Ato em frente ao CDD (Central de Distribuição Domiciliar) de São Gonçalo, Rio de Janeiro. 9 de set. 2020

Daniel Macedo, do Rio de Janeiro (RJ)

Os trabalhadores dos Correios estão fazendo história na luta contra os planos entreguistas de privatização de Bolsonaro/Mourão e Paulo Guedes. O exemplo dessa greve aponta o caminho da luta para o conjunto da classe trabalhadora brasileira, que vê seus direitos sendo violentamente atacados a cada dia que passa. Apesar de toda a covardia do General Floriano Peixoto (presidente dos Correios) e da direção da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), que seguem querendo arrancar 70 das 79 cláusulas do acordo coletivo, e que impuseram cortes de salário aos grevistas, a paralisação dos trabalhadores segue forte e com grande adesão em todo o país.

O julgamento do dissídio foi marcado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) para o próximo dia 21/09. Nós não podemos depositar qualquer confiança nesse tribunal patronal, que já atacou os ecetistas diversas vezes, inclusive na questão do Plano de Saúde, cortando esse direito de vários trabalhadores e seus familiares. É hora de fortalecer e cercar de solidariedade ainda mais essa importante luta em defesa dos direitos e contra a entrega dos Correios. Além dos ataques que ameaçam essa importante categoria profissional, que está enraizada profundamente no cotidiano dos brasileiros, a privatização irá restringir o acesso do povo pobre do nosso país aos serviços postais.

Em meio à pandemia, com mais de 120 trabalhadores dos Correios mortos em virtude contaminação pela Covid-19, tem sido enorme o faturamento dos desta empresa por meio do e-commerce (comércio de Internet). Somente em 2019, o lucro atingido passou de R$ 102 milhões. Empresas estrangeiras, como a norte-americana Amazon e a alemã DHL, também vêm multiplicando seus lucros, a ponto do dono da Amazon ter se tornado, durante a pandemia, a pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna superior a R$ 1 trilhão. O plano desse governo genocida é entregar os Correios na mão dos tubarões do mercado postal e destruir uma empresa tricentenária que atua em todos os 5.570 municípios integrando o Brasil.

Ato em frente ao Centro Cultural dos Correios em Niterói, Rio de Janeiro. Set. 2020

É necessário que o conjunto da classe trabalhadora tome essa luta como sua. A CSP-Conlutas está convocando o conjunto das centrais sindicais a se somarem e dedicarem todos os seus esforços nessa mobilização, participando dos atos que ocorrerão em todos os estados, no próximo dia 17/09 (quinta-feira) e no Ocupa Brasília, no dia 21/08, quando ocorrerá o julgamento do dissídio no TST.

Unidade Nacional dos Trabalhadores na Caravana a Brasília

No sentido de ampliar a luta e pressionar os parlamentares e juízes, os trabalhadores dos Correios de todo o Brasil farão no 21/09 uma grande caravana unitária da greve, em Brasília. É o momento de cada sindicato da categoria discutir em suas bases, ainda que com todas as precauções que a pandemia nos exige, o envio de caravanas de trabalhadores pra organizarmos a resistência na capital do país. Fundamental também a representação das centrais sindicais, bem como dos diversos sindicatos e movimentos sociais.

Estamos em um momento da luta que não é permitido recuos e vacilações das direções do movimento. É tudo ou nada. Por isso, é fundamental que a Fentect/CUT (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) e a Findect/CTB (Federação Interestadual dos Empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) junto aos grandes sindicatos do país se joguem com tudo nessa tarefa. Os sindicatos do Rio de Janeiro e São Paulo devem estar à frente dessa luta, a exemplo dos atos que têm sido realizados em Minas Gerais, só que dessa vez ocorrerão em Brasília, em uma grande jornada de luta da Greve.

Os trabalhadores é quem devem controlar os Correios

O governo Bolsonaro loteou os cargos de gestão na empresa, ele colocou militares da reserva que já ganham e acumulam altos salários. Defendemos eleições diretas das chefias das unidades, pelos trabalhadores, desde os supervisores até ao presidente da ECT, com mandatos revogáveis a qualquer momento.

É urgente e necessário que os Correios, assim como todas as empresas que existem no país, sejam elas públicas ou não, passem a ser controladas pelos trabalhadores. Precisamos tirar lições das ações de ocupações na greve de Correios, como ocorreu em Indaiatuba (SP), Curitiba (PR), Salvador (BA) e Brasília (DF).

No entanto, somente com um governo socialista dos trabalhadores, será possível o controle operário da ECT.

Ato dos trabalhadores dos Correios em Campinas, São Paulo. Set. 2020

Campanha de solidariedade aos grevistas

Por fim, como temos destacado, vivemos um momento de grande crise social, sanitária e econômica. A política genocida de Bolsonaro/ Mourão e do ultraliberal Paulo Guedes, além de levar mais de 130 mil mortes pela Covid-19 no país, sendo mais de uma centena nos Correios, cortou o vale alimentação e o salário dos grevistas. E, enquanto isso, os trabalhadores veem os preços dos alimentos subindo cada vez mais.

A CSP-Conlutas está articulando uma grande campanha de solidariedade aos guerreiros e guerreiras de todo o país que estão na linha de frente dessa greve. Para isso será necessário o apoio de todas as centrais sindicais, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), se somando nesse esforço. A unidade fundamental para derrotar a extrema-direita genocida, deverá envolver o conjunto dos movimentos sociais e sindicatos, em solidariedade aos grevistas que enfrentam essa grande batalha.