Manifestação de caminhoneiros em Goiás. Valter Campanato/Agência Brasil

É preciso cercar de solidariedade a greve dos caminhoneiros

A greve dos caminhoneiros chegou ao seu oitavo dia nesta segunda-feira, 28, parando o país e contando com o amplo apoio da população. A mobilização colocou o governo Temer nas cordas e enfrenta a intervenção militar decretada pelo governo. As refinarias estão ocupadas pelo Exército e a PM vem reprimindo caminhoneiros e manifestantes em várias partes, como em São Bernardo do Campo, onde um helicóptero despejou bombas de gás na rodovia Imigrantes.

As manifestações vem impulsionando a luta de outros setores que dependem do combustível, como os motoboys, os perueiros e taxistas, que armam barricadas e fecham o trânsito de forma espontânea, e também enfrentam a dura repressão da Polícia Militar.

Os petroleiros da Petrobrás vêm organizando e deflagrando, também pela base, paralisações nas refinarias e terminais. As entidades da categoria, por essa pressão, convocaram uma paralisação de 72h nesta quarta-feira, dia 30, em apoio aos caminhoneiros e contra a política de privatização da empresa.

A greve dos caminhoneiros vem sendo o estopim para a grande indignação que estava sendo gestada por baixo entre os trabalhadores e a população pobre desse país, ampliando sua pauta para além do combustível e colocando como alvo esse governo odioso.

Mobilização cresce após o anúncio de Temer
O governo Temer, completamente desmoralizado, fez concessões anunciando medidas como a redução de 46 centavos no litro do diesel por 60 dias. Mas, ao invés de acabar ou arrefecer com a mobilização, os bloqueios e as manifestações só cresceram e se radicalizaram.

Além de ninguém acreditar nesse governo, as medidas temporárias anunciadas por Temer não resolvem em absolutamente nada o problema. O diesel vai continuar aumentando todo mês, o preço da gasolina não muda em nada, e tampouco o gás de cozinha.

Isso porque o governo faz de tudo para não mexer na política de reajustes de preço do petróleo, alinhado ao mercado internacional. É essa política, a serviço da privatização da Petrobrás, o que vem provocando os absurdos aumentos do combustível e do gás de cozinha em favor dos lucros de meia dúzia de investidores em Nova Iorque.

Greve Geral Já!
É preciso cercar de solidariedade ativa a greve e a mobilização dos caminhoneiros e dos petroleiros. É preciso lutar por uma Petrobrás 100% estatal e sob o controle dos trabalhadores, não de corruptos e entreguistas. Só assim o preço do combustível e do gás de cozinha vão baixar.

É necessário organizar manifestações e paralisações onde for possível, unindo a luta pela redução do combustível e a reestatização da Petrobrás às demais lutas.  É hora de uma Greve Geral que unifique as lutas das categorias dos trabalhadores e da população pobre desse pais, pela redução do combustível e do gás de cozinha, mas também contra o desemprego em massa, pela revogação dessa reforma trabalhista e contra qualquer tipo de tentativa de mexerem em nossas aposentadorias.

As direções das maiores centrais sindicais, porém, como CUT, Força Sindical e UGT, além de não chamarem a Greve Geral, colocaram-se à disposição para negociarem a greve dos caminhoneiros. Ou seja, trabalham unicamente para acabar com a greve. As direções das centrais sindicais deveriam mudar essa posição vergonhosa e seguir o chamado realizado pela CSP-Conlutas e deflagrar a Greve Geral, pondo abaixo o governo Temer e esse Congresso Nacional corrupto.

Reduc ocupada pelo Exército

Intervenção militar não!
Diante da capitulação de grande parte da esquerda e da recusa das grandes centrais em convocar uma Greve Geral, muita gente fica à mercê do discurso que prega a intervenção militar. Apesar de não ser maioria, ele tem apelo em alguns setores. Na noite desta segunda, por exemplo, cerca de 200 pessoas se manifestavam a favor da intervenção na Av Paulista, e um pequeno grupo também protestava na Esplanada dos Ministérios.

É preciso combater duramente esse tipo de discurso, mostrando que, numa ditadura, a greve dos caminhoneiros seria simplesmente reprimida e seus líderes presos. Caminhoneiros, motoqueiros e petroleiros já estão vendo, na prática, os efeitos de uma “intervenção militar” através da repressão. O próprio Bolsonaro, que se utiliza desse tipo de retórica, apoiou de forma oportunista a greve, ao mesmo tempo em que é autor de um Projeto de Lei que pune obstrução de via pública por quatro anos. Por ele, os caminhoneiros estariam todos presos.

Esse país precisa de uma rebelião! Operários e o povo pobre no poder
Esse país precisa de uma rebelião! Só uma revolução e um governo socialista dos trabalhadores, que governe através de conselhos populares, pode mudar de fato a vida dos trabalhadores e do povo pobre.