No dia 19 de agosto, um caminhão bomba explodiu ao lado do prédio onde funcionava a ONU em Bagdá. Na explosão morreu o chefe da missão da ONU, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Os governos imperialistas, e também os governos cúmplices e reformistas de todo tipo, se apressaram em sair na defesa da ONU e sua missão humanitária e a condenar os atentados porque, segundo eles, seriam contra o povo iraquiano, contra a paz, etc.
É uma grande mentira. Por 12 anos, o povo iraquiano sofreu sanções que impediram o país de receber remédios e alimentos. Este bloqueio causou grandes sofrimentos ao povo iraquiano e dizimou sua população, em particular crianças e idosos. Essas sanções foram aplicadas em nome da ONU e aprovadas em seu Conselho de Segurança. Realmente é difícil para os iraquianos acreditarem na missão humanitária desse organismo.
Além disso, apesar do Conselho de Segurança da ONU não aprovar formalmente a invasão anglo-ianque, ele não moveu um dedo para impedí-la. Nem sequer votou uma resolução que condenasse o EUA e a Inglaterra por violar a soberania de outro país membro da ONU. E, depois da ocupação, não questionou a autoridade dos EUA sobre o território iraquiano e suas riquezas, em particular o petróleo. Ao contrário, apenas mendigou um papel na reconstrução do Iraque (leia-se dividir o bolo com seus sócios imperialistas europeus). O enviado para cumprir essa missão foi Vieira de Mello, eleito pessoalmemte por Kofi Annan com o apoio de Bush, que além de representar in loco os interesses das demais potências da ONU, trataria de dar cobertura humanitária à ocupação dos EUA.
Com a situação que já descrevemos: penúria econômica, saque das riquezas, invasão das transnacionais imperialistas, soldados estrangeiros perseguindo e hostilizando permanentemente a população, não é de estranhar que a ONU seja vista pelos iraquianos como parte do esquema da ocupação e, portanto, alvo também, do justo ódio e indignação dos iraquianos.
Post author
Publication Date