Roberto Aguiar, de Salvador (BA)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira, 11 de janeirio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que teve um acumulado de 10,06% em 2021.  A alta é a maior para o período de janeiro a dezembro desde 2015 (10,67%), o que impacta diretamente no poder de compra do brasileiro, que voltou a ser assombrado por uma inflação de dois dígitos.

O IPCA é o indicador oficial de inflação no país. O resultado foi quase três vezes maior que a meta prevista pelo Banco Central (BC) – 3,75%. Também foi maior que a meta estipulada pelo mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam variação de 9,96% no acumulado de 2021.

Tivemos aumento nos preços de combustíveis, energia elétrica, alimentos e transportes. Habitação, transportes, alimentação e bebidas respondem por cerca de 79% do IPCA de 2021.

A disparada da inflação foi impulsionada por uma combinação de vários fatores. Em nosso país esse aumento foi proporcionado pela desvalorização do real ante o dólar, pela taxa de câmbio elevada, que encareceu os combustíveis, já que o dólar é levado em consideração pela Petrobras na hora de definir os preços nas refinarias de itens como a gasolina, e que teve grande peso no IPCA.

Como o governo Bolsonaro segue aplicando a mesma política econômica, a previsão é de que a situação não mudará em 2022, o que afeta diretamente no crescimento econômico, que se manterá anêmico, ainda mais com a alta dos juros definida pelo Banco Central com a justificativa de combater a inflação.

Crise recai sobre os pobres

Os pobres são os que mais sofrem com a crise, são os mais penalizados pelo avanço generalizado dos preços. Filas diárias de pessoas em busca de doações e cenas de pessoas cantando resto de comida nas ruas é parte de nossa realidade. De acordo com a FGV Social, quase 28 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza em nosso país.

A situação só piora, já que os preços sobem e os salários seguem rebaixados.A medida provisória assinada por Bolsonaro em 31 de dezembro de 2021 elevou o novo valor do salário mínimo para R$ 1.212. Como uma família vai sobreviver com esse valor no país que tem a 5ª maior taxa de inflação da América Latina? O salário mínimo ideal para que uma família de quatro pessoas pudesse se sustentar deveria ter sido de R$ 5.900,00 em dezembro, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Apesar de todo esse cenário de carestia, queda na renda do trabalho e empobrecimento, o governo Bolsonaro e Mourão segue alheio a esta situação e continuam impondo uma política econômica favorável aos ricos, que ataca direitos dos trabalhadores, reduz investimento nas áreas sociais e entrega nossas empresas estatais ao capital privado. A política de Bolsonaro é matar a classe trabalhadora pelo vírus – ao não combater o vírus – e pela fome – com aumento da inflação e queda na renda dos trabalhadores.

Para virar esse jogo, é preciso derrotar a política econômica de Bolsonaro e do seu ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem levado ao aumento do desemprego, da fome e da pobreza.

Para acabar com o aumento dos preços e garantir que os trabalhadores tenham condições de se alimentar e comprar os itens necessários à sobrevivência, é preciso enfrentar os ricos, que ganham muito dinheiro com a miséria da população trabalhadora. No Brasil, durante toda a pandemia, os pobres ficaram mais pobres, e os ricos ficaram mais ricos. Se o governo taxasse em 40% as fortunas dos bilionários, daria para garantir o auxílio emergencial até o final da pandemia para todos que precisam.

Outra medida a ser tomada é o congelamento dos preços de alimentos e itens básicos de higiene e limpeza, de tarifas como a água e energia, além de reajustar o salário mínimo.

Quanto ao preço de itens importantes como o gás de cozinha e combustíveis, é possível produzi-los pela metade do preço que é comercializado hoje. Para isso, é preciso investir e fortalecer a Petrobras, contudo, a política tem sido de desmonte e de entrega da maior empresa estatal ao capital estrangeiro.

A luta contra o aumento do preço do gás de cozinha e dos combustíveis tem de ser acompanhada pela defesa da Petrobras 100% pública e estatal, controlada pelos trabalhadores. Só assim teremos uma empresa que vai atender às necessidades da população brasileira, e não os interesses do mercado capitalista e das multinacionais parasitas que sugam e roubam nossas riquezas.

Precisamos ligar a luta por essas medidas concretas à auto-organização dos trabalhadores, a partir de baixo, para derrubar esse governo reacionário e entreguista. Por isso, a luta pelo fora Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes é para hoje. Esperar as eleições é pactuar com o sofrimento imposto aos trabalhadores e o povo pobre.