Assembleia na sede do sindicato
SindmetalSJC

Unindo forças com os sindicatos mais combativos do estado de São Paulo – Campinas, Limeira e Santos – os metalúrgicos de São José dos Campos e região aprovaram, no dia 18 de julho, a pauta de reivindicações da Campanha Salarial 2009. A categoria vai reivindicar reposição da inflação mais aumento real, equivalentes a cerca de 15%, além de cláusulas sociais, estabilidade no emprego e redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais.

A mesa foi composta pelo presidente do sindicato Vivaldo Moreira, trabalhador da General Motors, e Keila Mendes, trabalhadora da TI-Bundy, fábrica de autopeças. Estavam presentes trabalhadores metalúrgicos da região, inclusive companheiros que recentemente foram demitidos.

A assembleia teve início com a exposição dos economistas da campanha salarial, Jason Borba e José Pompeu, sobre a atual situação do mundo e do país nesse período de crise econômica. Pompeu ressaltou a gravidade da atual crise econômica, responsabilizando os “sanguessugas capitalistas” por ela. Ressaltou o que já tem sido sentido por todos os presentes: quem acaba pagando pela crise são os trabalhadores e o povo pobre em geral.

Foi ressaltado o aumento dos preços em geral, tanto dos alimentos quanto dos bens de consumo e, principalmente, das tarifas de água, luz e telefone. Jason ressaltou também as vergonhosas isenções de impostos que Lula tem cedido aos empresários. No caso do trigo, por exemplo, teve uma significativa diminuição nas tarifas que não foi repassada para o preço do pão e de outros produtos tão necessários à mesa da classe trabalhadora.

A isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as montadoras e outros produtos é um verdadeiro presente aos patrões. As montadoras começaram o ano demitindo e colocando trabalhadores em férias coletivas, usando essas inclusive para chantagear e ameaçar os trabalhadores com a redução da jornada com redução de salário. Hoje, esse setor é o que mais tem batido recordes de produção de veículos, como aconteceu no primeiro semestre.

As empresas estão “arrancando o couro” do trabalhador. Demitiram um número significativo de funcionários nas fábricas, e os que ficaram têm de dar conta de uma produção elevada. Muitos acabam trabalhando por dois ou até três trabalhadores. A produtividade física dos trabalhadores aumentou demais.

É por isso, que o eixo da assembleia foi um só: que os patrões paguem pela crise. Para isso, os trabalhadores aprovaram pontos de grande importância para essa luta.

Rosangela Calzavara, diretora do sindicato e trabalhadora da Embraer, que faz parte da comissão que estudou e construiu a nova proposta das cláusulas sociais da categoria conjuntamente com os outros três sindicatos, expôs as novas propostas de alteração nas cláusulas. Nelas, estaremos lutando em defesa dos trabalhadores lesionados, das mulheres, da juventude trabalhadora e, também, para a ampliação das garantias de organização no local de trabalho, com Cipas, Comissões de Fábrica e delegados sindicais.

Alguns metalúrgicos ressaltaram a necessidade de também lutar pela redução da jornada para 36 horas semanais sem redução de salário e pela estabilidade no emprego, exigindo essa do governo federal.

O índice de reajuste salarial pedido pela categoria em torno de 15%. As propostas foram votadas por unanimidade pelos trabalhadores, com os dois braços erguidos. Também foi votada a proposta da luta pelo gatilho salarial, a construção do dia nacional de luta em 14 de agosto e uma moção de repúdio aos patrões da fábrica Swissbras que, no dia 7 de julho, demitiu três membros da Cipa.

Por último, Vivaldo encaminhou a proposta de se realizar assembleias nas portas das fábricas nas próximas semanas para dar o pontapé na campanha salarial. No dia 21, representantes dos quatro sindicatos encaminharam a pauta aos representantes dos patrões na Fiesp.

O presidente do sindicato terminou a assembleia ressaltando a necessidade de os trabalhadores casarem a luta da campanha salarial às lutas mais gerais da categoria e do povo brasileiro, como a reestatização da Embraer.

*Herbert Claros é vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região