Barack Obama com Rick Wagner, ex-presidente da GM
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Estados financiam reestruturação e demissões nas montadorasPara forçar um novo ciclo de crescimento, o sistema capitalista necessita queimar capital e descarregar o peso da crise sobre os trabalhadores. Fábricas vão ficar paradas ou já estão sendo fechadas. Trabalhadores serão demitidos. Vai aumentar a exploração através do rebaixamento salarial e do aumento do ritmo de trabalho, ou seja, “fazer mais com menos”.

Já ocorreram milhares de demissões na indústria automobilística e outras dezenas de milhares estão sendo programadas. Neste momento, há fechamento de fábricas, redução salarial e eliminação de planos de saúde e aposentadorias nos EUA e no Canadá, demissão de todos os temporários e imigrantes no Japão, fechamento de fábricas na Europa, demissões de trabalhadores e suspensão dos contratos de trabalho no Brasil e na Argentina.
É nesta hora que o Estado aparece como verdadeiro comitê central dos interesses da burguesia, e os governos injetam cifras bilionárias para salvar as empresas.

Obama e a “nacionalização” da GM
Desde o ano passado, tanto a Chrysler quanto a GM estavam virtualmente falidas. O governo Obama injetou US$ 5 bilhões na Chrysler e US$ 15,4 bilhões na GM, que se somam agora aos US$ 30,1 bilhões com a concordata (mais US$ 9,5 bilhões do governo canadense).

Em troca, Obama exigiu um plano de reestruturação das empresas que incluísse fechamento de fábricas, demissões de trabalhadores, redução dos salários e diminuição dos benefícios (planos de saúde) para viabilizar a empresa. O plano da GM implica em 21 mil demissões, reduzindo em um terço sua força de trabalho nos EUA, com menos US$ 2,6 bilhões no custo do trabalho. Há também o fechamento de 13 fábricas até 2010 e mais três até 2012, além do fechamento de 2.600 concessionárias. O plano contempla ainda a oferta de US$ 27 bilhões em títulos de dívida em ações.

A concordata não é ainda uma falência. Significa reconhecer que a empresa não tem condições de arcar com suas dívidas e ganhar um tempo para reorganizar suas contas nos tribunais a fim de evitar a falência. Depois de dois ou três meses, virá o plano definitivo.

O governo Obama está assumindo 72% das ações da empresa. Essa nacionalização pela direita é uma demonstração da incapacidade do capitalismo: o que foi a principal empresa industrial do mundo precisa ser assumida pelo Estado para evitar sua falência. Evidentemente, essa nacionalização é uma forma de salvar os proprietários atuais da GM e preparar uma volta da empresa para mãos privadas. Não se trata, portanto, de uma medida de Obama contra a propriedade privada, mas de uma operação extrema em sua defesa (tendo de negá-la provisoriamente pela magnitude da crise), socializando os prejuízos para salvar os proprietários e o capitalismo norte-americano de conjunto.

Por outro lado, a GM tem uma dívida de US$ 20 bilhões até 2010 com o UAW (sindicato nacional dos trabalhadores do setor automobilístico e aeroespacial dos EUA), que também teria 50% de seu total revertido em ações. Isso daria à UAW 17,5% das ações da GM e integraria a burocracia sindical à burguesia, como parte da patronal, numa mudança qualitativa da situação do sindicato.

Fusões
A Opel, unidade da GM na Alemanha, foi vendida para a empresa canadense Magna, a montadora russa Gaz e o banco russo Sberbank. Parte das negociações sobre a GM são seus negócios da GM na América Latina, África e Oriente Médio, o que inclui as plantas instaladas no Brasil.

No último mês, a Fiat iniciou uma parceria com a Chrysler que pode garantir a sua entrada no mercado americano. Nessa fusão, que foi uma condição do governo Obama para qualquer nova ajuda financeira à Chrysler, a Fiat não vai pagar nada. Com o acordo, ela obtém 20% das ações da Chrysler e oferece investimentos em pesquisa, projetos e desenvolvimento para a produção de novos veículos no futuro.

A participação chegará a 35% das ações, caso a Chrysler consiga sair da concordata e evitar a falência. O restante das ações pertencerá ao governo americano e ao fundo de assistência sindical saúde do UAW. Segundo a direção da Fiat, seu objetivo é chegar a uma produção global de mais de 5,5 milhões de veículos para garantir a sobrevivência no futuro.

Post author Luiz Carlos Prates “Mancha”, da Direção Nacional do PSTU
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