminuem seus investimentos, fecham fábricas e demitem, gerando miséria e desigualdade, e para que a situação não exploda, lançam mão de medidas paliativas como essa. Que significam muito pouco no orçamento do país inclusive.

Mas além disso, a liberação desse dinheiro garantiu o consumo e um funcionamento mínimo da economia em tempos de crise, o que ajuda, nos marcos do capitalismo, não só o consumo das famílias, mas também indiretamente o próprio bolso dos capitalistas. Tiraram dinheiro do Estado, deram para o povo que precisava garantir a sobrevivência mínima comprando produtos, e então esse dinheiro retorna para o bolso dos grandes empresários.

Além disso, há vários outros mecanismos para a burguesia continuar lucrando e sugando a riqueza, por exemplo, com a inflação. Deram os 600 reais, mas ao mesmo tempo o custo de vida dispara, basta ver o preço do arroz. Ou seja, o auxílio emergencial é suficiente? Só isso muda nossa vida? Claro que não, se não muda o sistema econômico e social isso não resolve, porque eles controlam tudo e tem vários mecanismos para tornar qualquer alívio para os trabalhadores breve ou passageiro. Mas seu primeiro e mais importante interesse não é garantir o feijão com arroz do trabalhador, e sim tentar desesperadamente voltar a lucrar como antes ou até mesmo mais do que já lucravam.

É preciso defender o auxílio emergencial do ataque da direita e dos ricos, pois há um setor que é contra até essa medida mínima. Assim como também defendemos imposto sobre as grandes fortunas e outras medidas desse tipo. Mas pelas razões que vimos acima, isto como medida única e em si mesma não resolve nossos problemas. Podemos ampliar estas medidas, mas é preciso muito mais. Temos que expropriar as grandes empresas. Requisitar os lucros dos bilionários, dos parasitas especuladores do sistema financeiro, etc. Produzimos tudo que eles tem, toda a riqueza deles, e o pouco que eles nos pagam, ainda retiram ou desvalorizam.  A burguesia enriqueceu, enquanto se aprofundava a desigualdade social e a miséria. Enquanto os trabalhadores seguem sendo humilhados, e a geração atual amarga uma vida pior que a dos seus pais. E além disso o sonho de uma vida digna está cada vez mais distante.

Os 600 reais poderiam ser estendidos, ampliados para todo mundo que precisa? Claro. Poderíamos garantir saúde digna e atendimento para a população? Claro. Poderíamos parar o país e salvar vidas evitando o contágio? Óbvio. Mas como é possível tomar as medidas que garantam a quarentena geral, se o dinheiro público está sendo destinado aos grandes banqueiros, empresários e aos ricos? Como é possível fazer isso se as empresas mandam no governo e obrigam tudo voltar ao normal para que não diminuam seus lucros? É preciso parar de entregar as riquezas do país para os ricos e para o imperialismo, precisamos defender as estatais, parar de pagar a falsa dívida pública.

Assim, por exemplo, seria possível em todas as cidades criar um plano de obras públicas para resolver a questão do saneamento básico sem privatizar como quer Bolsonaro, ou construir hospitais, escolas e demais obras de infraestrutura urbana. Mas tudo que os políticos fazem é nas vésperas das eleições, para tentar “mostrar serviço” e se eleger. E as obras ainda ficam paradas por anos sem concluir e servem pra enriquecimento geral das empreiteiras e dos políticos. É show de corrupção, licitação fraudada e enriquecimento ilícito.

Enquanto o crime é liberado no andar de cima, para a juventude pobre negra das periferias das cidades, a ordem da polícia é matar primeiro e perguntar depois. Para nos mantermos vivos por aqui, saúde, educação e emprego não bastam. É preciso lutarmos pelo fim da violência policial e contra esta política de segurança pública racista e elitista.

Estamos vivendo um verdadeiro genocídio da juventude negra. A violência policial hoje é a parte da perpetuação da lógica racista desde a escravidão. A verdade é que a população negra do país nunca teve seus direitos reparados com o fim da escravidão. Essa é a base para a imensa desigualdade social que existe no país hoje, onde a burguesia se utilizou da escravidão e do racismo para construir e acumular sua riqueza.

A polícia e o braço armado do Estado são fundamentais para os ricos e poderosos defenderem seus interesses e manter a sociedade, que é dilacerada em desigualdades brutais, em relativa estabilidade. A atual política de guerra às drogas não combate o tráfico e só gera mais mortes e violências nas periferias. Temos que combater a política de guerra às drogas. É preciso também desmilitarizarmos a polícia, acabar com as operações policiais nas favelas, exigir punição para o Estado assassino.

….A juventude precisa de uma alternativa revolucionária e socialista!

Acreditamos que está demonstrado que o capitalismo é a raiz de todos nossos problemas. E que qualquer partido que prometa mudanças, mas que não ataque os lucros dos ricos, suas propriedades e a lógica como funciona o sistema capitalista, está enganando as pessoas para se eleger. Atender as necessidades dos trabalhadores significa enfrentar os interesses dos ricos. Então não tem como garantir essas medidas sem atacar o capitalismo, a burguesia e a propriedade privada, e sem avançar para o socialismo. Isto que os candidatos que prometem mundos e fundos nunca falam.

Há muitos inimigos que atuam dia e noite em defesa do capitalismo. No Brasil, a burguesia é subserviente ao imperialismo, comprometida com o projeto de nos transformar numa colônia. Bolsonaro e seu governo que bate continência ao Trump é a máxima expressão disso. Parte fundamental da nossa luta para não morrer diante da pandemia, da violência ou da fome, é derrotar Bolsonaro e Mourão. Eles são os inimigos número 1 da população. Mas não só Bolsonaro, há vários outros partidos burgueses que cumprem o mesmo papel de defender o sistema. Nestas eleições terão os que tentarão se colar no Bolsonaro para se eleger, ou ainda os que parecerão oposição, mas que sabemos bem que já estiveram juntos no passado recente e são tão capitalistas quanto. Há diversos setores da direita, ultra direita, bolsonaristas, tucanos, Novo, MBL, centrão, enfim. Mas não tenhamos dúvidas, o projeto de todos esses aí é exatamente o mesmo. Manter o Brasil como uma semicolônia, aprofundar a exploração e opressão, rebaixar o nível de vida dos trabalhadores pra garantir seus interesses.

Então não há alternativa para defender e lutar por este programa dos trabalhadores e jovens, que apresentamos aqui, que não seja apoiar as candidaturas revolucionárias e socialistas do PSTU nestas eleições municipais. São as únicas candidaturas que defendem os interesses dos trabalhadores e jovens, para derrubar a direita e os ricos do poder, e fazer uma ruptura com o sistema, construindo um governo dos trabalhadores apoiado em Conselhos Populares. Não essa democracia fajuta que só serve para os ricos, e muito menos uma ditadura dos ricos como sonha Bolsonaro. Mas um regime que garanta a mais ampla democracia para os trabalhadores, justamente porque estaria apoiado nas organizações dos trabalhadores, em uma socialização da riqueza e no fim da desigualdades social capitalista tão cruel.

Se os socialistas de verdade fossem eleitos, além de implementar todo tipo de reformas, estas estariam a serviço de mudar o sistema. Porque já vimos que apenas rompendo com o capitalismo dá para resolver os problemas do povo. Vereadores, deputados e prefeitos socialistas e revolucionários não teriam medo ou receio de avançar para a ruptura com a ordem capitalista, e tomariam todas as medidas necessárias para garantir as reivindicações dos trabalhadores e destruir o poder da burguesia.  Isso é muito diferente do que fazem os reformistas, que podem até defender um ou outro aspecto de interesse dos trabalhadores, mas sempre de forma isolada, limitada e a serviço da manutenção do sistema. Sem romper com o sistema, ajudam na prática a mascarar as atrocidades que o Estado burguês comete e a embelezar as possibilidades de mudança no capitalismo. Basta vermos os governos e prefeituras dirigidos pelo PT ou ainda relembrar os anos do governo Lula e Dilma.

Não pode ser alternativa quem anda de mão dada com os ricos. O PT e PCdoB defendem um programa que já vimos onde deu. Após 14 anos do governo petista, os trabalhadores viram como as promessas não foram cumpridas, como não teve uma mudança estrutural que melhorasse a vida, e enquanto isso os ricos continuaram mais ricos e o país mais submetido ao imperialismo. A vitória de Bolsonaro só se explica levando em conta o descontentamento da população com o programa reformista do PT. E agora, aparecem “novas alternativas”, como o PSOL, buscando reeditar os mesmos erros do passado.

Não se pode governar para todos no capitalismo. Ou se está do lado da burguesia e do capitalismo, administrando o Estado tranquilamente com eles, sem o objetivo de destruir as formas de dominação da burguesia, ou se está do lado dos trabalhadores, com candidaturas que se eleitas travariam uma luta consequente pela derrubada do sistema. Quando falamos que precisamos tomar o poder em nossas mãos, isso não tem nada a ver com “ocupar” as instituições de poder burguês. Mas sim em destruir toda e qualquer forma de dominação da burguesia, esse é o único modo dos trabalhadores terem acesso à riqueza que é produzida pelos próprios trabalhadores e que no capitalismo fica restrita à apropriação de um punhado de ricos.

A ideia de votar no candidato que tem chance de ganhar, ou escolher o menos pior, é muito ilusório. Parece o mais palpável e realizável, o que é possível no momento, dizem muitos. Mas isso sequer é verdade. Afinal, você que está lendo este manifesto sabe que, ou se rompe com a dominação da burguesia e do capitalismo, ou se governa o estado com todos eles de um jeito ou de outro para a manutenção da ordem. Então o “menos pior” sempre vira o que devemos tirar na próxima eleição e assim se reinicia o ciclo perpétuo da mudança de governo para manter tudo igual: manter intacto o capitalismo. Esta é a lógica do menos pior. Não é verdade que apoiando o menos pior é um pequeno passo para o melhor futuramente. É justamente o contrário, é atrasar o futuro.

Votar nos socialistas de verdade é importante. Apoiar a campanha e ajudar como der também. Conseguir mais votos e tudo o mais. Isso é tomar lado nessa briga. Apoiar as candidaturas de trabalhadores do PSTU, que não só estiveram presentes nas lutas nas cidades e no país, mas que dedicam suas vidas para a construção de uma alternativa revolucionária e socialista.