PSTU-PI

Medida autoritária reaquece movimento estudantil e a luta por eleição para reitor e o combate à corrupção; nesta segunda-feira, dia 29, haverá assembleia geral de docentes e estudantes

Um estudante de Psicologia da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPAR/Piauí) foi detido na quarta-feira pela manhã por ter feito desenhos (grafite) em banco de concreto desta instituição de ensino superior. Depois de levado à delegacia da Polícia Federal em Parnaíba, o aluno assinou Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foi liberado no início da tarde, para responder processo em liberdade.

O aluno assistia aula quando três policiais militares, juntamente com o chefe do setor de segurança e dois guardas terceirizados da Universidade bateram à porta da sala de aula para levá-lo à polícia. Ele só não foi retirado à força da sala por causa da intervenção do professor que ministrava aula. O estudante também escapou de ser levado algemado à delegacia no camburão da PM porque houve uma rápida mobilização do movimento estudantil e de membros do movimento docente universitário, impedindo essa ação mais truculenta.

“Depois de ouvir qual seria a acusação e também ter conversado rapidamente com o estudante, percebi que se tratava, no mínimo, de uma ação exagerada e completamente desproporcional por parte da equipe de segurança da Universidade e da PM. Só liberei o aluno com a garantia de que eu pudesse acompanha-lo até a reitoria, onde esperaríamos por um advogado, para que então fôssemos à delegacia”, afirmou o professor João Paulo Macedo, do curso de Psicologia, e membro da direção regional da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Piauí (Adufpi secção UFDPAR).

“Foi um ato totalmente arbitrário e autoritário, que precisa ser amplamente repudiado, sobretudo no momento político em que o país atravessa, em que há fortes ameaças aos direitos democráticos e às eleições. O grafite é uma manifestação artística, que não pode ser tratado como crime”, completa João Paulo, que é do Polo Socialista Revolucionário no Piauí.

De acordo com representantes do movimento estudantil e da Associação de Docentes da Universidade Federal do Piauí (Adufpi secção Parnaíba), a ação policial teve motivação política e se trata de tentativa de intimidação dos movimentos sociais que estão organizando assembleia geral para segunda-feira da próxima semana. Nesta atividade, serão socializadas, à comunidade universitária, denúncias feitas pela Adufpi ao Ministério Público Federal, dentre outras, em que se pede investigação de irregularidades na administração superior da UFDPAR e afastamento do reitor.

“É muito estranho que a detenção de um aluno que participa de atividades do movimento estudantil seja detido em menos de 24 horas depois de uma reunião que tivemos com representantes estudantis para preparação da assembleia geral”, disse João Paulo.

Além de tratar das denúncias de irregularidades e da atuação truculenta contra estudante no campus, estará em pauta uma campanha para afastar imediatamente o reitor do cargo. A UFDPAR foi criada recentemente (a partir de desmembramento da Universidade Federal do Piauí- Ufpi) e nunca passou por eleições para reitor. Quem ocupa atualmente o cargo se mantém por vontade política de Bolsonaro, por isso também é chamado de “reitor interventor”, sobre o qual recaem diversas denúncias de irregularidades administrativas.

– Fora reitor interventor!
– Eleição democrática para reitor, já!
– Chega de criminalização da arte no campus!