LIT-QI

Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional

Declaração do Executivo Nacional do Partido Alternativa Comunista Alternativo (PdAC), Itália

Há alguns dias, após a aprovação do infame decreto «Security bis»[1] e especialmente a grotesca discussão parlamentar sobre o TAV [Projeto do Trem de Alta Velocidade] no Vale de Susa, as escaramuças entre os dois partidos do governo, a Liga e o Movimento 5 Estrelas (M5S) aumentaram progressivamente em intensidade, até o pedido de renúncia de Salvini para Conte, seguido por uma moção de desconfiança oficialmente apresentada pela Liga no Senado.

Mesmo que nada tenha sido decidido ainda, e formalmente a moção ainda pode ser retirada, o que constituiria em uma manobra para mudar ainda mais a agenda do governo no sentido das questões e posições defendidas pela Liga, uma recomposição dos conflitos parece bastante difícil no governo amarelo-verde liderado por Conte. A perspectiva das eleições, por outro lado, parece garantir uma maioria para Salvini, que já anunciou sua (óbvia) candidatura a primeiro-ministro, sozinho ou em aliança com outros partidos de direita, principalmente Fratelli d’Italia ( Irmãos da Itália), de Giorgia Meloni.

A queda do governo da Liga-M5S deve ser analisada do ponto de vista dos interesses da classe operária. Ao contrário do que gostaríamos como Partido de Alternativa Comunista, essa queda não ocorre nas lutas operárias ou nas lutas sociais, as quais, com certeza, virão em breve. As políticas do governo da Liga-M5S representam, de fato, uma continuação das políticas já implementadas pelos governos de Renzi e Gentiloni: estamos nos referindo às questões trabalhistas, com a manutenção dos Jobs act (Lei do emprego); na gestão de várias crises corporativas, por exemplo, Alitalia e Ilva, que o governo Conte tratou exatamente como seus predecessores; ou mesmo nas políticas de segurança e anti-imigração de Minniti, que representam a base sobre a qual Salvini se moveu (recrudescendo-as). Tudo isso nos mostra que qualquer governo liderado pelo PD (Partito Democratico) ou por uma coligação PD-M5S (desejado por grandes setores da burguesia italiana e inclusive pela Refundação Comunista … sic!) seria prejudicial para as massas populares oprimidas e exploradas, tanto quanto o governo M5S-Liga.

Nesta situação, é responsabilidade das direções do movimento operário, em primeiro lugar das direções dos grandes aparatos sindicais (até agora completamente inativos diante da aprovação de decretos racistas e liberticidas e inclusive cúmplices na aprovação do TAV), mas também das direções dos sindicatos combativos e de base, reativar a luta agora, sem esperar pelas próximas eleições, contra as principais medidas do governo M5S-Liga.

A oposição nas ruas, contra o Decreto de “segurança”, que será a base da repressão contra as lutas da próxima fase, é também central para construir uma ampla oposição social às políticas burguesas que atacam os trabalhadores, trabalhadoras, os jovens, as massas populares. Provavelmente, se uma forte oposição derrotasse o projeto de “segurança” nas ruas, a experiência com o governo de Conte teria se completado “a partir da esquerda”, impedindo assim a formação de um governo mais de direita: um golpe para a burguesia, um ponto a favor da nossa classe. Isso não aconteceu, e a principal responsabilidade recai sobre aqueles que não fizeram o possível para unificar as lutas operárias e sociais contra o governo e suas medidas antipopulares.

É necessário recuperar o tempo perdido e organizar imediatamente, nas ruas, a oposição social. Uma data importante será no dia 27 de setembro: será importante unir as forças juvenis e estudantis, que vão às ruas, com as forças operárias, com a consigna, sempre que possível, de greves e bloqueios da produção. Até o momento, o movimento operário não sofreu derrotas definitivas e ainda tem importante potencial de combate para ser colocado em campo, mas não podemos deixar o campo livre indefinidamente para as forças reacionárias, sem reagir, ou em algum momento elas vencerão sem disparar um tiro e sem possibilidade de resposta por parte da classe operária. A energia que as massas populares, afetadas pelos ataques deste governo e dos anteriores, podem colocar na luta é enorme: só está esperando a oportunidade para desencadear uma mobilização capaz de finalmente reverter a relação de forças em benefício das classes oprimidas.

Declaração publicada em: www.alternativacomunista.it, em 10/8/2019 /

[1] Decreto de Segurança e Imigração, elaborado pelo ministro do Interior, Matteo Salvini, que restringe a concessão de proteção humanitária no país para requerentes de asilo, muda algumas regras relativas ao reconhecimento de cidadania, além de incluir iniciativas para reforçar a segurança do país e combater a máfia. (Ndt português) https://oglobo.globo.com/mundo/parlamento-italiano-aprova-decreto-que-restringe-concessao-de-protecao-humanitaria-23264094

Tradução italiano/espanhol: Natalia Estrada

Tradução espanhol/português: Lena Souza