A única solução segue sendo uma Palestina única, laica, democrática e não-racistaA LIT-QI reivindica que a única solução real para a situação de permanente conflito da região é a construção de uma Palestina laica, democrática e não-racista, bandeira da fundação da OLP, nos anos 1970.
Opomo-nos à proposta da ONU de dois Estados, um judeu e outro palestino, reivindicada, por várias organizações de esquerda. Em primeiro lugar, tal Estado palestino, limitado à Faixa de Gaza e a uma parte da Cisjordânia, não teria nenhuma possibilidade real de autonomia econômica ou política. A aceitação desse mini-Estado significaria negar o direito de retorno a sua pátria dos milhões de refugiados, já que suas casas e terras expropriadas permaneceriam em Israel. Do ponto de vista militar, esse pequeno Estado viveria rodeado de uma permanente ameaça de agressão por parte de um inimigo armado até os dentes.
A essa Palestina unida, laica, democrática e não racista, sem muros nem campos de concentração, poderiam retornar os milhões de refugiados expulsos de sua terra e recuperariam seus plenos direitos os milhões que permaneceram e hoje são oprimidos.
Também poderão permanecer nela todos os judeus que estejam dispostos a conviver com paz e com igualdade. Nesse sentido, chamamos os trabalhadores e o povo israelense a somar-se a essa luta contra o Estado racista e policial de Israel.
Mas a construção dessa Palestina unida, baseada na recuperação de seu território histórico, tem seu principal obstáculo na existência do Estado de Israel. Por isso, a LIT-QI afirma que não haverá paz no Oriente Médio nem uma verdadeira solução para o povo palestino até que se derrote definitivamente e destrua o Estado de Israel. Quer dizer, até que o câncer imperialista que corrói a região seja extirpado de modo definitivo. Qualquer outra solução significa a sobrevivência do câncer e a continuação de sua ação letal e destrutiva. Essa tarefa histórica, equivalente ao que foram a destruição do Estado nazista alemão ou do Estado do apartheid sul-africano, está hoje na ordem do dia.
Ao mesmo tempo, a LIT-QI afirma que a luta por uma Palestina laica, democrática e não racista é uma parte fundamental das lutas das massas árabes e um passo na construção de uma Federação Socialista das Repúblicas Árabes.
É possível derrotar Israel
Até alguns anos, a tarefa de derrotar Israel parecia impossível, depois de suas contundentes vitórias militares até 1973. Essa foi a desculpa que utilizaram muitos governos árabes e a direção da Al Fatah para justificar sua capitulação a Israel e a traição à causa palestina.
Sabemos que a luta contra uma usurpação colonial sempre é muito dura. Por exemplo, a independência da Argélia demandou anos de rebelião popular, ações guerrilheiras e uma campanha mundial de apoio para conseguir alcançar a vitória.
Mas a realidade mudou muito desde 1973: as duas intifadas palestinas e a retirada do Líbano, em 2000, foram os primeiros sintomas de sua fraqueza. De modo muito mais evidente, a derrota das tropas sionistas no Líbano frente à resistência encabeçada pelo Hizbollah, em 2006, pôs a derrota e o fim do Estado de Israel como uma tarefa possível e presente.
Ao mesmo tempo, a imagem mundial do sionismo como um movimento progressista e, inclusive, socialista, parte-se em pedaços, mostrando seu verdadeiro caráter. A destruição causada no Líbano e a ação genocida em Gaza fizeram com que cada vez mais intelectuais e setores médios, que antes simpatizavam com Israel, agora o critiquem e denunciem com dureza. Isso permitiu campanhas de boicote muito fortes, como na Inglaterra, e ações bem sucedidas, na Espanha, contra concertos de músicos promovidos por Israel. O isolamento do sionismo é cada vez maior no mundo, especialmente nos setores operários e nos movimentos sociais.
Essa fraqueza, também se dá no marco de uma crescente crise da política de Bush na região (a guerra contra o terror), causada pelas guerras no Iraque e Afeganistão, profundamente questionadas dentro dos EUA. Israel é uma peça chave do dispositivo imperialista no Oriente Médio e, como tal, será defendido até as últimas instâncias pelos EUA. Mas essa situação de conjunto abre um novo momento na região, inclusive no terreno militar.
Uma fraqueza que também se expressou na reação da população israelense e a profunda crise política que se abriu no país. Pela primeira vez, o exército sionista saiu claramente derrotado e desgastado por seu fracasso, pondo em dúvida sua fama de invencível.
O apoio da população egípcia aos palestinos que buscavam abastecer-se e a impossibilidade do exército egípcio de reprimi-los; a utilização de táticas e armas como as usadas com êxito pelo Hizbollah no Líbano, por parte dos grupos da resistência palestina em Gaza, mostram que a situação torna-se mais aguda em toda a região.
Esses fatos colocam como possível a tarefa histórica de derrotar o Estado racista de Israel, 60 anos após sua criação. A condição para isso é o desenvolvimento de uma luta política e militar unificada do povo palestino e do conjunto das massas árabes e muçulmanas. A LIT-QI compromete todas as suas forças em apoio a essa a essa tarefa.
CRONOLOGIA:
1948 Expulsão com métodos terroristas de 800 mil palestinos. Guerra contra nações árabes
1956 Guerra contra o Egito, que havia nacionalizado o canal de Suez (aliança secreta com França e Grã Bretanha)
1967 Guerra dos 6 dias contra nações árabes: ocupação militar de Gaza, Cisjordânia, colinas do Golã (Síria) e península do Sinai (Egito)
1973 Guerra do Iom Kippur contra nações árabes
1982 Invasão e ocupação do sul do Líbano, Dderrotado depois de vários anos, Israel se retiraria oficialmente em 2000
1987-1989 Repressão da Primeira Intifada (Gaza)
1991 Ataque aéreo ao Iraque (Primeira Guerra do Golfo)
2000 Repressão à Segunda Intifada (Gaza)
2006 Segunda invasão do Líbano. Israel é derrotado pela resistência do Hizbollah
2006-2008 Ameaça de ataques aéreos relâmpagos ao Irã
2007-2008 Ataques militares e bloqueio a Gaza
Post author Liga Internacional dos Trabalhadores Quarta Internacional (LIT-QI)
Publication Date