No 7 de abril, a direção do sindicato dos metalúrgicos convocou uma assembléia dos operários da Volks para aprovar a proposta da empresa: produzir o carro Tupi Europa e em contrapartida aceitar a terceirização de dois mil postos de trabalho.
Pela manhã, os trabalhadores da Ala 21, que são a favor da vinda do Tupi e contra a terceirização, ocuparam à Via Anchieta e fizeram uma passeata até a casa de Lula, com faixas contra a Volks e a direção do sindicato.
Dois representantes, Sinval Sassá e Francisco Tico da Ala 21 conversaram com Lula. Ele disse que não podia fazer nada, mas ligou para Luiz Marinho e marcou uma reunião dos representantes da Ala 21 com a direção do sindicato.
Depois da conversa, os trabalhadores foram ao sindicato. Os representantes da Ala 21 pediram o adiamento da assembléia, marcada para o mesmo dia, por 15 dias. Marinho subordinou a aceitação da proposta ao consentimento da Volks, sabendo que esta não aceitaria. A atitude de Marinho, candidato de Lula à presidência da CUT, revela sua política truculenta de colaboração com os patrões.
A oposição distribuiu um panfleto com quatro propostas para o encaminhamento da votação:
1) Quem era a favor da vinda do Tupi;
2) Quem estava a favor da terceirização;
3) Formar uma comissão com representantes das áreas envolvidas, o sindicato e o Sistema Único de Representação para falar com Lula;
4) Ter o direito a palavra.
Mas a direção do sindicato manobrou para aprovar a proposta da empresa. Primeiro, colocou em votação se os trabalhadores queriam que alguém falasse contra a vinda do Tupi. Mesmo assim, mais de 4 mil trabalhadores votaram que sim e 7 mil disseram não. O problema é que o debate não era esse. O debate era se estavam a favor ou contra a terceirização.
Coube ao vice-presidente do sindicato, Feijó, fazer a chantagem: se a assembléia não votasse, a empresa entenderia que os trabalhadores não queriam a vinda do Tupi. Os trabalhadores, encurralados, aprovaram a proposta da Volks. Em suma: o Tupi será produzido em 2005 e a terceirização pode começar já.
Ficou mais do que evidente que o sindicato fez o jogo da direção da Volks. Vários trabalhadores foram para cima do carro de som. Depois de 30 minutos, a direção do sindicato saiu escoltada por militantes de outras fábricas e seguranças, os bate-paus
Post author Emannuel Satã,
de São Bernardo do Campo (SP)
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