Cláudio Donizete, do ABC Paulista
A noticia chegou até nós por iniciativa de ativistas em denunciar a plataforma da Google de aplicativos (PlayStore), em oferecer aos seus usuários um “jogo de entretenimento” bizarramente chamado de “Simulador de Escravidão”, oferecido e monetizado pela plataforma sob o desenvolvimento de uma empresa de jogos sediada em Kuala Lampur, Malásia. O Google só retirou o aplicativo do ar após a ampla repercussão e indignação, o que não o exime de ter permitido que esse absurdo fosse disponibilizado em sua plataforma.
Nesse suposto jogo, quando baixado o aplicativo, permite você gerenciar e ser proprietário de escravos, podendo comprar, vender e até açoitar nos diversos estágios de avanço dos absurdos desse “jogo”. Veja trechos do tutorial bizarro:
“Simulador de proprietário de escravos no Android. Troque seus escravos, compre e venda-os. Extraia lucro de seu trabalho, evite rebeliões e fugas.”
“O melhor simulador de proprietários de escravos e comércio de escravos. Este jogo foi criado para fins de entretenimento.”
“Neste jogo você será capaz de:
- Comércio de escravos no mercado. Compre e venda escravos. Os preços estão em constante mudança.
- Gerencie seus escravos. Mude suas condições de vida, contrate seguranças e treine-os.
- Proteja seus escravos para evitar que escapem e se levantem.
- Faça negócios, atribua escravos a diferentes empresas para trabalhar e gerar renda.
- Explorar novas tecnologias para aumentar a renda e outras características.”
“Escolha um dos dois objetivos no início do simulador do proprietário de escravos: o Caminho do Tirano ou o Caminho do Libertador. Torne-se um rico proprietário de escravos ou consiga a abolição da escravidão. Tudo está em suas mãos.”
“Neste simulador de escravidão, existem 3 tipos de escravos: trabalhadores, gladiadores e escravos de prazer. Compre e venda-os. Cada escravo é adequado para um determinado negócio. Treine seus escravos para aumentar seu nível de maestria e renda.”
Racistas se alimentam e desenvolvem seu ódio em colaboração da Google
Tudo isso é para a Google ofertar mais um produto em sua loja de aplicativos, sem nenhum constrangimento, monetizando os desenvolvedores (MagnusGames) e expandidndo seus negócios de entretenimento com a recreação da escravidão humana aos racistas de plantão. E que utilizam abertamente as redes sociais, e agora a plataforma de aplicativo da Google, para destilar todo seu racismo, ódio e a discriminação. É só ver alguns comentários sobre o “jogo” na própria plataforma, que printamos abaixo:
Racistas somente não passarão com a ação e um programa revolucionário
Na semana em que nos deparamos com os ataques racistas feitos a Vinicius Jr., jogador do Real Madrid e da seleção brasileira, e a ampla repercussão do caso, principalmente ao repúdio popular e mundial a mais esse crime racista, não podemos seguir sem reação imediata e proporcional a esse caso dos aplicativos da Google.
Essa difusão alimenta o genocídio negro no Brasil e no mundo, alimenta a violência racial, o feminicídio, a violência sexual, a xenofobia e tantos outros crimes de ódio à nossa classe. Não podemos achar que é mais um episódio solto nas redes sociais e na Internet, pois revela mais do que imaginamos e acontece nas redes e plataformas, que tem bilhões de usuários, faturam bilhões de dólares em cima da manutenção do racismo e da escravidão de forma recreativa e abominável a qualquer sentido do desenvolvimento da humanidade.
Essa barbárie que o capitalismo tenta normatizar não pode deixar de ser combatida plenamente pelas organizações do movimento e denunciar estrategicamente o capitalismo e sua decadência e insuficiência em oferecer dias melhores ao nosso povo. Esse debate é como superar estrategicamente esse podre sistema por uma nova forma de sociedade e na construção do socialismo urgentemente aos negros e não negros da classe trabalhadora e sua juventude.