A crescente dificuldade do imperialismo e Israel para derrotar a resistência palestina os levou a impulsionar, em 1993, os Acordos de Oslo. Neles, a organização Al Fatah e a OLP, até então direção indiscutível do povo palestino, reconheceram a existência do Estado de Israel e legalizaram sua usurpação da maioria do território palestino. Assim, abandonaram e traíram a luta de seu povo. Em troca, receberam a promessa de permitir no futuro um Estado palestino e a criação imediata, em Gaza e na Cisjordânia, da ANP (Autoridade Nacional Palestina). Tratava-se, na realidade, de pequenos territórios isolados, similares aos bantustões sul-africanos da época do apartheid.
Em 2006, a organização Hamas ganhou as eleições da ANP. Seu triunfo deveu-se a ter ainda em seu programa a proposta do fim do Estado de Israel e o chamado a lutar contra ele. A vitória eleitoral do Hamas pôs em crise a política dos Acordos de Oslo e mostrou o repúdio majoritário dos palestinos a eles. Também evidenciou o profundo desgaste da direção do Mahmud Abbas e Al Fatah, transformada agora em agente incondicional de Israel e o imperialismo.
Apesar das tentativas conciliadoras do Hamas, que chamou a formação de um governo de unidade nacional com a Al Fatah, em meados de 2007, a situação culminou em enfrentamentos abertos entre ambas as forças e um golpe de Estado organizado por Abbas para deslocar o Hamas e tomar o controle total do governo. A reação das massas de Gaza impulsionou o Hamas a expulsar desse território o aparato militar de Abbas e a polícia da Al Fatah. Foi um grande triunfo das massas palestinas, pois libertaram Gaza do controle de Israel e seus agentes, transformando-a, de fato, em um território palestino independente, ainda que em condições muito difíceis.
Derrotar Gaza a qualquer preço
Essa situação era totalmente intolerável para um Estado como Israel, que começou uma ação combinada de ataques militares para destruir sua infra-estrutura de geração de eletricidade e fornecimento de água, e depois com bombardeios sobre a população civil, e um bloqueio para impedir o ingresso de alimentos, medicamentos e combustíveis. Teriam que derrotar a qualquer custo a resistência do povo de Gaza e obrigá-lo a render-se.
A extrema crueldade dessa política israelense, seu bloqueio e seus ataques genocidas, não são mais que a continuidade dos numerosos crimes que os sionistas cometeram nos 60 anos de existência de Israel. Algo que recorda, em vários aspectos, o que os nazistas fizeram contra os judeus durante a II Guerra Mundial, especialmente na criação do Gueto de Varsóvia que, em 1943, se levantou contra a ocupação nazista. Inclusive, um ministro do governo israelense chegou a dizer em promover um holocausto em Gaza.
Mas se o levante do Gueto de Varsóvia foi violentamente abafado, a resistência das massas de Gaza se mantém com toda força. Meses atrás, chegaram a derrubar os muros de uma parte da fronteira com o Egito e obrigaram o governo deste país (a ditadura pró-imperialista de Hosni Mubarak), a deixar passar, por um tempo, a população palestina para que se abastecesse de comida e medicamentos. Ao mesmo tempo, essa resistência também mantém um ataque com mísseis caseiros sobre o território israelense e consegue enfrentar algumas incursões das forças militares sionistas.
Post author Liga Internacional dos Trabalhadores Quarta Internacional (LIT-QI)
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