No último dia 25 de agosto foi divulgado pela Quacquarelli Symonds um novo ranking das melhores universidades da América Latina. Neste estudo, a Universidade Federal do Rio de Janeiro foi apontada como a melhor universidade federal do país.

A posição alcançada pela UFRJ levou em consideração a quantidade de publicações científicas produzidas pela universidade e seu impacto no meio acadêmico, bem como a reputação. Neste sentido, a universidade se destaca principalmente pela quantidade e qualidade das produções científicas ali produzidas.

No entanto, é preciso analisar a realidade das universidades públicas para além da sua pesquisa e produção científica e, ainda mais importante, quais os seguimentos da sociedade estão envolvidos na produção de ciência e na formação de nível superior nas universidades públicas de um modo geral.

O funil existente no SISU que vai determinar quem acessa e quem não acessa universidades de ponta, como a UFRJ, são um dos primeiros impeditivos de democratização e ampliação do acesso ao ensino superior gratuito e de qualidade. Os filhos da classe trabalhadora muitas vezes estão nas escolas onde o ensino é mais deficitário e onde menos se tem estrutura para garantir uma formação que permita passar no Enem. Fora todas as dificuldades de vida que atrapalham toda a vida escolar da juventude pobre e trabalhadora.

Além da peneira do acesso, o filtro da permanência é mais uma barreira. Manter os custos de um curso superior, muitas vezes combinando com a rotina de trabalho e tendo uma grade integral faz com que muitos tenham que abandonar a formação durante o processo.

Mas, como o que é ruim sempre pode piorar, durante o decorrer deste último ano vimos todo o aprofundamento de ataques às universidades, principalmente em relação à redução do orçamento. Na prática, diversas universidades federais, incluindo a UFRJ, correm risco real de ter que encerrar as atividades. Isso significa um maior abismo entre quem pode e quem não pode acessar o ensino superior e por tabela é um ataque a pesquisa e a produção de conhecimento produzida hoje no Brasil.

É fundamental garantir verba para o ensino, pesquisa e extensão nas universidades públicas e, mais do que nunca, com a pandemia e piora das condições de vida, ter medidas de permanência efetivas para que os poucos jovens trabalhadores que ainda entram nas universidades públicas possam permanecer nelas. Também é imprescindível lutar pelo acesso universal a todos os jovens da classe trabalhadora que queiram cursar o nível superior, sem Sisu e sem vestibular, que na prática são peneiras que removem os mais pobres das universidades.