Os números divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) neste dia 17 dão uma mostra mais precisa do tamanho do desemprego nesse país. São 27,7 milhões de pessoas sem trabalho no primeiro trimestre de 2018, ou 24,7%, o maior índice desde o início desse tipo de pesquisa em 2012. No final do ano passado esse índice era de 23,6%.

Após ter divulgado, no final de abril, o aumento do desemprego no 1º trimestre do ano (de 13,1% o que dá 13,7 milhões de pessoas), o órgão especifica agora quantos trabalhadores estão efetivamente sem emprego, a chamada “subutilização da força de trabalho”. Isso porque o critério utilizado para desemprego (desocupação) pelo órgão conta apenas os trabalhadores que buscam emprego no período, mas não encontram. Já nos dados divulgados nesta quinta entram, além da taxa de desocupação, a subocupação por insuficiência de horas (quando a pessoa trabalha menos de 40h semanais, mas precisaria trabalhar mais) e a força de trabalho potencial (que inclui o chamado desemprego por desalento, quando a pessoa já desistiu de buscar trabalho).

Nessa taxa de subutilização da força de trabalho incluem-se os 13,7 milhões de desocupados, 6,2 milhões de trabalhadores que trabalham menos do que precisariam, e 4,6 milhões de pessoas que desistiram de buscar trabalho, este também o maior índice já registrado nessa pesquisa, 60% deles só no Nordeste. No final de 2017 o número de desempregados por desalento era de 4,3 milhões.

Só para se ter uma ideia do tamanho dessa crise social, na Bahia esse índice de desemprego é de 40,5%.  Ou seja, quase metade dos trabalhadores baianos está sem emprego. Em Alagoas, são 38,2% e Maranhão 37,4%.

Guerra social
Os números da Pnad dão apenas uma indicação da verdadeira guerra social contra os trabalhadores nessa crise, mas tampouco refletem o real tamanho do massacre. Isso porque não conta os trabalhadores submetidos aos empregos precários e ao subemprego. Num país como o Brasil, cuja “commoditie” mais exportada é a superexploração do trabalho, esse número sempre foi alto, até mesmo nos períodos de bonança. Agora, emerge como um verdadeiro drama, mostrando o caos social e a miséria a que são submetidos diariamente milhões de trabalhadores.

O levantamento do IBGE também rebate o argumento de que o desemprego em massa é o resultado do impeachment, ou o “golpe”, como alardeia muitos setores da esquerda. O desemprego amplo ganhou impulso ainda em 2014, no marco da política de ajuste e ataques do governo Dilma. No primeiro trimestre de 2014, por exemplo, a subutilização da força de trabalho era de 15,6%. Em 2015, 16,5%. Já em 2016, sobe para 19,3%. Quando Dilma é afastada, já está acima dos 20%.

O país precisa de uma rebelião
O desemprego explode em tempos de crise para aumentar a exploração da classe trabalhadora, assim como o trabalho precário e a retirada de direitos. Mas ele é uma condição permanente sob o capitalismo. Qual é a lógica de se desperdiçar milhões de trabalhadores se não para o lucro de poucos? Para enfrentar o desemprego é necessário revogar os ataques aos direitos impostos por Dilma e a reforma trabalhista de Temer.  Já está provado que, além de não gerar empregos, a “flexibilização” de direitos só serve para precarizar o trabalho e ainda aumenta o desemprego. Mas é preciso ir além. Para garantir o mínimo de dignidade aos trabalhadores é preciso atacar o lucro e a propriedade das grandes empresas e bancos.

Como medidas emergenciais para enfrentar esse massacre, é preciso reduzir a jornada de trabalho para 36h, aumentar os salários e proibir as demissões, com a expropriação das empresas que insistirem em demitir, sob o controle dos trabalhadores. Reduzindo a jornada, todos têm emprego. É necessário ainda estender o seguro-desemprego para dois anos.

Há muita gente sem emprego, e muito trabalho a se fazer. É necessário parar de pagar a dívida e investir em um grande plano de obras públicas para gerar empregos e atacar problemas estruturais como a falta de moradias, saneamento, escolas, hospitais, etc. Só um programa socialista pode acabar essa indecência que é o desemprego nesse país. O Brasil precisa de uma rebelião e uma revolução socialista.

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