PM atira bombas de gás contra protesto indígena em SP | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Redação

Hoje (30/05), o dia foi marcado por protestos contra a votação do Projeto de Lei (PL) 490/2007, que fixa um marco temporal e dificulta a demarcação de terras indígenas. É um projeto dos ruralistas, do agronegócio, com o apoio do Centrão, que se for aprovado significa o genocídio legislado dos povos indígenas (saiba mais sobre o marco temporal aqui).

Na última quarta-feira, dia 24, a Câmara dos Deputados aprovou por 324 votos a favor e 131 contra, o regime de urgência do PL 490. Arthur Lira (PP), presidente da Câmara, disse que o projeto seria votado hoje.

Os povos indígenas e diversos movimentos sociais convocaram manifestação contra a aprovação do PL 490. O PSTU e a CSP-Conlutas se somaram nessa luta. “É preciso lutar com afinco contra o Marco Temporal dos ruralistas e do agronegócio. Temos que ocupar as ruas do Brasil e exigir que o governo Lula pare de deixar passar a boiada contra os povos indígenas e o meio ambiente”, afirma Vera, ex-candidata à presidência da República pelo PSTU.

Protestos

Em São Paulo, às 5h30, indígenas Guaranis bloquearam as cinco faixas da rodovia dos Bandeirantes (sentido capital). Indígenas da Terra Indígena Jaraguá, na zona norte de São Paulo, junto com ativistas do movimento Luta Popular (filiado à CSP-Conlutas), desceram da aldeia principal, na altura do km 20 da rodovia dos Bandeirantes, com faixas contra a PL 490, fortalecendo a manifestação.

Em SP, protesto contra votação do marco temporal interditou rodovia | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A Policia Militar fez uso da Tropa de Choque e agiu com truculência. Os agentes, escoltados por um blindado com jato d’água, lançaram balas de borracha e bombas de gás contra os manifestantes.

“Se perdermos, vamos, por assim dizer, para o ‘tudo ou nada’. A gente pode perder vidas com isso, mas é a guerra que a gente vai lutar”, disse Matheus Werá, uma das lideranças da terra Indígena Jaraguá.

Ainda em São Paulo, indígenas da reserva Araribá bloquearam os dois sentidos da vicinal que liga Duartina (SP) a Avaí (SP), cidade onde fica a aldeia.

No Espírito Santo, comunidades indígenas realizaram protestos e bloquearam três pontos de rodovias estaduais em Aracruz, no norte do Estado. As vias foram fechadas por volta das 6 horas.

Manifestação na altura da Aldeia de Irajá, na Rodovia Primo Bitti, em Aracruz, no Espírito Santo | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Em Mato Grosso do Sul, indígenas bloquearam trecho da rodovia BR-463, em Ponta Porã, e do Anel Viário de Dourados.

Bloqueio na BR-463, em Ponta Porã ( | Foto: Direto das Ruas/Divulgação

Em Santa Catarina, os manifestantes fecharam a BR-101 na região do Morro dos Cavalos, na cidade de Palhoça, no sentido norte e sul do Estado. Também aconteceu manifestação na Área Indígena Toldo Chimbangue, na linha Sede Tretin, interior de Chapecó, com o bloqueio da SC-157.

Indígenas bloqueiam BR-101, em Palhoça (SC), durante protesto | Foto: PRF/Divulgação

No Rio Grande do Sul, manifestantes bloquearam a BR-285, no km 257, no município de Gentil, na região Norte do Estado. Também teve bloqueio no km 2 da BR 386, na mesma região.

Polícia Rodoviária Federal monitora situação no km 257,9 da BR 285, em Gentil (RS), e tenta negociar liberação | Foto: PRF/Divulgação

Na Bahia, foram registrados protestos de indígenas na proximidade do Jubiabá, na rodovia Ilhéus – Olivença, distrito de Ilhéus, contra a votação do projeto de lei do Marco Temporal.

Protesto contra o Marco Temporal em Ilhéus, no sul da Bahia | Foto: Reprodução/Redes Sociais

No Ceará, lideranças indígenas de várias etnias realizam manifestações com bloqueios de rodovias em quatro pontos do Estado, nas cidades de Caucaia, Maracanaú e Crateús, com ocupação de rodovias: CE-085, em Caucaia, na Rotatória da Lagoa do Banana (Povo Anacé da Terra Tradicional); BR- 222, em Caucaia (Povo Tapeba e Anacé); CE-350, em Maracanaú (Povo Pitaguary); BR-226, em Crateús, pelos povos indígenas da Região do Sertão (Potyguara, Kariri e Tabajara); Povo Tabajara e Kalabaça de Poranga; Povo Potyguara e Tabajara de Tamboril ; Aldeia Realejo Crateús ; Monsenhor Tabosa – Aldeia Jucás,Aldeia Potyjara e o Povo Potyguara de Novo Oriente.

Em entrevista ao G1, Thiago Halley, liderança do Povo Anacé, disse que além da institucionalização do marco temporal, outros pontos do PL que preocupam os indígenas são: a transferência da competência da demarcação de terras indígenas do poder executivo para o Legislativo, a permissão da revisão das demarcações de terras que já foram homologadas, a mudança na política para atendimento de indígenas isolados e a abertura de espaço para a mineração em terras indígenas.

Indígenas bloqueiam rodovias no Ceará contra PL do marco temporal | Foto: Rapha Anacé/Divulgação

No Rio de Janeiro, aconteceu manifestação contra PL do marco temporal na Avenida Rio Branco, que chegou a ser fechada. Indígenas e simpatizantes da causa protestaram no Centro da capital fluminense e na Ilha do Governador contra votação do PL 490.

Protesto contra o Marco Temporal na Avenida Rio Branco, no Centro da cidade do Rio de Janeiro | Foto: Reprodução/Redes Sociais

No Distrito Federal, manifestantes se reuniram em frente a Biblioteca Nacional de Brasília e saíram em caminhada até o Congresso Nacional, com faixas e cartazes contra o PL 490.

Na capital federal, aconteceu caminhada da Biblioteca Nacional ao Congresso | Foto: Reprodução – Vídeo G1

No Pará, um grupo de indígenas protestou na BR-222, km 204, no município de Bom Jesus do Tocantins, no sudeste do Estado. A manifestação iniciou por volta de 15h e foi finalizada por volta das 18h30. A via chegou a ficar totalmente interditada. O Km 204, da BR-222, corta a Terra Indígena Mãe Maria, onde vivem cerca de 750 indígenas, das denominações Gavião Akrãtikatêjê, Gavião Kykatejê e Gavião Parkatêjê.

Indígenas protestam contra Marco Temporal na BR-222, no sudeste do Pará | Foto: PRF/Divulgação

Ainda no Pará, teve também manifestação em Belém. As ruas da capital paraense foram ocupadas por manifestante que saíram em caminhada da Escadinha das Docas à Praça da República. A militância do PSTU se fez presente no ato. “O Brasil todo está em protesto no dia de hoje contra o PL 490, que trata do reacionário Marco Temporal. Esse projeto legaliza o roubo das terras indígenas e o genocídio dos povos originários. O PSTU é parte da luta contra o Marco Temporal. Precisamos fortalecer e ampliar as mobilizações”, disse Wellingta Macêdo, da direção do PSTU Pará.

 

No Maranhão, manifestantes bloqueiam dois pontos na BR-316. Um ponto foi na altura do km 96, em Presidente Médici, no noroeste do Estado. Em outro ponto, foi na Zona Rural do município de Bom Jardim.

Indígenas bloqueiam a BR-316 em protesto contra o Marco Temporal | Foto: Reprodução/TV Mirante

No Acre, indígenas da etnia Katukina fecharam a BR-364, entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul, no interior do Estado. Galhos de árvores foram colocados na estrada para impedir a passagem dos veículos.Caracterizados, os manifestantes se agruparam com lanças e cartazes na pista.

Indígenas da etnia Katukina fecharam a BR-364, entre as cidade de Tarauacá e Cruzeiro do Sul, interior do Acre | Foto: Reprodução – Vídeo G1

No Mato Grosso, indígenas da etnia Kaiapó fecharam a MT-322 e bloquearam a balsa que faz a travessia do Rio Xingu, no nordeste do Estado. O cacique Megaron Txucarramae declarou, durante o ato, que os políticos que desejam tirar a demarcação de terra são inimigos dos povos indígenas.

Indígenas fecharam a MT 322 e bloquearam a balsa que faz a travessia do Rio Xingu, em São José do Xingu | Foto: Mytxak Metuktire/Divulgação

Em Rondônia, lideranças e indígenas de várias etnias fecharam a BR-364, a principal rodovia do Estado. A concentração do protesto fica sobre a ponte do rio Candeias, na divisa entre a capital Porto Velho e Candeias do Jamari, cidade da região metropolitana. Em um dos lados da ponte da BR-364, os indígenas atearam fogo em pneus e estenderam uma faixa na pista dizendo ‘não ao marco temporal’. Também teve protesto na Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia (ALE-RO). A manifestação na Alerro foi pacífica e começou por volta das 9h30 da manhã. Aos poucos, indígenas de vários municípios se juntaram ao movimento. Na frente da Assembleia, os indígenas seguraram cartazes e faixas contra a PL 490, com dizeres como: “nossa história não começa em 1988” e “território é vida”.a faixa na pista dizendo ‘não ao marco temporal’.

Indígenas protestam contra o Marco Temporal em protesto na BR-364 em Rondônia | Foto: Marison Dourado/Divulgação

Live da Vera

Amanhã, dia 31/05, às 19h, vai acontecer a ‘Live da Vera’, com o tema sobre o ‘Marco Temporal’ e os ataques aprovados no Congresso Nacional contra os povos indígenas e o meio ambiente.

A live contará com a presença de Raquel Tremembé, indígena da etnia Tremembé do Maranhão, e Waldemir Soares, advogado dos movimentos sociais e ativista da CSP-Conlutas.