Mariucha Fontana
Depois da Greve Geral do dia 28 de abril e da gravação da conversa com a JBS, o governo Temer começa a ruir. Só não caiu ainda porque a burguesia não conseguiu um acordo sobre quem deverá ser eleito indiretamente por esse Congresso corrupto.
Temer é um morto vivo. Assim que consigam fechar um acordão em torno de um nome, o zumbi morre.
Há dias, PSDB, PMDB, DEM, PSB, PT, PCdoB e outros partidos burgueses trocam figurinha em busca de uma “saída” após a queda de Temer.
Nas palavras de Fernando Henrique Cardoso seria preciso buscar uma “saída controlada” para a queda de Temer. Um nome que possa ser eleito pelo Congresso com o apoio do PSDB e PMDB. E também com o apoio escondido do PT. Esse acordão inevitavelmente inclui as reformas da Previdência e Trabalhista, mesmo uma versão mais light delas.
O PT tem dois discursos. Em público defende diretas já! Mas por de baixo dos panos participa das negociações para articular um nome a ser eleito pelo Congresso.
Semana passada, em reunião com dirigentes em São Paulo, com presença de Lula, o PT liberou Jacques Wagner (PT-BA) e o governador da Bahia, Rui Costa para articular com Alckmin (PSDB-SP) uma reunião de governadores para buscar essa “saída”. No mesmo sentido indicou Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão.
Esta movimentação busca escolher um candidato antes que os trabalhadores resolvam generalizar suas mobilizações, enterrando de vez essas reformas, e avance no sentido de tomar em suas mãos o destino do país. Eles preferem impor uma eleição indireta, a fazer eleições agora, porque esta adiaria as reformas.
Os nomes cogitados para substituir Temer são Tasso Jereissati (PSDB-CE); Nelson Jobim (PMDB-), foi ministro de FHC e de Lula; Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara; FHC (PSDB-SP); Meireles, atual ministro da economia, ex- ministro do governo Lula- PT; Gilmar Mendes e Carmem Lúcia, ambos ministros do STF.
A crise é tão grande que ainda não conseguiram fechar esse acordão, mas vão fazer de tudo pra fechá-lo. A classe operária, os trabalhadores e a juventude, devem rechaçar qualquer acordão e eleição indireta para presidente. Esse Congresso corrupto não tem legitimidade nenhuma para eleger nenhum presidente e continuar com as reformas contra a maioria do povo.
Eleições Gerais, já!
A classe operária e a maioria do povo começam a enxergar que essa democracia dos ricos é uma farsa. Só a JBS elegeu 1 de cada 3 deputados. As eleições são controladas pelo poder econômico que também manda no dia a dia do Congresso, do governo e da justiça.
A verdadeira saída para o Brasil não virá por meio das eleições controladas pelas empresas. Precisamos construir um poder operário e popular, dos debaixo, que não seja controlado pelas empresas e bancos.
Contudo, diante da tentativa do Congresso de eleger de forma indireta um novo presidente – que será escolhido pelas cúpulas dos partidos da Lava-Jato – e da falta de uma alternativa de poder organizada, defendemos eleições gerais.
O povo tem o direito de escolher. Esse Congresso de ladrões não nos representa. Quer roubar nossa aposentadoria, direitos trabalhistas e ainda eleger o novo Presidente contra a vontade da população – 85% preferem a antecipação das eleições.
Se é pra eleger, devemos exigir que se eleja todo mundo. Vamos botar fora também esse Congresso e não apenas, como defende o PT, ter eleições diretas só para presidente.
Operários e o povo pobre no poder
A queda da Dilma e a provável queda do Temer colocam em discussão a questão do poder. Quem deve governar? Essa é a pergunta que todos se fazem.
A verdadeira alternativa dos trabalhadores não virá com eleições. Não conseguiremos um governo que não pague a dívida aos banqueiros, que exproprie a Odebrecht e a JBS, proíba a remessa de lucros das multinacionais para o exterior, por meio de eleições onde os grandes partidos corruptos têm milhões e tempo de TV. O nosso poder está na nossa luta unificada.
Precisamos defender uma nova Greve Geral para botar abaixo as reformas, Temer e o Congresso ladrão. Mas devemos debater também qual o projeto que os trabalhadores precisam, nosso programa, propostas e como podemos construir um poder dos trabalhadores na fábricas, escolas e bairros. Devemos reforçar as organizações de luta que temos, como a CSP-Conlutas, os comitês de luta contra a reforma, os sindicatos democráticos, e defender ampla democracia na base das nossas organizações.
Essa deve ser nossa atividade e política essencial. Queremos os Operários e o Povo Pobre no Poder. O Brasil precisa de uma revolução socialista!