Policiais detém manifestante durante protesto

Como no Brasil, ativistas foram reprimidos e presos por protestar contra norte-americanoBarack Obama, também foi recebido no Chile por protestos contra sua visita ao país. O protesto reuniu cerca de 300 manifestantes no calçadão Ahumada, que após gritarem frases contra a presença de Obama no Chile, tentaram chegar ao Palácio de La Moneda, onde o presidente Sebastião Piñera recebia Obama para um jantar oficial.

Como no Brasil, o governo de lá foi rápido em apresentar seu servilhismo diante do chefe do imperialismo. A manifestação foi duramente reprimida pelos “carabineiros”. A polícia utilizou carros com canhão d’água para dispersar a manifestação. Doze manifestantes foram presos, segundo a imprensa local. Em Concepción, a 500 km ao sul de Santiago, outro protesto foi realizado. A repressão policial terminou com sete ativistas detidos. Em Valparaíso, a 140 quilômetros de Santiago, também foram registrados protestos que reuniram 500 pessoas.

Os ativistas e as entidades dos movimentos sociais, sindical e estudantil lembraram que o protesto servia para cobrar de Obama a responsabilidade dos Estados Unidos no golpe militar contra o governo de Salvador Allende em 1973.

Contudo, a principal bandeira dos ativistas é a luta pela não assinatura de um tratado de ajuda recíproca em matéria de energia nuclear, cujo objetivo é a implementação de usinas nucleares em território chileno. Os ativistas lembraram a tragédia ocorrida no Japão, que ameaça se tornar um dos maiores desastres nuclear da história.

Assim como o Japão, o Chile fica na borda de uma placa tectônica, e seu território é constantemente afetado por terremotos e tsunamis. No ano passado, o país sofreu um enorme abalo sísmico seguido de um maremoto. O maior terremoto já registrado pela humanidade também aconteceu no país, nos anos 1960. Ou seja, não há maior dúvida de que a construção de usinas nucleares é algo extremamente arriscado para o país e para o conjunto da América do Sul. Além disso, a instalação de usinas deste tipo é algo bastante repudiado pela população. Uma pesquisa entre a população do Chile revelou que 86% dos entrevistados rejeitam a construção de usinas nucleares no país, e 60% não aceitaria estas instalações sob nenhuma condição.

Como se não bastasse, o governo chileno e o imperialismo têm planos de construir a termoelétrica Castilla e a usina hidroelétrica Hidroaysén. A construção de Castilla significará recorrer a um tipo de combustíveis de altíssimo grau de contaminação, o carvão pulverizado, uma tecnologia obsoleta na Europa. Aqui se percebe claramente a intenção do imperialismo em empurrar o seu “lixo tecnológico” para os países mais pobres. Já a usina de Hidroaysén vai representar a inundação de milhares de hectares da região da Patagônia chilena, destruindo florestas e sua biodiversidade.

Quem vai se beneficiar destes projetos? “As às multinacionais da mineração. As cifras sobre o consumo elétrico nacional indicam isso: Enquanto o consumo residencial é de 15%; o comercial é de 11%; o consumo das mineradoras é de 33%”, reponde em nota a organização chilena Frente Revolucionaria – Izquierda Comunista, filiada a LIT-QI.

O manifesto da Izquierda Comunista conclui: “nós da Esquerda Comunista dizemos, Não obrigado, não precisamos dessas energias para saltar ao desenvolvimento econômico. Não precisamos de nenhum acordo com o imperialismo ianque para avançar em nosso desenvolvimento energético, e por isso dizemos Fora Obama do Chile, Fora os ianques da América Latina (e estendemos nossas vozes para dizer também: fora as mãos imperialistas de Líbia)”.