Posteriormente, a invasão do Afeganistão, em 2001, foi feita contra uma população de miseráveis com o objetivo de expandir os oleodutos através do território afegão e transportar os enormes recursos energéticos do Mar Cáspio até os portos seguros do Golfo Árabe, ocupado pelos EUA, bem como para o estabelecimento de base estratégica na região onde se encontram a China, as ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, Irã e Paquistão, ou seja, os EUA estariam com bases no centro de uma área de grande importância econômica.
É nesse contexto que o governo Bush estabelece em seu discurso sobre A estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos de 20 de setembro de 2002, as bases de sua doutrina que apregoa como única possibilidade de êxito a ofensiva […] através de guerras ilimitadas e unilaterais e de ofensivas preventivas […].
Depois de mais de 10 anos passados da Guerra do Golfo, o militarismo volta a assumir enorme importância. A guerra contra o Iraque se torna decisiva para o mercado de petróleo, economicamente determinante em todo o mundo. Como mostra Welmowicki: A situação de crise econômica interna empurra os EUA a uma política ainda mais predadora e protecionista, e mais claramente agressora, como se viu na invasão do Iraque.
Porém, fruto da agressão imperialista, cresce a resistência da população iraquiana, ao passo que vai se tornando mais claro o papel pró-imperialista da ONU, na medida em que a crise econômica aumenta, e o imperialismo segue atacando o nível de vida do conjunto dos povos, a partir do Estado, de suas multinacionais e dos organismos internacionais. Aumentam também as lutas e as respostas das massas exploradas: revoluções operárias surgem na América Latina, explodem as manifestações antiimperialistas, sobretudo contra a Guerra do Iraque.
Assim, para tentar sair da enrascada em que se meteu ao invadir o Iraque, o governo George W. Bush conseguiu aprovar, no último dia 8 de junho, no Conselho de Segurança da ONU, a Resolução no 1546 que prevê a transferência dos poderes das forças de ocupação a um governo iraquiano provisório, para assim poder garantir a continuidade da aplicação da política de recolonização do país com o respaldo dos outros países imperialistas.
Para atingir seus interesses George W. Bush e Tony Blair não dispensaram nenhum expediente. Utilizando o artifício de promessas e de pressões, os governos dos EUA e do Reino Unido conseguiram que os membros do Conselho de Segurança da ONU aprovassem a resolução n0 1546 que garante a legalização da ocupação militar do Iraque e, ainda, a constituição de um governo fantoche, defensor, em solo iraquiano, dos interesses do imperialismo.
Esses fatos mostram o papel que cumprem as potências menores na disputa das migalhas oferecidas pelo imperialismo norte-americano em sua cruzada recolonizadora. A esse respeito a Rússia atualmente é um bom exemplo por se vender, a partir da promessa dos EUA de ser agraciada com parte da reconstrução do Iraque.
Outro fator que desnuda o caráter da Resolução é a pessoa do presidente do governo iraquiano, ditado pelos EUA: o xeique Ghazi al Yawar nada mais é do que mais um fantoche de Washington, que estudou na Inglaterra, nos anos 1960, e segundo informações comumente divulgadas é um antigo agente da CIA. Coerente com seus propósitos subservientes ao imperialismo norte-americano Yawar, em seu discurso à nação agradeceu à ocupação dirigida pelos Estados Unidos que têm se sacrificado tanto para nos libertar.
Na verdade, a Resolução no 1546 é uma grande farsa do imperialismo, uma vez que seu intuito não é outro senão o de autorizar e legitimar a permanência das forças internacionais de ocupação em solo iraquiano depois de 30 de junho, apesar de ironicamente declarar oficialmente o fim da ocupação militar. A Resolução chega ao absurdo de mencionar que o comando das tropas estrangeiras continuará nas mãos dos generais dos EUA.
No sábado, 26 de junho, faltando menos de cinco dias para a data marcada da entrega da soberania aos iraquianos, George W. Bush garantiu da parte de seus aliados da União Européia o compromisso de apoiar o novo governo do Iraque. No comunicado conjunto lido ao término da reunião de cúpula realizada no Castelo de Dromoland, em County Clare, sudoeste da Irlanda, está especificado que EUA e União Européia apóiam um maior papel da ONU na reconstrução e na organização das eleições iraquianas de janeiro de 2005, comprometendo-se com o esforço para reduzir a dívida externa iraquiana, de U$$ 120 bilhões (sem falar para quanto), e oferecem ajuda para treinar as forças de segurança do Iraque, na tentativa (pasmem) de frear a contínua violência.
Como vemos, o papel da ONU segue sendo o mesmo: legitimar de todas as formas possíveis a política do governo Bush de recolonização do Iraque.
Nesse sentido, o responsável pela ajuda humanitária, seria ninguém menos do que o Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, o mesmo que administrou o mortífero embargo da ONU contra o Iraque.
A proposta de soberania do imperialismo para o Iraque é de uma soberania sob as botas de 160 mil soldados ocupantes. É por isso que o povo iraquiano já percebeu a quem interessa esse governo fantoche, o qual não conta com mais de 10% de apoio.
É por esse motivo que a autodeterminação do povo do Iraque não será garantida por esses senhores, senão pela luta cotidiana dos trabalhadores e da juventude iraquianos.
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