O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, fala à imprensa.Foto Tânia Rêgo/Agência Brasil
Juventude do PSTU

Gabito Fernandes

A educação pública do Brasil vem sofrendo fortes retrocessos. No ensino básico, o desinvestimento e a evasão escolar crescem.  Já no Ensino Superior, os últimos governos impuseram uma agenda de fechamento de turmas, cursos e campus e a terceirização dos funcionários já atinge várias instituições. O golpe de morte às universidades pode vir agora, em um eventual governo Bolsonaro.

Mesmo sendo deputado há quase 30 anos, Jair Bolsonaro chegou ao segundo turno das eleições no Brasil se declarando “anti-establishment”, ou seja, “contra tudo o que está aí”. A indignação da classe trabalhadora contra o desemprego e alta dos preços de tudo, desde as contas de luz até a passagem do ônibus, explica como mesmo uma boa parte dos jovens deposita confiança no ex-militar.

Mas além de deputado, corrupto e difusor de um terrível discurso de ódio, Bolsonaro não apresenta nada de novo, e vai seguir atacando os trabalhadores e a juventude como todos os governos de plantão. Por recomendação do Banco Mundial, ele estuda agora propor que o parlamento brasileiro aprove um projeto de lei que obriga jovens com uma “maior renda” a pagar pelo acesso à universidade pública.

A juventude brasileira, um dos setores mais afetados por esta crise capitalista que gerou milhões de desempregados, já sofre com a falta de acesso escasso às universidades. Estamos em um ponto em que já não é sequer possível se falar com seriedade de uma universidade pública, já que os governos do PT trataram de enriquecer com dinheiro público o ensino privado, com programas como Prouni e FIES.

Ao considerar esta proposta, Bolsonaro vai seguir o mesmo caminho, desestimulando a produção científica por parte do Estado brasileiro e, ao invés de ampliar as vagas para as universidades públicas, tornar o ingresso cada vez mais difícil. Não sabemos ainda que critérios serão utilizados por uma futura Proposta de Emenda à Constituição (PEC), mas com certeza não serão os filhos da burguesia os prejudicados por esse ataque.

O Banco Mundial, assim como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e outras instituições predatórias do imperialismo, só tem um interesse: aumentar a qualquer custo, o lucro dos patrões, banqueiros e grandes empresários. O que propõe é que um programa como o FIES seja estendido também as universidades públicas, para engrossar o exército da juventude endividada do país.

Além de o ganho ser mínimo com esta medida, não ataca o problema central: a falta de investimento, e o fato de que a dívida pública é que consome quase metade do que é arrecadado pelo governo.

Não podemos aceitar este retrocesso. É preciso seguir nas lutas, como uma parcela dos jovens já fez nos atos do #elenão, e nas ocupações de escolas e universidades dos últimos anos.

O indicativo é de que Bolsonaro, na linha do corrupto e repressor Temer, também desrespeite a autonomia universitária, desconsiderando as indicações de reitores. Há também a confusa e preocupante proposta de militarizar as escolas.

Nos Comitês Contra Bolsonaro, grêmios estudantis e centros acadêmicos país afora, precisamos unificar as pautas com a classe trabalhadora, e dar basta à interferência externa no desenvolvimento do país, em defesa da criação imediata de vagas nas universidades e por um ensino público e gratuito para todos e todas, com controle autônomo de estudantes, funcionários e professores!