``FotoOntem, por volta das 18 horas, no Anfiteatro Pôr do Sol, dezenas de milhares de pessoas – a grande imprensa fala numa multidão de 80 mil – aguardava o pronunciamento do recém empossado presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva. Havia uma grande expectativa sobre sua fala, particularmente no que diz respeito à polêmica viagem ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Em seu discurso, Lula explicou que pretende discutir os problemas sociais que atingem os países periféricos com os representantes do grande capital imperialista. Afirmou ainda que conta com sua trajetória de líder sindical e político que negociava com os militares durante a ditadura para levar as reivindicações dos trabalhadores e do povo pobre à Davos.

Porém esqueceu de falar que quando teve a reunião com o general Dilermando, em 1978, estava apoiado numa poderosa mobilização dos metalúrgicos do ABC paulista, mobilização esta que se transformou num dos principais fatores que levaria pouco tempo depois ao fim da ditadura militar. Ou seja, apoiado na heróica luta dos operários do ABC, Lula foi levar, a um representante da ditadura, as justas reivindicações dos trabalhadores e não emprestar seu prestígio junto à classe para negociar a manutenção da ditadura militar e ajudar essa mesma ditadura a adquirir um rosto mais “humano” e “democrático”.

``MilitantesA conferência de Davos só serve para “debater” as estratégias do imperialismo que se desdobrarão em mais ataques aos trabalhadores e povos do mundo. Por outro lado, o presidente do EUA, George W. Bush, prepara outra agressão militar contra o povo iraquiano e vai utilizar Davos para respaldar essa agressão.

A ida de Lula à Suíça, na verdade, só servirá para demonstrar mais uma vez ao mercado financeiro internacional que o governo brasileiro se manterá fiel aos “contratos” com o FMI e a implementação da Alca, o pagamento da dívida externa e à continuação das reformas neoliberais iniciadas por FHC, como o demonstra o reforma da previdência social. E que, inclusive, se dispõe a apoiar a agressão imperialista contra o Iraque, “desde que autorizada pelo conselho de segurança da ONU”.

``MilitantePor isso, no ato de ontem, milhares de ativistas, que diga-se de passagem apoiam entusiasticamente o governo, gritavam para Lula: “Fica! Fica! Fica!”. Estes ativistas sabem que é impossível convencer ao diabo cortar suas próprias garras. Mas Lula não resistiu à tentação do mercado e, logo após seu discurso, dirigiu-se à Davos.

Para o PSTU e a Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI), não será uma “boa conversa” que sensibilizará os bilionários sobre a fome e a miséria ou mudará os rumos da política imperialista de mais exploração e guerras contra os trabalhadores e países pobres de todo o mundo. Este senhores só conhecem a linguagem da luta de classes. Para resolver os problemas sociais, o caminho deve ser outro. Somente a luta organizada dos trabalhadores e povos oprimidos de todo o mundo contra o Fórum Econômico de Davos e o imperialismo poderá acabar a pobreza, a fome e as guerras. Um mundo socialista é possível!