Pesquisa DOXA mostra o desastre que é a gestão de Edmilson Rodrigues (PSOL) | Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
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PSTU Pará

Que existe uma crítica generalizada ao mandato de Edmilson Rodrigues (PSOL) todo mundo sabe. Muitas pessoas chegam a dizer que ele está conseguindo ser pior que o “Zenada”. Mas a divulgação, no início deste mês, do resultado de uma pesquisa sobre a prefeitura de Belém traz um retrato claro do desastre que é essa gestão.

Os dados são do Instituto DOXA, que realizou entrevistas em todos os distritos da cidade entre os dias 3 e 5 deste mês. Neste artigo, vamos comentar esses dados e explicar por que a gestão do PSOL tem sido um verdadeiro fracasso para os trabalhadores.

Resultado da pesquisa

Segundo a pesquisa, Edmilson possui 42,7% de avaliação péssima que, somado aos 17,4% de avaliação ruim, totaliza 60,1% de avaliação negativa. Apenas 1,6% o avalia como excelente, e 13,2% o considera bom.

Já a aprovação da gestão do PSOL sofreu uma queda, encontrando-se no patamar de 23%; enquanto sua desaprovação subiu para 72%. Ou seja, 7 em cada 10 belenenses têm reprovado o atual prefeito e seu partido.

Sem coleta regular, lixo toma conta de Belém, única capital brasileira governada pelo PSOL | Foto: Agência Belém

Sobre os principais problemas da cidade

Violência e insegurança foram os mais citados pelos entrevistados (18,6%). O que chamou a atenção foi a segunda maior resposta da população: tudo, mencionado por 18,2%. Tudo seria a soma de saúde, educação, transporte, saneamento, pavimentação, etc., o que revela o grau de insatisfação não com uma parte do governo, mas com a sua totalidade.

As respostas subsequentes, em ordem, foram: sujeira/falta de limpeza pública nas vias e canais, com 15,8%; saúde pública, 12,1%; saneamento básico, 11,4%; abastecimento de água, 4,2%; pavimentação e asfaltamento, 4,1%; transporte público, 3,1% e outros.

O que a pesquisa conclui

Os dados demonstram que a gestão de Edmilson Rodrigues é um verdadeiro fracasso. O prefeito do PSOL foi eleito com grandes expectativas de mudança, tendo em vista o total abandono no qual as gestões anteriores deixaram a capital paraense.

Além disso, essa importante parcela da classe trabalhadora, dos movimentos sociais e da vanguarda das lutas, fez uma forte campanha para derrotar Eguchi, bolsonarista, na confiança de que as mudanças que Belém precisava, finalmente, aconteceriam com a volta de Edmilson.

Mas o fato, infelizmente, é que isto não ocorreu. Por quê?

Os motivos do fracasso de Edmilson

A política implementada pela prefeitura do PSOL em nada se diferenciou de qualquer outro partido da direita. Fez promessas de campanha que quando eleito não cumpriu:

Piso nacional da Educação: depois de eleito disse que a integralidade só ocorrerá no final do mandato.

Salário-base dos Auxiliares de Serviços Gerais (ASG): prometeu à várias secretarias que seria igualado ao salário mínimo. Mas os trabalhadores continuam a receber abaixo deste valor e ao cobrarem a promessa foram recebidos com truculência, calúnias e acusações de “fascismo” pelo prefeito e seus assessores.

Realinhamento da tabela salarial dos servidores de nível superior da FUNPAPA: recentemente descumpriu o acordo firmado.

Com Edmilson a saúde pública municipal permaneceu na UTI: salários atrasados, falta de leitos, de medicamentos e até material para curativos, além de superlotação é o que se vê. Foi preciso uma forte greve para que médicos recebessem os salários, que são sistematicamente atrasados. Isso porque Edmilson manteve a mesma lógica dos governos de direita, de não romper com as Organizações Sociais (OS), que pagam mal os profissionais de saúde, atrasam salários e diminuem os atendimentos à população, para lucrar com o dinheiro público, tornando a saúde uma mercadoria. Pra completar, não chamou os trabalhadores concursados e adotou contratos temporários para contemplar os partidos aliados, o que inchou os órgãos municipais de DAS.

A grande lista de problemas apontados pela população: precariedade dos postos de saúde, com falta de insumos, medicamentos e médicos; ônibus de péssima qualidade; abastecimento irregular de água, com faltas constantes; coleta de lixo que deixa a desejar. Ou seja, o “tudo” que foi mencionado na pesquisa, nesta que é a única capital que o PSOL governa no país.

As lições desta experiência são importantes para os trabalhadores

Os resultados do governo de Edmilson e do PSOL apenas reafirma que não é possível governar para a população pobre e trabalhadora, sem romper com os ricos e os grandes empresários. Ao querer governar para “todos”, ou seja, para todas as classes, é a classe trabalhadora e desempregada que sai mais penalizada.

Por exemplo, ao invés de enfrentar as empresas de ônibus, que diminuíram a frota, aumentando o tempo de espera nas paradas, além de colocarem ônibus velhos, Edmilson enrolou para realizar uma licitação que até hoje não deu em nada. Enquanto isso, a população sofre com uma tarifa cara, com ônibus quentes, precários e que demoram para passar no ponto.

Para enfrentar esse problema bastaria aplicar o que já está na Lei Orgânica do município, de criar uma empresa pública de transporte, o que poderia garantir ônibus novos, com ar-condicionado e tarifa zero, como já existe hoje em 67 cidades do país. Mas Edmilson defende a garantia de subsídios para que os empresários continuem enriquecendo, como se não bastasse o que eles fazem com o dinheiro do vale digital, que não recarregam no valor total no cartão dos usuários.

O grande problema do PSOL

É preciso extrair conclusões maiores deste drama vivido pela população belenense. O grande problema está no programa do PSOL, um partido que não possui a estratégia revolucionária e de ruptura com o sistema capitalista. Ao contrário, defende uma política de pequenas reformas para resolver a vida dos trabalhadores. Contudo, quando passam a ser governos e implementam esta política de “reformas sociais”, chocam-se com a inviabilidade de fazer isso sem romper com a burguesia e sua institucionalidade. Isto aconteceu durante os dois primeiros mandatos do governo Lula, os mandatos de Dilma, o governo estadual de Ana Júlia, além das prefeituras que o PSOL já governou pelo país.

O resultado desta política reformista é a desmoralização da classe trabalhadora e o sentimento de frustração da população. É isso que explica o resultado da pesquisa DOXA, que aponta 83,4% de eleitores que não sabem em quem votar ou votarão nulo/branco nas eleições do ano que vem. Esta decepção dos trabalhadores com os ditos “governos de esquerda”, onde se espera um governo diferente, que melhore a vida dos pobres, o que não acontece, é o que contribui para o crescimento eleitoral dos setores da ultradireita. Para que isso não aconteça, precisamos construir um governo verdadeiro da classe trabalhadora.

Nas eleições de 2020, nosso partido apresentou a candidatura de Cleber Rabelo para a prefeitura de Belém e, quando já dizíamos que o programa do PSOL não rompia com a burguesia e, portanto, não conseguiria atender a demanda dos trabalhadores e da população pobre.

Militância do PSTU nas ruas de Belém nos atos ‘Fora Bolsonaro’ | Foto: PSTU Pará

Mas seria possível fazer um governo diferente?

Em nossa opinião, sim! Edmilson poderia implementar medidas a favor dos trabalhadores, tais como:

  1. Criação de uma empresa pública de transporte, com ônibus novos e ar condicionado, tarifa reduzida, rumo a tarifa zero, como já existe em 67 cidades do Brasil;
  2. Implementação do transporte hidroviário entre Outeiro-Centro de Belém, Icoaraci-Centro de Belém e Mosqueiro-Belém para desafogar o trânsito da cidade;
  3. Fim das OS (organizações sociais) na saúde; garantia de concurso público, mantendo regular o pagamento de todos os profissionais da Sesma e garantindo insumos, medicações e atendimento regular nas unidades de saúde e prontos-socorros municipais;
  4. Realinhar o salário base dos ASGs para o valor do salário mínimo;
  5. Construção de mais unidades de educação infantil (creches) para atender a todas as famílias necessitadas; valorização do trabalhador da educação e concurso público para assistentes sociais, psicólogos e professores;
  6. Para melhorar a segurança pública, construir a “guarda do povo”, com a inserção da comunidade organizada em comitês de autodefesa e implementar uma política efetiva de combate à fome e a miséria, com um plano de obras públicas para gerar emprego e renda.
  7. Construção de conselhos populares por bairro, que tenham autonomia de decidir sobre a aplicação do orçamento municipal em seu distrito.

É necessário construir uma alternativa dos trabalhadores para a cidade, com um programa que enfrente os ricos e poderosos, a começar pela taxação de seus lucros para aumentar a receita pública municipal e, deste modo, garantir todos estes investimentos. Uma prefeitura que não enfrente os grandes empresários e que não aponte em direção ao socialismo, não conseguirá atender as expectativas da população pobre e trabalhadora, pois uma vida digna e decente, sem opressão e exploração, não é possível no capitalismo.