Caio José tinha 17 anos e estava no 3º ano do Ensino Médio | Foto: Acervo pessoal
PSTU Paraná

Em Curitiba (PR), no último sábado, dia 25, o adolescente Caio José Ferreira de Souza Lemes, 17 anos, foi baleado na cabeça pela guarda municipal de Curitiba, no bairro Cidade Industrial, em uma operação no mínimo questionável e irresponsável, e veio a óbito.

A primeira versão dessa tragédia que circulou na imprensa, em base às informações da guarda municipal,  era que a vítima era um suspeito de aproximadamente 30 anos idade, armado com uma faca. Foi registrado no Boletim de Ocorrência (BO) que Caio, supostamente, teria tirado uma faca de 25 centímetros do boné, quando foi encurralado por um guarda, que efetuou o disparo. E, ainda consta no BO que os agentes encontraram uma substância “parecida” com maconha em seu bolso. Uma história pra lá de mal contada que ceifou a vida de um garoto.

Câmeras desligadas

A Prefeitura de Curitiba informou que as câmeras corporais dos guardas municipais envolvidos no caso estavam desligadas, sem explicar o motivo. De acordo com o contrato firmado com a empresa Instituto Curitiba de Informática, as câmeras devem gravar de forma ininterrupta, no mínimo, por 12 horas.

Então, a primeira pergunta é: por que as câmeras estavam desligadas? O prefeito Rafael Greca (PSD) tem que responder a esta pergunta.

Infelizmente, este não é o primeiro caso de violência, inclusive resultando em morte, envolvendo a guarda municipal do prefeito Greca. As câmeras, apesar de cumprir um papel importante diante do alto índice de letalidade das forças de segurança do estado, em muitas vezes, como neste caso, não são suficiente para coibir os agentes de praticarem abordagens violentas.

Tudo isso está relacionado ao papel que cumpre as forças de segurança em nossa sociedade, que se impõe pela força, pelo medo, pela intimidação. Agente de segurança que chegam nas regiões mais periféricas atirando para depois perguntar, deixando os corpos espalhados pelo chão. Essas forças de segura estão a serviço de reprimir os pobres, basta observar como é a abordagem que eles realizam nas regiões nobre da cidade.

É preciso colocar abaixo este sistema repressor. Precisamos fazer uma discussão mais a fundo de que tipo de sociedade queremos, pois não é possível nos conformarmos com uma sociedade em que casos como este que se tornam cada dia mais rotineiros, uma banalização enorme da vida humana. Não existe no mundo algo que traga de volta uma vida ceifada dessa forma.

Solidariedade

O PSTU-Paraná emite sua solidariedade aos pais, familiares e amigos de Caio. Sabemos que é impossível imaginar o tamanho da dor de perder um filho dessa forma. Mas, também queremos dizer que estamos indignados e exigimos  justiça. É preciso cobrar que as autoridades apurem os fatos e os responsáveis sejam punidos.

“Caio era um garoto sorridente, feliz, tinha 17 anos”, “Caio tinha trabalhos lindos sobre violência contra a mulher”, “ ele estudava pela manhã e trabalhava como menor aprendiz, à tarde”, “nunca foi agressivo, briguento ou violento”. Esses são os relatos de uma conhecida da família descrevendo o jovem Caio. Na escola onde estudava, Colégio Estadual Júlia Wanderley, os alunos e professorem indignados com o acontecido realizaram uma homenagem ela na manhã do dia 27.

Justiça, já!