Mobilização continua na empresa do setor químicoOs mais de quatro mil trabalhadores e trabalhadoras da Johnson & Johnson, em São José dos Campos, foram alvo da selvageria da Polícia Militar na madrugada desta terça-feira, dia 11, às 6h.
Os funcionários da empresa estão em greve desde a última quinta-feira por aumento salarial, contra a demissão ilegal de três dirigentes sindicais e pela revisão do plano de cargos e salários, que rebaixa o piso salarial da categoria em 40%.
Na segunda-feira, a empresa tentou uma liminar para interferir na greve, mas a Justiça do Trabalho negou. Hoje, para a surpresa de todos, a Polícia Militar cercou os ônibus da empresa e forçou a entrada dos trabalhadores na fábrica. Isso sem nenhuma autorização judicial e interferindo à força no constitucional direito de greve.
A selvageria da PM foi tamanha que muitos motoristas dos ônibus foram obrigados a atravessar o canteiro que divide as pistas laterais da empresa e avançar sobre o piquete de greve para entrar pela portaria 2 do Jardim das Indústrias.
O ato descabido contou com um forte aparato de repressão: gás de pimenta, motocicletas avançando em cima dos trabalhadores em greve, tiros com munição de borracha e muita truculência.
A PM massacrou o direito de greve e feriu vários trabalhadores com empurrões, golpes de cacetete, tapas.
O sindicalista Wellington Cabral foi preso durante o confronto sob a acusação de direção perigosa.
Ontem, os trabalhadores já estavam sendo coagidos pela empresa por meio de um assédio moral absurdo. A Johnson ameaça de demissão os grevistas, que reivindicam apenas o que lhe cabe: aumento salarial e preservação dos direitos.
Não é de hoje que a repressão policial interfere no direito de greve e na livre organização sindical dos trabalhadores. Contudo, nunca se viu uma polícia tão servil aos interesses empresariais.
Vale ressaltar: não existe nenhuma ordem judicial para interferir no direito de greve, muito menos para agredir trabalhadores a socos, tiros, tapas. Esse é o papel desempenhado pela polícia na Ditadura, mas não se pode esperar isso de uma sociedade dita democrática, em que os trabalhadores são livres para se organizarem.
Apesar da atrocidade da PM, a greve continua. Muitos trabalhadores foram obrigados a entrar à força para trabalhar, mas muitos conseguiram escapar do cerco policial e participar da assembléia, que é realizada com todos os turnos de entrada.
O episódio revela mais uma vez a relação promíscua entre a PM e o poder econômico. A PM não agiu conforme a lei, agiu conforme os interesses da Johnson.
A selvageria se repetiu na entrada do turno administrativo, às 8h. A PM espancou trabalhadores que tentavam realizar a assembléia e obrigou muitos a entrarem na marra. Alguns trabalhadores que não usam o ônibus ainda foram coagidos pela PM na portaria da empresa a interromperem a greve.
Para todos os efeitos legais e morais, a greve continua por tempo indeterminado. Agora o departamento jurídico do Sindicato dos Químicos vai tomar as devidas providências. Enquanto isso, o piquete de greve continua e a luta da classe trabalhadora também.