Os metalúrgicos ligados a Federação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (FENAM) iniciaram, mesmo contra a vontade da direção da central, uma campanha salarial de emergência no mês de março. A campanha está mobilizando metalúrgicos no Estado de Minas Gerais e em São José dos Campos, Campinas e Limeira, no interior de São Paulo.
Em Minas a agitação é constante nas principais fábricas, como a Mannesman e a Belgo Mineira. Em São José dos Campos já foram realizadas duas paralisações na General Motors, de duas horas cada, onde os trabalhadores reivindicavam reajuste dos salários e protestavam contra a guerra. O Conselho de Representantes reuniu-se no dia 29 de março, com trabalhadores de 25 fábricas, e decidiu colocar mais fogo na campanha, com manifestações na Philips, Bundy, Isotec e outras fábricas. Em Campinas começaram a realizar assembléias nas portas das fábricas, como na Bosh freios e na Gevisa, e no dia 8 de abril a Bosh Continental parou. Na Indisa, a patronal já cedeu os 10,34%.
Os trabalhadores estão reivindicando reposição da inflação de novembro a fevereiro (10,39%), gatilho salarial de 3% e redução da jornada de trabalho para 36 horas, sem redução de salário. O ponto alto da campanha foi o dia 3 de abril, com um ato na Avenida Paulista, em São Paulo. Em seguida representantes dos sindicatos de São José dos Campos, Campinas e Limeira e da Federação Estadual dos Químicos entregaram a pauta de reivindicações à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Tudo isso apesar do presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM), Adi dos Santos Lima, afirmar que os metalúrgicos preferem abono para não gerar inflação. Não estamos pedindo integração de aumento no salário porque isso é política de gatilho salarial, que é perigosa neste momento afirma Adi. No mesmo tom, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e candidato a presidência da CUT, Luiz Marinho, afirmou aos jornais que os trabalhadores não necessitam de gatilho salarial, porque o que há é somente uma bolha inflacionária.
Além da FENAM, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, filiado a Força Sindical, também está em campanha pela correção de 10% para as categorias que tiveram data-base em novembro. Os informes do sindicato afirmavam que 39 empresas fecharam acordo beneficiando 16.120 pessoas. O problema com a Força é que já deram uma trégua aos patrões do setor de autopeças e fundição e suspenderam o movimento.
Campanha forte em São José dos Campos
Jocilene Chagas,
de São José dos Campos
A campanha veio em boa hora. Está todo mundo na mão de agiota. O salário não dá pra nada. A gente sempre ouve essa lenga-lenga de inflação, mas os ricos continuam cada vez mais ricos. Nossa força de trabalho precisa ser valorizada e isso depende de nós. José Carlos de Lima trabalha há oito anos na Inepar e é coordenador da comissão de fábrica |
A Campanha Salarial de Emergência dos metalúrgicos está a todo vapor. Em todas as assembléias os trabalhadores têm demonstrado grande disposição de luta. Já houve atraso na entrada de turno em diversas fábricas e, se não houver acordo, haverá greve.
Nas assembléias, os metalúrgicos rejeitaram a substituição do reajuste por um bônus, como propôs a Articulação Sindical. O trabalhador não agüenta mais tanto arrocho. Desde novembro de 2002 a nossa pauta já incluía o gatilho salarial, mas na época tanto a FEM (Federação Estadual dos Metalúrgicos) como a Força Sindical foram contra. Diziam que iria gerar inflação. Mas, a realidade mostrou que mais uma vez os trabalhadores foram prejudicados. Os 10,26% que conquistamos na campanha passada já perderam seu valor, ressaltou o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Adilson dos Santos.
A pressão está obrigando algumas empresas a abrir negociação. Na GM e no Grupo 9 (eletroeletrônico) já houve uma primeira rodada de negociações.
Post author Américo Gomes,
de São Paulo
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