Número de participantes superou todas as expectativas e a mesa teve que ser desdobrada em duas
A plenária de conjuntura que teve início logo no segundo dia do I Encontro Nacional do MML, o primeiro em Sarzedo após a abertura ocorrida na noite anterior na capital Belo Horizonte, começou bastante animada, com o microfone aberto e várias participantes se sentindo à vontade para cantar, propor dinâmicas ou recitar versos.
Compuseram a mesa a CSP-Conlutas, o Sindicato dos Trabalhadores da USP, representante da Condsef, o Sindicato dos trabalhadores da construção civil de Altamira, o Sindicato dos Bancário do Rio Grande do Norte, além da ANEL. Devido ao grande número de participantes que superou todas as expectativas (foram mais de 2300 inscrições, mais que o dobro do esperado), a mesa de conjuntura teve de ser desdobrada em duas mesas, que ocorreram simultaneamente.
Camila Lisboa, da CSP-Conlutas e do MML falou sobre as lutas em curso no mundo, destacando que o Brasil, após as jornadas de junho e as paralisações de julho e agosto, entrava em sintonia com as lutas internacionais, inclusive com a Primavera Árabe. “Existe uma guerra civil na Síria e a maior tarefa dos trabalhadores é enfrentar o seu maior inimigo: a ditadura de Assad” afirmou. “Por isso nós, que estamos organizadas e em luta, não podemos ter dúvidas: devemos manifestar todo o apoio à revolução síria”.
Lisboa ainda relacionou o encontro com a atual conjuntura do país, principalmente a greve dos educadores que segue forte no Rio e que enfrenta os governos Paes e Cabral. “A greve na educação no Rio é categórica; é o grande exemplo de que os ataques sobre os trabalhadores não vão passar”, disse. “Há mobilização marcada para segunda-feira e que pode reunir dezenas de milhares. É possível que essa mobilização, junto com a luta em curso na USP, abra um novo momento de mobilizações no Brasil“, ressaltou.
Ela também falou sobre a criminalização dos movimentos sociais e a perseguição sofrida pelos ativistas no Rio Grande do Sul, incluindo o militante do PSTU Matheus Gomes, que teve sua casa invadida e vários pertences apreendidos pela polícia. “Aqui não tem formação de quadrilha, aqui tem movimento social organizado para derrubar esses governos“, afirmou.
As mulheres operárias estão tendo importante peso no encontro. Representando parte desse setor fundamental para o MML, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Altamira, Maria da Guia, também compôs a mesa de conjuntura. Explicou que Altamira é uma região marcada por conflitos e que, apesar de estar na luta sindical há 12 anos, foi só no ano passado, quando conheceu e passou a se organizar no MML, que as lutas passaram a ficar ainda mais fortes.
“Costumam dizer que a região de Altarmira é esquecida, mas queria dizer que é uma região esquecida pelos governos”, denunciou. “Porque para os movimentos sociais, populares, sindicais, é uma região muito viva e em luta contra o machismo e a exploração“, disse, destacando ainda: “Nós não vamos sair desse encontro só com uma carta em apoio às lutas em curso na região, não, mas mais que isso: nós vamos sair daqui mais fortalecidas para essas lutas e para aquelas que ainda estão por vir“.
A outra mesa de conjuntura
Juventude
Letícia Pinho, da ANEL e do DCE da USP, trouxe a luta da juventude para o debate, setor protagonista da onda de mobilizações que tomou conta do país em junho.”Minha geração cresceu ouvindo que o mundo sempre foi assim, que as coisas não iriam mudar e que o máximo que poderíamos fazer era sair em uma corrida individual; mas aí veio junho e suas jornadas nos mostrando que é preciso lutar e que é possível vencer“, disse. Letícia ressaltou ainda a importância da organização: “É muito importante fortalecer as nossas ferramentas de luta: a CSP-Conlutas, a ANEL, os sindicatos e as entidades estudantis“.
Letícia falou ainda da aliança operário-estudantil que se construía ali: “Estamos reunindo a indignação, a revolta e a explosão da juventude com a disposição e os métodos de luta dos trabalhadores“. Terminou chamando a continuidade das lutas: “Os governos não vão suportar porque a cada ato de junho, a cada paralisação de julho e agosto, a cada ocupação de reitoria, nós seguimos mais fortes; e assim eu digo: se junho foi grande, outubro vai ser ainda maior“.