Ataque a tiros na Escola Estadual Sapopemba na zona leste da cidade, deixa um morto e dois feridos. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
PSTU-Zona Leste (SP)

PSTU Zona Leste/Quilombo das Rosas

O PSTU lamenta a ocorrência de mais um caso de tiroteio em escola ocorrido no último dia 23, desta vez na EE Sapopemba, na periferia da Zona Leste na capital de São Paulo. Um estudante de Ensino Médio fez disparos de arma de fogo e foi detido pela polícia. Já é o nono ataque em escolas este ano.

Manifestamos nossa solidariedade à família da estudante Giovanna Bezerra da Silva, de 15 anos, vítima fatal dos disparos; bem como às famílias e aos estudantes que ficaram feridos neste ataque.

A violência escolar cresce no Brasil e, com ela, tragédias como essas, que enlutam e aterrorizam toda a comunidade escolar. Professores, funcionários, estudantes e principalmente as famílias, que temem pela segurança de seus fílhos, precisam dar um basta ao abandono e vulnerabilidade a que estão sujeitas nossas escolas, a partir de sua auto-organização.

No mundo todo casos como esses vem crescendo na última década. Só nos EUA, subiu de 34 casos em 2013 para 304 no ano passado. Um aumento de quase 800%. Em 2023, já contam 176 incidentes por arma de fogo com 134 vítimas em escolas estadunidenses.

Os principais estudos indicam que, por trás da maior parte desses ataques, estão grupos extremistas de supremacistas brancos, masculinistas, LGBTfóbicos, xenofóbicos e neonazistas. Eles cooptam adolescentes pelas redes sociais para perpetrar esses ataques.

Por isso, no Brasil, a maioria dos casos são em escolas de Ensino Básico, públicas e em regiões pobres. E por isso as principais vítimas são mulheres, estudantes e funcionárias, e crianças. Preferencialmente pessoas não brancas.

Nenhum governo do mundo foi capaz de resolver esse tipo de situação, e nossos governos nem mesmo tentam. Mesmo medidas básicas e insuficientes não saem do papel ou, quando saem, não são aplicadas de forma viável, como atendimento psicológico às comunidades escolares e ações preventivas de combate ao machismo, racismo, lgbtifobia, xenofobia. Projetos de professores e estudantes, nesse sentido, geralmente são reprimidos, silenciados, proibidos, desestimulados. As escolas se tornam panelas de pressão prestes a explodir, refletindo as desigualdades e opressões da sociedade, discursos de ódio e violências cotidianas, porque as escolas não são bolhas, como muitos gestores querem fazer crer.

Para ficar em um único exemplo, o governador de São Paulo Tarcisio de Freitas contratou apenas 550 psicólogos para a rede pública e vetou um projeto que disponibilizaria um psicólogo para cada escola do estado.

Temos convicção de que a comunidade escolar é capaz de pensar em iniciativas capazes de resolver ou mitigar a violência escolar. Por isso, defendemos que familiares, estudantes, professores e funcionários (concursados e terceirizados) se organizem para agir.

Essas tragédias, assim como a escalada de adoecimento mental que vivemos atualmente, não têm solução sob o sistema capitalista, que visa exclusivamente o lucro e, para se manter, precisa seguir destruindo a humanidade e a natureza. Precisamos transformar nossa indignação em rebeldia e ser parte consciente da construção de uma Revolução Socialista para que a classe trabalhadora organize seu poder.

Cada escola pode se tornar um quilombo de resistência contra a violência e as opressões. Somos capazes de tomar o controle sobre os rumos da educação pública e impor aos governos os nossos interesses. Por uma escola livre de todas as violências!