Projeto social no centro de SP Foto Paulo Pinto / FotosPublicas

A festa natalina tem como um de seus símbolos a ceia, contudo, a falta de comida afeta quase 40% dos brasileiros de baixa renda. É o que aponta a pesquisa DataFolha divulgada na capa da edição de hoje (25/12) do jornal Folha de S. Paulo. A pesquisa também revela que 23% dos mais pobres deixaram de fazer alguma refeição.

Entre os entrevistados pelo DataFolha, 89% avaliam que a fome no Brasil aumentou. Sabemos que isso é verdade. Nos últimos meses, vimos viralizar nas redes sociais cenas de pessoas catando comida em caminhão de lixo e em filas para pegar ossos. Quando andamos pelas ruas das grandes cidades, encontramos mais pessoas desabrigadas, dormindo em calçadas, pedindo comida nos semáforos.

Essa situação ampliou-se durante a pandemia, devido ao aumento do desemprego, a queda na renda e alta da inflação. O relatório “Insegurança Alimentar e Covid-19 no Brasil”, publicado no começo do ano pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), mostrou que 43,4 milhões de pessoas não tinham alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões de brasileiros enfrentaram a fome durante a pandemia.

A insegurança alimentar se caracteriza pela falta de acesso e disponibilidade das pessoas aos alimentos em quantidade suficiente para a sobrevivência. Mulheres, negros e pessoas menos escolarizadas são os mais atingidos por essa insegurança alimentar, ou seja, essa falta de acesso aos alimentos.

A fome e a pobreza têm rosto, cor e gênero. São iguais às famílias como a do menino Gabriel, de 12 anos, fotografado pelo paraense João Paulo Guimarães, no município de Pinheiro, a 333 km de São Luís, em um lixão da cidade. O menino foi clicado no momento em que acabava de encontrar uma árvore de natal em meio aos entulhos.

A foto, que viralizou nas redes, é o símbolo real do natal brasileiro. A imagem também serviu de inspiração para a música “Conversando com Noel”, lançado ontem pelo grupo de rap Gíria Vermelha.

Enfrentar Bolsonaro e os super-ricos

Para que essa realidade mude, é preciso enfrentar o governo Bolsanaro e os super-ricos. A política econômica deste governo genocida leva os pobres à miséria e a mantém a concentração da riqueza nas mãos de punhado de burgueses.

Desde o começo da pandemia, o Brasil viu surgir 75 novos bilionários, totalizando 315 pessoas neste grupo que acumulam, juntas, uma fortuna de R$ 1,9 trilhão. Para se ter uma ideia, isso dá 1/4 do PIB do país. Enquanto isso, 5 milhões de brasileiros entraram na linha da pobreza. A renda dos trabalhadores despencou mais de 11% por conta do desemprego e da inflação, as famílias se endividam e, no país em que mais se produz alimentos no mundo, pessoas são obrigados a catar resto de comida em caminhões de lixo e fazer filas para pegar ossos.

Essa desigualdade é fruto do sistema capitalista, e a sua crise exacerba ainda mais essa contradição, agravada com pandemia. A desigualdade social é uma constante no Brasil porque todos os governos, da Colônia à República, atuaram de acordo com as necessidades das elites e do imperialismo, o que reforça ainda mais a exploração e a rapina. Nem mesmo os governos do PT solucionaram ou mesmo amenizaram esse problema, pois não tocaram nos lucros e propriedades dos super-ricos.

Para mudar de fato e ter empregos, renda, salário e serviços públicos, é preciso taxar os super-ricos e as grandes fortunas. Parar o pagamento da dívida aos grandes banqueiros e impedir as remessas de lucros. Estatizar as grandes multinacionais que controlam 70% da economia e colocá-las sob direção operária para atuarem de acordo com os interesses da população. Colocar a Petrobras sob controle dos trabalhadores, retomando as ações que estão hoje nas mãos de megainvestidores estrangeiros, e colocando-a para produzir combustível e gás a preço de custo. Reestatizar as empresas privatizadas, como a Vale e a Eletrobras.

É preciso, enfim, um programa socialista que enfrente o grande capital, os super-ricos e os bilionários. O PSTU entende que é necessária uma alternativa da classe trabalhadora que defenda esse projeto, tanto nas lutas quanto nas eleições. Por isso, apoia e constrói o Polo Socialista Revolucionário.