Em três grandes protestos, estudantes quebram ônibus e param a cidadeA cidade de Teresina (PI) vem sendo palco de uma heróica luta dos estudantes secundaristas e universitários. O motivo foi o aumento, no dia 1º de março, da tarifa de ônibus, de R$ 1,35 para R$ 1,50. Três mobilizações já ocorreram na cidade, com milhares de estudantes. Na maioria delas tem ocorrido enfrentamentos com paralisação do tráfego, quebra-quebra e confronto com a polícia. Já são mais de 10 ônibus quebrados (um incendiado no campus da Universidade Federal do Piauí), seis estudantes presos e um ferido na cabeça. As mobilizações são organizadas pelo Fórum em Defesa de um Transporte Coletivo de Qualidade.
A primeira mobilização aconteceu no dia 30 de março, com cerca de mil estudantes, a maioria secundaristas. Participaram também vários sindicalistas, entre eles os da Conlutas. Da praça do Fripisa até a prefeitura, estudantes cantavam palavras de ordem contra o aumento: um, dois, três, quatro, cinco, mil, o bolso do meu pai não é o banco do Brasil. A passeata terminou em frente à sede da prefeitura, com um ato em repúdio ao aumento. Aquele era o primeiro sinal de que o luta poderia seguir em frente.
No dia 4 de abril, os estudantes voltaram às ruas, agora com mais radicalidade. Quase no início da passeata, três ônibus foram apedrejados. A tentativa da PM de evitar o quebra-quebra não deu em nada. Pela primeira vez desde a ditadura militar, a PM atirou em uma mobilização estudantil em Teresina. Seguindo, a passeata obstruiu todo o Centro da cidade de onde os motoristas fugiam com os ônibus para não encontrar o engarrafamento nem a passeata. Mas foi inevitável. O dia já escurecendo, os estudantes não aceitaram o fim do movimento e mais ou menos 500 deles saíram fazendo piquetes nas maiores concentrações de paradas de ônibus do centro da cidade. Novos enfrentamentos com a polícia, novos quebra-quebras. A PM, controlada pelo governo Welington Dias (PT), têm servido como principal escudo dos empresários. Para conter esse piquete, os policiais utilizaram bastante violência e prenderam seis estudantes.
No dia 7, foi a vez da mobilização na UFPI. Um arrastão levou centenas de estudantes para as ruas do campus. O trânsito foi obstruído e o primeiro ônibus parado pelo piquete foi apedrejado e incendiado pelos estudantes.
Outro importante ato foi no dia seguinte, em um bairro importante da cidade, o Parque Piauí, onde quase 800 estudantes participaram de uma passeata contra o aumento.
Fórum de lutas
O Fórum em Defesa do Transporte Coletivo de Qualidade tem organizado as mobilizações. Este fórum é formado pelos sindicatos de rodoviários, servidores municipais, comerciários, pela Conlutas, Conlute, DCE-UFPI e pelo movimento popular. Para Gervásio Santos, da executiva estadual da Conlutas, o fórum tem cumprido um papel fundamental quando reúne e unifica vários segmentos em torno da bandeira do transporte coletivo. A luta contra o aumento tem seguido, graças a essa unidade. A tentativa agora é estender a luta para os bairros populares.
UMES, UBES e UNE fogem da luta
Depois que os estudantes começaram a radicalizar, a direções dessas entidades abandonaram a luta contra o aumento. Agora, limitam-se a dizer nos meios de comunicação que os quebra-quebras não fazem parte da luta contra o aumento e que são ações isoladas de grupos alheios ao movimento. Nem mesmo às reuniões do Fórum estão mais freqüentando. Os estudantes começaram a perceber a fuga dos pelegos do PCdoB. A verdade é que eles estão contra que a luta seja consequente. Mais uma prova de que essas entidades não representam mais os interesses da juventude.
CONLUTE inicia campanha pelo passe-livre
A Coordenação de Luta dos Estudantes (Conlute), durante todas essas mobilizações, tem discutido e divulgado a proposta da luta pelo passe-livre. Surpreendentemente, as palavras de ordem são bem aceitas e os estudantes já começaram a cantar: Boi, boi, boi, boi da cara preta se não tem o passe-livre nós pulamos a roleta. Tudo indica que agora as condições de luta por essa bandeira avançaram e muito.