Luciana Candido
Em 25 de janeiro de 1882, exatos 135 anos atrás, nascia, em Londres, Adeline Virgínia Stephen, que seria uma das maiores romancistas e ensaístas de nosso tempo. Virginia Woolf foi como foi imortalizada. O sobrenome veio do casamento com Leonard Woolf, com quem fundou a editora Hogarth Press.
Certamente, sua posição privilegiada na sociedade lhe facilitou o acesso ao círculo dos movimentos modernistas. Seu pai, Leslie Stephen, foi o primeiro editor do Dicionário de Biografias Nacional e era parte da aristocracia vitoriana de Londres da época. Certa vez, ela mesma disse que “uma mulher deve ter dinheiro e um teto todo seu se ela quiser escrever ficção”. Virginia não frequentou escolas. Sua educação foi por professores particulares. Por conta disso, leu e escreveu compulsivamente para compensar o fato de, em suas palavras, não ter “uma verdadeira educação”.
Ela não foi só uma escritora, o que já seria bastante. Virginia elaborou sobre literatura. Do ponto de vista da escrita, seguia a técnica do fluxo de consciência, em que o pensamento dá personagem é entrecortado por reflexões, impressões pessoais e pensamentos das personagens, foi um ícone do movimento modernista, rompendo de vez com a era vitoriana.
A literata teve o mérito de conseguir se inserir num universo quase totalmente masculino e elitizado, contribuindo para uma representação feminina nos círculos intelectuais da época com repercussão até hoje. Dilemas das mulheres, como sexualidade e relacionamentos proibidos (lésbicos ou com homens da classe operária, considerada inferior), são temas frequentes em sua obra.
Virginia sofria de doença maníaco-depressiva (atualmente, Transtorno Afetivo Bipolar). Seu primeiro surto aconteceu aos 13 anos quando sua mãe morreu. Especula-se sobre o que teria sido o gatilho que fez manifestar a doença. Uma das hipóteses é explicada pela genética. Outra, que teria sofrido abuso sexual por parte de dois de seus meio-irmãos. Ao longo de sua vida, conviveu com a doença que lhe causou grande sofrimento. Aos 22 anos, tentou se matar pulando do seguro do andar de um hospital onde estava internada por problemas psiquiátricos, mas saiu ilesa.
Posições políticas
Embora não tenha se destacado como ativista, exceto pelo apoio declarado ao movimento feminista, teve alguma atuação política. Fato pouco conhecido, ela era membro da Fabian Society, um movimento que lutava pelo “socialismo democrático”. Em 1941, sua casa foi destruída, em Londres, na Segunda Guerra Mundial. Ela e seu marido Leonard tinham um pacto que, caso os nazistas vencessem a guerra, eles se suicidariam juntos. Leonard era judeu.
Mas Virginia não viu os nazistas perderem a guerra. Com então 59 anos, não teve mais forças, e a depressão a venceu. No dia 28 de março de 1941, escreveu uma carta a Leonard, encheu os bolsos do casaco com pedras e entrou no Rio Ouse onde se afogou. Ela disse que sua morte seria “a única experiência que não conseguiria descrever”.
Obra
Virginia Woolf é considerada a maior romancista lírica de língua inglesa. Sua carreira começou escrevendo artigos. Seu primeiro livro foi publicado em 1915, “A Viagem”. Dentre suas obras mais conhecidas, estão “Mrs. Dalloway”, “Orlando”, “As Ondas”, entre outras. A maior parte de sua obra foi produzida no período entre guerras mundiais.