Reajuste mostra traição do sindicato do ABC, que aceitou acordo rebaixadoTerminou a greve dos trabalhadores da Honda, em Indaiatuba (SP) e da Toyota, em Sumaré (SP). Ao final, eles conseguiram 10% em seus salários: recuperaram 4,4%, referente a inflação medida pelo INPC nos últimos 12 meses, e conquistaram 5,35% de aumento real.

Os operários estavam em greve desde a segunda-feira, 14. Diante das greves, as direções da Toyota e da Honda negociaram diretamente com o sindicato. O Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, ligado à Intersindical, está mobilizado junto com os sindicatos de São José dos Campos, Limeira e Santos. Em São José dos Campos, onde o sindicato é filiado à Conlutas, os metalúrgicos da GM iniciaram greve por tempo indeterminado, rejeitando também o acordo proposto pela patronal.

Foi o maior acordo negociado até agora nesta campanha salarial dos metalúrgicos. Em assembleia no domingo, 13, eles rejeitaram a proposta do Sindicato dos Fabricantes de Veículos Automotores (Sinfavea), de 6,53% mais abono de R$ 1.500, e decidiram manter a greve.

Em São Caetano do Sul, a direção do sindicato, filiado à Força Sindical, tentou manobrar a votação na assembleia para que os operários aprovassem os 6,53%. Os trabalhadores atropelaram a direção e foram contrários à proposta.

Sindicato do ABC traiu operários
Já os sindicatos do ABC, de Taubaté e de São Carlos, ligados à CUT, aceitaram o acordo rebaixado, afirmando que não era possível conquistar mais. Agora, a vitória na Toyota e na Honda mostrou que era possível ter arrancado um aumento real maior do que os 2%.

Sobre o reajuste na região de Campinas, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC encontrou uma justificativa no mínimo questionável. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, afirmou que os salários no interior são mais baixos e, por isso, foi possível um aumento real maior. Na verdade, depois do início da crise, as empresas têm contratado trabalhadores com salários reduzidos no ABC, chegando a até um terço do que recebiam os que foram demitidos.

Ele se apegou ao abono de R$ 1.500 que, supostamente, representaria um aumento maior. Contudo, o abono não é incorporado ao salário, ou seja, não representa um aumento real nos vencimentos e é contado para fins de benefícios.

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