
Daniel Macedo, do Rio de Janeiro (RJ)
Os trabalhadores dos Correios estão fazendo história na luta contra os planos entreguistas de privatização de Bolsonaro/Mourão e Paulo Guedes. O exemplo dessa greve aponta o caminho da luta para o conjunto da classe trabalhadora brasileira, que vê seus direitos sendo violentamente atacados a cada dia que passa. Apesar de toda a covardia do General Floriano Peixoto (presidente dos Correios) e da direção da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), que seguem querendo arrancar 70 das 79 cláusulas do acordo coletivo, e que impuseram cortes de salário aos grevistas, a paralisação dos trabalhadores segue forte e com grande adesão em todo o país.
O julgamento do dissídio foi marcado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) para o próximo dia 21/09. Nós não podemos depositar qualquer confiança nesse tribunal patronal, que já atacou os ecetistas diversas vezes, inclusive na questão do Plano de Saúde, cortando esse direito de vários trabalhadores e seus familiares. É hora de fortalecer e cercar de solidariedade ainda mais essa importante luta em defesa dos direitos e contra a entrega dos Correios. Além dos ataques que ameaçam essa importante categoria profissional, que está enraizada profundamente no cotidiano dos brasileiros, a privatização irá restringir o acesso do povo pobre do nosso país aos serviços postais.
Em meio à pandemia, com mais de 120 trabalhadores dos Correios mortos em virtude contaminação pela Covid-19, tem sido enorme o faturamento dos desta empresa por meio do e-commerce (comércio de Internet). Somente em 2019, o lucro atingido passou de R$ 102 milhões. Empresas estrangeiras, como a norte-americana Amazon e a alemã DHL, também vêm multiplicando seus lucros, a ponto do dono da Amazon ter se tornado, durante a pandemia, a pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna superior a R$ 1 trilhão. O plano desse governo genocida é entregar os Correios na mão dos tubarões do mercado postal e destruir uma empresa tricentenária que atua em todos os 5.570 municípios integrando o Brasil.

É necessário que o conjunto da classe trabalhadora tome essa luta como sua. A CSP-Conlutas está convocando o conjunto das centrais sindicais a se somarem e dedicarem todos os seus esforços nessa mobilização, participando dos atos que ocorrerão em todos os estados, no próximo dia 17/09 (quinta-feira) e no Ocupa Brasília, no dia 21/08, quando ocorrerá o julgamento do dissídio no TST.
Unidade Nacional dos Trabalhadores na Caravana a Brasília
No sentido de ampliar a luta e pressionar os parlamentares e juízes, os trabalhadores dos Correios de todo o Brasil farão no 21/09 uma grande caravana unitária da greve, em Brasília. É o momento de cada sindicato da categoria discutir em suas bases, ainda que com todas as precauções que a pandemia nos exige, o envio de caravanas de trabalhadores pra organizarmos a resistência na capital do país. Fundamental também a representação das centrais sindicais, bem como dos diversos sindicatos e movimentos sociais.
Estamos em um momento da luta que não é permitido recuos e vacilações das direções do movimento. É tudo ou nada. Por isso, é fundamental que a Fentect/CUT (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) e a Findect/CTB (Federação Interestadual dos Empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) junto aos grandes sindicatos do país se joguem com tudo nessa tarefa. Os sindicatos do Rio de Janeiro e São Paulo devem estar à frente dessa luta, a exemplo dos atos que têm sido realizados em Minas Gerais, só que dessa vez ocorrerão em Brasília, em uma grande jornada de luta da Greve.
Os trabalhadores é quem devem controlar os Correios
O governo Bolsonaro loteou os cargos de gestão na empresa, ele colocou militares da reserva que já ganham e acumulam altos salários. Defendemos eleições diretas das chefias das unidades, pelos trabalhadores, desde os supervisores até ao presidente da ECT, com mandatos revogáveis a qualquer momento.
É urgente e necessário que os Correios, assim como todas as empresas que existem no país, sejam elas públicas ou não, passem a ser controladas pelos trabalhadores. Precisamos tirar lições das ações de ocupações na greve de Correios, como ocorreu em Indaiatuba (SP), Curitiba (PR), Salvador (BA) e Brasília (DF).
No entanto, somente com um governo socialista dos trabalhadores, será possível o controle operário da ECT.

Campanha de solidariedade aos grevistas
Por fim, como temos destacado, vivemos um momento de grande crise social, sanitária e econômica. A política genocida de Bolsonaro/ Mourão e do ultraliberal Paulo Guedes, além de levar mais de 130 mil mortes pela Covid-19 no país, sendo mais de uma centena nos Correios, cortou o vale alimentação e o salário dos grevistas. E, enquanto isso, os trabalhadores veem os preços dos alimentos subindo cada vez mais.
A CSP-Conlutas está articulando uma grande campanha de solidariedade aos guerreiros e guerreiras de todo o país que estão na linha de frente dessa greve. Para isso será necessário o apoio de todas as centrais sindicais, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), se somando nesse esforço. A unidade fundamental para derrotar a extrema-direita genocida, deverá envolver o conjunto dos movimentos sociais e sindicatos, em solidariedade aos grevistas que enfrentam essa grande batalha.