O preço do barril de petróleo a US$ 45 garante o financiamento da exploração e extração do petróleo e gás natural do pré-sal.

  • A partir de agora a tendência é de não haver baixa prolongada abaixo de US$ 70 o barril.
  • O plano estratégico anunciado é endividar a Petrobras e o Brasil em US$ 174 bilhões nos próximos cinco anos.

    A Petrobras acaba de descobrir vastas reservas de petróleo e gás natural no pré-sal de águas ultraprofundas abaixo do Oceano Atlântico. Contudo, já garantiu o fornecimento de 200 mil barris de petróleo para a China durante dez anos e já anunciou que a cota será aumentada. Endividar ao máximo os países que têm vastas reservas de petróleo e gás natural é uma das recomendações da Agência Internacional da Energia (EIA).

    O plano estratégico anunciado pela própria Petrobras é endividar a Petrobras e o Brasil em US$ 174 bilhões nos próximos cinco anos. A fonte dos empréstimos é principalmente a China.

    Até a Petrobras chegar às profundezas do Atlântico, é uma longa história. A história do desenvolvimento da sociedade brasileira pode explicar o momento atual que vivemos.

    Origens
    A partir do ano 1500, o crescimento rentável da cana-de-açúcar criou a escravidão. Primeiro foram os índios aprisionados. Depois, os negros que foram trazidos em grande número da África. Atualmente, ainda imperam os coronéis dos canaviais no nordeste brasileiro.

    A descoberta de ouro nas Minas Gerais, em 1695, mudou o foco das atenções comerciais dos exploradores europeus do nordeste para o sudeste. Numa relação mercantilista, o comércio do Brasil era quase exclusivamente ligado a Portugal. Muito tempo depois, Brasil já República, a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) que fez o mapeamento geológico de todo o continente brasileiro, descobre um leque de outros minerais além de ouro.

    Quando Napoleão Bonaparte invade Portugal em 1807, o príncipe regente, mais tarde rei Dom João VI, é transportado para o Brasil. Em 1815, ele declara o território brasileiro como Reino Unido, incluindo Brasil e Portugal. Em 1821, Dom João VI regressa à Lisboa, deixando no Brasil o seu filho Dom Pedro que se transforma no primeiro imperador do Reino Unido.

    Em 1831, após turbulento período regencial, Dom Pedro é deposto e assume o trono Dom Pedro II que cumpre ordens da Inglaterra e pratica o massacre do povo paraguaio. Durante seu reinado, o café começa a substituir o interesse comercial pela cana-de-açúcar como novo esteio da burguesia nacional. É quando nasce o movimento contra a escravidão, cuja abolição ocorre em 1888. Posteriormente, a burguesia urbana e os militares forçam a abdicação de Dom Pedro II. Um golpe em 1889 faz do Brasil uma República.

    Getúlio Vargas assume o poder em outro golpe em 1930, permanecendo como ditador até 1945. Vargas volta ao poder como presidente eleito e permanece de 1950 até 1954. É quando acontece a luta histórica do povo brasileiro “O petróleo é nosso”, que resulta na confirmação do monopólio estatal do petróleo para a Petrobras do Brasil.

    Depois de Juscelino Kubitchek, que construiu Brasília, inaugurada em 1960, vem Jânio Quadros. Em 1963, é achado o campo de petróleo de Carmópolis, o primeiro pré-sal terrestre.

    De 1964 até 1985 é o período da ditadura militar na República do Brasil. O primeiro presidente eleito pós-golpe militar foi Fernando Collor de Mello, que foi um desastre, deixando o mandato sob processo de impedimento por corrupção em 1992. Collor hoje é membro da comissão de investigação de corrupção na Petrobras.

    Depois de Itamar Franco, veio dois mandatos de FHC, e Lula completa, agora, o seu segundo mandato. É a partir de FHC que os ataques à Petrobras foram intensificados.

    FHC quebrou o monopólio estatal do petróleo para a Petrobras, criou a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o regime de concessão (entrega), entregando às Big Oil Company, via leilões, as acumulações e reservas de petróleo e gás que foram descobertas pela Petrobras do Brasil. Hoje, 60% das ações da Petrobras são negociadas na bolsa de valores de Nova York.

    Agora Lula tem como missão complementar o processo de entrega, criando uma comissão interministerial constituída por Dilma Russeff (PT) e Edison Lobão (PMDB) para copiar o regime de partilha (doação) da Noruega. E é Dilma quem preside o conselho acionista que ainda controla a Petrobras. Pior ainda, Dilma quer criar uma nova empresa estatal para gerenciar o negócio petróleo com o fim de transformar a Petrobras numa gigante terceirizada para as Big Oil. A entrega e a doação estão sendo preparadas sob o argumento de que a Petrobras não tem como explorar e extrair as reservas de petróleo e gás do Brasil.

    Já foi confirmado que o preço do barril de petróleo a US$ 45 garante o financiamento da exploração e extração do petróleo e gás natural do pré-sal abaixo das profundezas do Oceano Atlântico.

    O preço do barril de petróleo líquido bruto já começa a ultrapassar a casa dos US$ 70, 56% acima do necessário, US$ 45, comunicado pela própria Petrobras. No dia 19 de agosto de 2009, chegou a US$ 72,42, o mesmo patamar de maio a setembro de 2006.

    No início da crise econômica mundial do final de 2004 até final de 2006, a elevação de 94% do preço do barril de petróleo, saindo de US$ 36 para US$ 70 o barril, ocorreu num período de dois anos. Agora, o mesmo índice de elevação acontece, em 2009, em apenas oito meses.

    Do final de 2006 até junho de 2007, o preço do barril de petróleo permaneceu no patamar de US$ 60. A partir de junho de 2007 até julho de 2008, a elevação foi de 143%, quando o preço do barril atingiu US$ 146,38.

    Desta vez, a tendência é de não haver baixa prolongada abaixo de US$ 70 o barril. O reflexo disso é a piora do nível de vida do povo brasileiro, pois os salários reais estão cada vez mais crescendo como rabo de cavalo.

    Só existe uma luta: todo o petróleo tem de ser nosso, e Petrobras, 100% estatal e sob o controle dos trabalhadores.