Foto Sindicato dos Metroviários

É necessária uma ampla campanha de solidariedade aos metroviários e pela anulação de todas as demissões

Numa assembleia marcada pela indignação com a truculência do governo Geraldo Alckmin (PSDB), os metroviários aprovaram nessa segunda-feira a suspensão da paralisação iniciada no último dia 5 e a manutenção do estado de greve, com nova assembleia no próximo dia 11, quarta-feira, e indicativo da retomada da paralisação a partir de 12 de junho, dia da abertura da Copa do Mundo.

Os metroviários exigem a reversão das 42 demissões anunciadas pelo governo paulista. Os demitidos foram comunicados através de telegramas e incluem diretores do sindicato e cipeiros. Foram cinco dias enfrentando a intransigência do governo paulista e uma Justiça subserviente que, primeiro, determinou a obrigatoriedade da manutenção de 100% da circulação dos trens em horário de pico e 70% no restante, o que na prática inviabilizaria a greve e que, depois, decretou a abusividade do movimento, possibilitando ao governo realizar as demissões.

Os trabalhadores do Metrô tiveram que enfrentar ainda uma campanha massiva da imprensa, alinhada com os interesses do governo do estado. Surpreendentemente, os funcionários da estatal receberam inúmeras mensagens e demonstrações de apoio, tanto de outras categorias, como da própria população. Declarações de apoio foram enviadas de várias partes do país e até de fora do Brasil. No ato público em solidariedade à greve realizado nesse dia 9, por exemplo, papeis picados eram atirados do alto dos prédios em sinal de solidariedade.

Alckmin declara guerra aos trabalhadores
Sofrendo com o desgaste provocado pela paralisação e percebendo o amplo apoio que se formava ao redor da mobilização, o governo paulista recrudesceu sua truculência e partiu para cima dos trabalhadores. Na madrugada desse dia 9, mais uma vez, enviou a Tropa de Choque para reprimir um piquete no Metrô Ana Rosa. Treze metroviários foram detidos e vários ficaram feridos.

Após o ato de solidariedade à greve realizado por metroviários, ativistas, estudantes e sem-tetos, o governo atendeu ao pedido das centrais sindicais e marcou uma reunião na Delegacia Regional do Trabalho. No entanto, não avançou em nenhuma proposta. A direção da empresa chegou a sinalizar com a readmissão dos 42 demitidos, único ponto colocado pelos metroviários para voltar ao trabalho. Alckmin, porém, pessoalmente teria barrado a medida. Para a imprensa, o governador não só reafirmou as demissões como ameaçou demitir ainda mais metroviários caso a greve persistisse.

Os trabalhadores do Metrô havia, nesse domingo, enviado uma carta ao governo federal reivindicando uma mediação junto ao governo estadual para a resolução desse impasse. Além de não receberem resposta, o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, ofereceu a Alckmin “toda ajuda” que necessitasse para lidar com a greve.

Nenhuma demissão!
Para Alckmin era fundamental derrotar a greve dos metroviários. Mais do que uma questão econômica, o governo paulista não queria “abrir um precedente” para outras categorias num período de Copa do Mundo, como chegou a afirmar interlocutores do tucano à imprensa. Assim como fez com o Pinheirinho, Alckmin quer transformar os metroviários num exemplo. 

A mobilização que a categoria protagonizou nos últimos dias, no entanto, está longe de terminar. Os metroviários realizaram uma das maiores e mais longas greves da categoria, com um grau de adesão que se aproximou dos 100% e contou com repercussão internacional. A truculência e intransigência demonstrada por Alckmin só provocaram mais indignação à categoria, que promete não se curvar às arbitrariedades do governo.

Pouco antes de votarem pela manutenção do indicativo de greve, todos os demitidos foram para a frente da assembleia e, em meio a bastante emoção, todos entoaram: “Nenhuma demissão! Nenhuma demissão!”. “Temos que continuar essa luta, não por nossas pautas, mas pelo direito de lutar“, defendeu a metroviária Camila Lisboa, uma das demitidas. A votação foi bastante dividida, com parcela significativa da assembleia desejando a continuidade da greve.

Mais do que nunca, é necessária toda a solidariedade aos metroviários de São Paulo, com uma ampla campanha pela anulação das demissões e contra a truculência de Alckmin.

LEIA MAIS
Após repressão, ato em solidariedade à greve dos metroviários reúne mil em SP 

Souto Maior: As ilegalidades cometidas contra o direito de greve